Petrobras: mais um banco se rende à tese de que capex não vai prejudicar dividendos
Juntando-se a um consenso cada vez mais otimista no sell side, o Itaú BBA elevou hoje sua recomendação para as ações da Petrobras de “neutra” para “compra”, com um preço-alvo de R$ 48 para as ações preferenciais no termo de 2025, uma potencial subida de 30,8% em relação à cotação de fechamento de sexta-feira.
A expectativa da equipe do banco é que, apesar do fluxo de notícias sobre novas frentes de investimento – de fertilizantes a refinarias –, a estatal deve manter o foco no core business de exploração e produção, além de manter a capacidade de remunerar bons retornos em dividendos.
No seu cenário-base, os analistas estimam um dividend yield implícito de 14% para o próximo ano.
“Acreditamos que a Petrobras possa oferecer uma combinação de fundamentos sólidos e uma governança aprimorada, e esperamos que a companhia não mude drasticamente sua estratégia de alocação de capital ao focar no upstream pelo longo prazo, com um poderoso carry de dividendos olhando o horizonte mais limitado”, escreve a comentador Monique Greco.
Num extenso relatório, de 86 páginas, a equipe do BBA examina os planos estratégicos de investimento da Petrobras ao longo dos últimos 20 anos.
A epílogo é que a companhia normalmente não realiza todo o projecto de investimentos: o capex executado pela estatal foi subalterno à previsão para o ano seguinte em 16 dos últimos 18 anos, com uma média de 16% de diferença à menor em relação ao número anunciado.
Nesse sentido, a equipe do BBA estima que o capex para o próximo ano, atualmente em US$ 21 bilhões não deve se manter. Na atuação do projecto estratégico quinquenal, a ser anunciada em novembro, a aposta é que o número seja revisado para reles.
Isso porque o capex já foi ajustado para reles nascente ano, para um patamar entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões – o que implicaria em uma subida de 50% para o próximo ano se o projecto atual for mantido, alguma coisa que nunca aconteceu na história da companhia.
O BBA estima um galanteio de 15% na previsão de investimentos para o ano que vem, para alguma coisa mais perto de US$ 19 bilhões. Isso, somado à diferença histórica de 16% entre o orçado e o efetivamente desembolsado deve levar o investimento totalidade do próximo ano para US$ 16 bilhões, calcula o banco.
O movimento deve permitir que a Petrobras mantenha a política de distribuição robusta de dividendos. Os analistas do BBA destacam que a companhia pode usar a suplente de capital para sustentar os dividendos, caso a dívida bruta exceda US$ 65 bilhões ou se o lucro for insuficiente – o que dá crédito a remuneração dos acionistas.
“Assumimos que os dividendos virão tanto de dividendos ordinários quanto extraordinários. Para os dividendos extraordinários, consideramos que o pagamento será aplicável exclusivamente quando a posição de caixa permanecer próxima de US$ 8 bilhões nos próximos 24 meses”, afirma a equipe.
Por termo, os analistas destacam que a recomendação de compra também se baseou na visão que a governança corporativa da empresa se fortaleceu ao longo do tempo, mormente no que diz reverência à aprovação de novos projetos de capital e aquisições.
A recomendação ajudou a fazer preço no pregão de hoje, dando impulso a uma valorização já embalada pela subida do petróleo.
As ações da Petrobras negociam em subida próxima de 2% desde a buraco do pregão, entre as maiores altas do Ibovespa.
