
Criptomoedas na previdência: é possível?
Por João Marco Braga da Cunha*
Quando pensamos em poupar e investir para prometer a tranquilidade na terceira idade, é originário adotarmos uma postura conservadora. Por fim, não queremos colocar nosso horizonte em risco. Consequentemente, é provável ter a sensação de que os criptoativos, por serem tão voláteis, até mais do que outras classes de risco, porquê ações, não seriam um investimento adequado para a previdência. Essa sensação, porém, não encontra respaldo nos dados.
Consideremos, por simplicidade, que uma carteira de previdência seja representada pelo índice IMA-B 5+ da ANBIMA, que é uma cesta de títulos federais indexados à inflação com vencimento superior a cinco anos. A volatilidade desse índice costuma permanecer entre 7% e 8%.
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Volatilidade
Em contraste, o bitcoin, o criptoativo menos volátil atualmente, tem apresentado volatilidade na vivenda dos 50%. Ainda assim, é provável juntar um pouco de bitcoin ao IMA-B 5+ sem que a carteira resultante fique mais volátil. Isso ocorre porque o bitcoin é descorrelacionado do IMA-B 5+. Normalmente, a reciprocidade observada entre os dois é levemente negativa.
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Diversificação
É aí que o efeito diversificação entra em cena. Mesmo que, de forma conservadora, consideremos que o bitcoin seja dez vezes mais volátil que o IMA-B 5+ e que haja uma moderada reciprocidade positiva de 20% entre eles, é provável
provar que uma alocação de até 6% em bitcoin não aumentaria a volatilidade do índice de títulos públicos.
Em nome do conservadorismo mais uma vez, podemos considerar uma alocação de metade desse valor, 3%, e simular o que teria sucedido nos últimos quatro anos, que é aproximadamente um ciclo do bitcoin (gráfico inferior).
Enquanto o índice puro rendeu em média 5,3% ao ano, a carteira com 3% de bitcoin, rebalanceada trimestralmente, rendeu 7,9%, uma diferença de 2,6%. Pormenor: a soma de bitcoin tornou a volatilidade marginalmente menor: 7,70% contra 7,76%.
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Impactos
Mas qual o impacto desse retorno suplementar no planejamento previdenciário? Analisemos o caso de um poupador de 30 anos que deseja poupar um montante mensal até os 65 anos e, a partir de portanto, ter uma renda mensal de R$ 5.000 até os 90 anos.
Com a taxa de retorno real atual do IMA-B 5+, de 6,5%, ele precisaria juntar R$ 655 por mês. Ao incorporarmos um retorno suplementar — não os 2,6% a mais observados nos últimos quatro anos, mas, conservadoramente, metade desse valor, totalizando 7,8% para a carteira com 3% de bitcoin — o poupador precisaria juntar unicamente R$ 440 mensais.
São praticamente dois terços do valor anterior, uma diferença e tanto causada pelo “milagre” dos juros compostos.
Nos EUA, em seguida o lançamento dos ETFs de bitcoin à vista no início do ano, observa-se um incremento no número de fundos de pensão com alocação, o que mostra que essa combinação faz sentido.
No Brasil, graças à postura vanguardista dos reguladores locais, há uma grande gama de produtos financeiros regulados com exposição a criptoativos: fundos comuns, fundos de previdência, ETFs e futuros. Não faltam alternativas para um investidor brasílico que queira turbinar a sua aposentadoria com cripto.
Prudência, verba no bolso e canja de penosa não fazem mal a ninguém, porquê muito sabe Jorge Benjor. Mesmo com uma estudo conservadora em vários aspectos, é provável verificar que: (i) é viável juntar uma pequena parcela de cripto a um portfólio típico de previdência sem aumentar seu risco, medido pela volatilidade; (ii) essa pequena alocação pode trazer incrementos substanciais ao retorno do portfólio; e (iii) esse retorno suplementar faz uma enorme
diferença no contexto de planejamento previdenciário.
Canja de penosa faz muito para a nossa saúde física, da mesma forma que uma abordagem prudente e baseada nos dados sobre investimentos com criptoativos faz muito para a nossa saúde financeira.
*João Marco Braga da Cunha é Diretor de Gestão na Hashdex.
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