Em meio a protestos, Carrefour anuncia que não comprará carne de países do Mercosul

O Carrefour da França anunciou que não comprará mesocarpo proveniente dos países do Mercosul. A decisão foi comunicada nesta quarta-feira, 20, pelo presidente global da rede, Alexandre Bompard, em uma missiva enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Vernáculo dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA).

A informação ganhou repercussão posteriormente Bompard publicar a imagem da missiva em seu perfil no LinkedIn. No documento, ele afirma que a medida está fundamentada na “solidariedade com o mundo agrícola” e reafirma o compromisso do Carrefour em não comercializar nenhuma proteína bicho vinda de países membros do conjunto, porquê Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O posicionamento ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra a importação de produtos do Mercosul e a aprovação do pacto mercantil com a União Europeia (UE).

Setores agrícolas da França têm pressionado o presidente Emmanuel Macron a não proceder no diálogo e a priorizar a resguardo da produção pátrio.

Protestos durante a Cúpula do G20

As manifestações de agricultores ocorreram durante os últimos dois dias, enquanto uma delegação francesa, incluindo Macron, participava da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Entre os temas abordados no evento estava o Concordância UE-Mercosul, mas nenhum progresso foi registrado.

Os agricultores argumentam que enfrentam altas taxas e não obtêm retornos comerciais equivalentes, já que, teoricamente, os produtos latino-americanos possuem custos menores.

Em entrevista a uma rádio francesa na manhã desta quarta-feira, Arnaud Rousseau afirmou que a FNSEA rejeita “o vista agrícola” do pacto “porquê está redigido atualmente”, mas não esclareceu se a posição poderia mudar com eventuais alterações no texto.

Rousseau reconheceu que “outros setores da atividade econômica podem ter interesses ofensivos” no tratado, mas destacou que “no lado agrícola, isso não acontece”, pois “hoje, a lavra é a contrapartida, aquela que perde na França e na Europa”.

O presidente da FNSEA também anunciou a realização de novas ações na próxima semana, entre terça e quinta-feira, para denunciar os “obstáculos” enfrentados pela lavra.

“Decidimos ontem à noite que, a partir da próxima semana, na terça, quarta e quinta-feira, por iniciativa dos departamentos, estaremos novamente no campo, junto com os Jovens Agricultores, para denunciar os entraves à lavra e tudo o que hoje limita nossa atividade”, afirmou Rousseau.

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