Universidade dos Estados Unidos cancela discurso de aluna muçulmana

FREDERIC J. BROWN

A Universidade do Sul da Califórnia (USC) em Los Angeles se tornou a última instituição de ensino nos Estados Unidos envolvida em uma polêmica motivada pelo conflito entre Israel e Hamas

Frederic J. BROWN

Uma renomada universidade americana cancelou os planos para que uma estudante muçulmana fizesse o exposição de graduação e atribuiu a decisão a preocupações com a segurança depois que grupos pró-Israel criticaram a escolha.

A medida tomada pela Universidade do Sul da Califórnia (USC) em Los Angeles se tornou a polêmica mais recente em instituições de ensino superior nos Estados Unidos desde que o conflito entre Israel e o movimento islamista Hamas começou, em outubro.

Asna Tabassum, que tinha sido atacada na internet por “retórica antissemita e anti-sionista”, foi eleita “valedictorian” (melhor estudante de sua turma), uma honraria que tradicionalmente dá ao escolhido a oportunidade de discursar para um público de mais de 65.000 pessoas.

No entanto, o reitor da universidade, Andrew Guzman, anunciou, na segunda-feira, que a cerimônia, prevista para 10 de maio, ocorrerá sem exposição.

“Infelizmente, ao longo dos últimos dias, a discussão sobre a escolha da nossa ‘valedictorian’ ganhou um texto alarmante”, disse Guzman em nota.

“A intensidade dos sentimentos, avivada tanto pelas redes sociais quanto pelo conflito no Oriente Médio, aumentou até incluir muitas vozes fora da USC e escalou ao ponto de gerar riscos substanciais relacionados com a segurança”, acrescentou.

Guzman não deu detalhes no expedido, mas segundo o jornal Los Angeles Times, Erroll Southers, vice-presidente associado da universidade para a segurança, disse que a instituição recebeu ameaças por telefone, e-mail e correio.

Há indivíduos que “estão dizendo que virão ao campus”, assinalou.

A estudante criticou a decisão, ao considerar que a universidade “sucumbe a uma campanha de ódio” que procura silenciar sua voz.

“Embora esta devesse ser uma oportunidade de celebração para minha família, amigos, professores e colegas de classe, vozes antimuçulmanas e antipalestinas me escolheram para uma campanha racista de ódio por minha crença inabalável nos direitos humanos para todos”, disse Tabassum em nota.

O ataque do Hamas que deu início à guerra, em 7 de outubro, causou a morte de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo números israelenses.

A resposta de Israel resultou em uma ofensiva na qual morreram pelo menos 33.843 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo o ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.

A escalada do conflito repercute com intensidade privado nos campi das universidades americanas, onde tanto grupos pró-Israel quanto pró-palestinos denunciam ser vitimizados e silenciados.

No término de novembro, um professor judeu foi suspenso por vários dias da USC de Los Angeles devido a declarações polêmicas. John Strauss disse a um grupo de estudantes pró-palestinos que membros do “Hamas são assassinos. É o que são. Todos deveriam morrer e espero que isso aconteça”.

Nesta quarta-feira, a presidente da prestigiosa Universidade de Columbia, em Novidade York, se tornará a mais recente líder universitária a ser questionada por congressistas se sua instituição faz o suficiente para combater o antissemitismo no corpo discente.

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