Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio
“Eu fiquei muito apavorada. Você querer respirar e não conseguir é muito ruim. Isso terminou me prejudicando porque precisei faltar ao trabalho”, contou a brasilense Edelweiss Ilgenfritz, de 52 anos. Asmática, a trabalhadora autônoma acordou na madrugada da terça-feira, 17, com o apartamento referto de fumaça.
A concentração de partículas finas no ar da capital do país cresceu tapume de 350 vezes durante o incêndio de grandes proporções que consumiu 1,4 milénio hectares do Parque Vernáculo de Brasília nesta semana.
Antes do incêndio, na manhã do domingo, 15, o ar da capital registrava concentração de 4 microgramas por metro cúbico (µg/m3) de Moléculas de Partículas (MP) de tamanho 2,5, considerada uma molécula mais fina. Na madrugada da terça-feira, 17, o ar de Brasília registrou 1,3 milénio µg/m3 da MP 2,5. Somente nesta quinta-feira (18) a poluição voltou a tombar de forma sustentada.
“É realmente muito cumeeira. Foi o nível que Manaus chegou no ano pretérito em um pico de queimadas que teve por lá. É o indicativo que a poluição estava muito sátira e precisava ser melhor controlada, mas principalmente deveria ter uma orientação para a população”, comentou JP Amaral, gerente de natureza no Instituto Alana e membro do Juízo Vernáculo de Meio Envolvente (Conama).
Porquê o poder público não tem dados de seguimento em tempo real da qualidade do ar na superfície médio da capital do país, as informações foram retiradas da plataforma PurpleAir, que tem um equipamento instalado no final da Asa Setentrião, próximo ao incêndio que deixou a cidade imersa na fumaça.
Para se ter uma teoria, o Conama prevê porquê padrão de qualidade do ar, no sumo, 60 µg/m3 para partículas finas com diâmetro subordinado a 2,5 micrômetros em uma média de 24 horas. As MP tamanho 2,5 são menores e têm maior facilidade para entrar no aparelho respiratório e na fluente sanguínea, causando problemas de saúde, principalmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
Mesmo o padrão de 60 µg/m3 é considerado cumeeira quando comparado com outros países. Por isso, o Conama aprovou solução em julho de 2024 prevendo a redução desse padrão para 50 µg/m3, em 2025, até chegar em 25 µg/m3, na média de 24 horas, em 2044. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda porquê limite para concentração de partículas no ar, uma média diária de 15 µg/m3 para partículas 2,5.
Monitoramento do ar
A estação de monitoramento da qualidade do ar do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que fica no núcleo da capital, na Rodoviária do Projecto Piloto, tem mais de 20 anos e só emite resultados a cada seis dias. De concordância com o Ibram, entidade ligado ao governo do Região Federalista (GDF), os dados coletados dos dias 17 e 18 de setembro só devem ser divulgados na próxima segunda-feira, 23.
Existe receio de órgãos ambientais de usar dados de equipamentos privados, porquê do PurpleAir, por não ser considerado uma estação “robusta”.
O presidente do Ibram, Rôney Nemer, diz que não é verosímil saber se as medições são confiáveis, que seria preciso investigar o equipamento.
Por outro lado, a diretora do Instituto Ar, a médica Evangelina Araújo, avalia que os equipamentos privados são confiáveis e trazem um oferecido aproximado da verdade.
“Os órgãos ambientais criticam porque o equipamento é de plebeu dispêndio, mas é confiável. Pode às vezes não ser exatamente igual a um equipamento robusto de um órgão ambiental público, mas é muito confiável. É muito próximo da verdade e, não havendo dados de monitoramento, é com isso que se trabalha”, afirmou.
As metrópoles de Brasília (DF), Goiânia (GO) e Manaus (AM) estão entre as localidades com maior defasagem de monitoramento da qualidade do ar no país, segundo pesquisa do Instituto de Pujança e Meio Envolvente (IEMA).
“Quatorze estados da federação não monitoram a qualidade do ar. Sem monitoramento, não se sabe a concentração de poluentes que as pessoas respiram. E se não há o monitoramento, o órgão ambiental não comunica à população qual é a situação e também não identifica episódios críticos”, acrescentou a profissional Evangelina.
Segundo o Ibram, o governo do Região Federalista autorizou a compra de equipamentos para monitoramento da qualidade do ar em Brasília, mas ainda não há data para a compra dessas novas estações.
Sem projecto
O Instituto Alana fez um levantamento mostrando que das 27 unidades da federação, 26 não têm qualquer projecto para enfrentamento de episódios críticos em relação à qualidade do ar.
“Quando há um incidente crítico, temos que alertar a população, avisar aos noticiários, talvez fechar as escolas. Mas o ponto é que a gente não tem projecto de ação do que fazer e porquê orientar a população. Só São Paulo tem um projecto de ação e esse projecto de ação é de 1978. Portanto ele é muito velho”, destacou JP Amaral, do Instituto Alana.
Para Evangelina Araújo, do Instituto Ar, é preciso um projecto de ações para atuação nos episódios críticos de poluição do ar. “Além de alertar a população, o órgão ambiental tem que adotar medidas para reduzir outras fontes de emissões. As partículas não vêm só da queimada, vêm do trânsito, da queima do combustível fóssil, vêm da indústria”, alertou.
Saúde
A iniciativa Médicos Pelo Ar Limpo elaborou uma nota técnica com orientações sobre porquê se proteger dos efeitos da fumaça. A dica é permanecer em ambientes internos, mantendo portas e janelas fechadas. Se verosímil, usar purificador de ar ou ventiladores, além de pendurar toalhas molhadas dentro de moradia para umidificar o envolvente.
É preciso ainda evitar exercícios físicos moderados ou intensos ao ar livre em qualquer horário. Para proteção contra partículas finas, podem ser usadas máscaras tipo N95 ou PFF2. Máscaras cirúrgicas ou panos não protegem contra partículas finas, somente contra as maiores, porquê sujeira.