Solidão é ponto negativo no home office; veja como evitar

ESG Insights

Solidão é ponto negativo no home office

POR BÁRBARA VETOS

Trabalhar de qualquer lugar, ter uma maior flexibilidade de horários e poupar tempo e verba com transporte. Ao mesmo tempo, misturar trabalho e lazer a ponto de sentir uma vez que se estivesse trabalhando o tempo todo – e se sentir só. A solidão é um dos grandes problemas entre os adeptos do trabalho remoto – mesmo entre aqueles que gostam do padrão uma vez que um todo. O que pode parecer mera carência para alguns, é um fator determinante para o declínio da saúde física e mental de outros.

De concórdia com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a solidão é capaz de aumentar em 50% o risco de demência, 30% o de doença cardiovascular e 25% o risco de morte. Roberta França, médica psiquiatra e professora da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz)
, explica que, além de adoecer a mente, a solidão motivo angústia, terror, instabilidade, tristeza e até dor física.

“Muitas vezes, as dores físicas zero mais são do que as dores da espírito. São as nossas dores emocionais que gritam. Chega uma hora que você está se sentindo tão vazio por dentro, que o estômago dói, o tripa desanda, aparecem manchas na pele e a dor de cabeça não passa por zero.”

A questão é latente mesmo para quem gosta do home office, uma vez que a jornalista autônoma Júlia Kurtz. Hoje com 39 anos, trabalha de morada desde 2011, muito antes da pandemia. Mesmo quando, segundo ela, a modalidade ainda era malvista. “Eu era uma das pessoas que reclamava de que muitas coisas poderiam ser feitas por e-mail, de morada, economizando tempo, verba e estresse”, diz. Mas, assim uma vez que tantos outros, também foi vítima da solidão.

Flexibilidade proposta pelo home office

O trabalho doméstico não significa literalmente atuar de morada, mas poder fazer de qualquer lugar o seu escritório.
Kurtz levou isso a sério quando se mudou de Passo Fundo, sua cidade natal, localizada no Rio Grande do Sul, para o Rio de Janeiro. O baque foi enorme: se sentia invisível na capital carioca, onde não conhecia ninguém. “Eu não tinha nenhum camarada lá e, quando tu está em uma situação uma vez que essa, o que costuma ocorrer é concluir encontrando qualquer suporte no trabalho, fazer um happy hour depois…” Mas no home office não tinha isso. “Eu terminava o trabalho e a única coisa que eu fazia era fechar uma aba do navegador e terebrar outra. Se tu não tem um ritual para transpor do trabalho quando está em morada, o trabalho continua em ti.”

São nesses momentos que as atividades simples da rotina fazem a diferença. Segundo França, o movimento de se aprontar, colocar uma roupa e uma maquiagem, trinchar o cabelo, fazer a barba, ir ao escritório e encontrar com outras pessoas é importante para a sanidade mental. Além de fortalecer a socialização, ter outras pessoas ao volta gera troca e a possibilidade de desenvolver novas ideias e olhares para o mundo, defende a perito.

Outra questão geral para os adeptos do home office é a possibilidade de mudar de cidade, estado ou até mesmo de país. Dados da ZAP Imóveis identificaram que a procura por imóveis a mais de 100 quilômetros de intervalo da cidade de São Paulo cresceu aproximadamente 340% entre janeiro e maio de 2020, no início da pandemia.

No termo do mesmo ano, um levantamento da Newcore registrou que, a cada 100 imóveis procurados, 29 eram na capital paulista – o número chegava a 40 em janeiro de 2020 –, e 24 no litoral – antes, 17. Segundo a psiquiatra, isso secção de um fulgência criado pela visão que a pessoa tem enquanto turista. “Nós temos uma tendência a confundir nosso olhar quando estamos de férias, porque aquele não é o nosso envolvente de rotina”, explica.

Novidade cidade, mesmos problemas

Com a flexibilidade garantida pelo home office ,
Kurtz se mudou algumas vezes nesse meio tempo. Chegou a voltar para Passo Fundo, ir a São Paulo, e acabou parando em Aratiba, no interno do Rio Grande do Sul, na morada da família de uma amiga. A jornalista brinca: “Eu morava em uma cidade que tinha menos habitantes do que eu tinha de seguidores no Twitter [atual X]”.

A princípio, isso não era um problema. Mas quando veio a pandemia, no início de 2020, a amiga com quem dividia a morada saiu do estado e passou a viver em Santa Catarina. Foi quando ela se viu mais sozinha, ajudando a cuidar do pai da colega, que tinha Alzheimer, e do irmão dela, que estava entrando na juvenilidade e tinha desenvolvido depressão. “Eu não tinha vida”, desabafa.

Kurtz conta que aguentou um ano nessa situação. Quando não estava trabalhando, saía para dar uma volta na cidade, mas não conversava, nem cumprimentava ninguém. “Simples que eu tinha alguns amigos em outras partes do país, mas chega uma hora que isso não é suficiente. Tu precisa olhar nos olhos da pessoa, conversar sem ter aquele delay, sem ter uma máquina intermediando”, comenta.

“Eu estava cuidando de pessoas, mas, na prática, ninguém estava cuidando de mim.” A experiência teve impacto direto em sua saúde mental. No início de 2021, teve um burnout. Apesar de ser sempre associada ao trabalho, a doença pode surgir em outros casos de estresse ressaltado. Segundo a jornalista, o lado profissional não era o mais difícil naquele momento, mas o pessoal e o social.

“Existem pessoas que acabam ficando tão solitárias, que tendem a desenvolver quadros demenciais ou distúrbios psiquiátricos com muito mais facilidade do que aqueles que têm uma vida em comunidade, uma vida social e uma rede de suporte que a abrace”, explica a perito. Ela afirma que a solidão pode ser a porta de ingressão para outras doenças, uma vez que sofreguidão, depressão e insônia.

Relação com o home office e papel das empresas

Mesmo tendo enfrentado momentos difíceis enquanto trabalhava de morada, Kurtz revela que não troca a experiência pelo padrão presencial. Ela diz ter aprendido a viver com as dificuldades do home office ,
uma vez que a própria solidão, e tem buscado por um estabilidade. “Eu aprendi a curtir mais a minha companhia, transpor sozinha, não me importar se não tem ninguém comigo. Eu aprendi a depender menos de outras pessoas.”

Um hábito que passou a fazer secção de sua rotina é tirar uma hora de pausa durante o dia e transpor para dar uma volta. Ela conta que adquiriu o rotina de ir até uma rossio e se “desligar do mundo”, permanecer um pouco consigo mesma. Uma atitude simples, mas que mudou a forma uma vez que ela encara o dia a dia. “O jeito é ocupar a cabeça com atividades que sejam menos danosas.”

No caso das empresas, França argumenta que não existe uma fórmula mágica que vai varar esse potencial problema. Na sua opinião, o ideal seria que os gestores conhecessem a equipe e procurassem adequar a urgência da empresa à verdade do grupo.

“Em alguns lugares, o sistema híbrido funciona muito muito, mas pode ser que você tenha alguém que se sinta mais proativo trabalhando em morada. Outros já não rendem zero”, comenta. Desconhecer as características dos funcionários pode levar a uma tomada de decisões erradas. “Entender com quem você está trabalhando e uma vez que as pessoas se sentem em diferentes ambientes é o caminho para prosperar no seu negócio. Assim, todos estarão mais engajados, proativos e confortáveis para executar suas tarefas.”

Foto: Freepik

Relação entre home office e solidão e o papel das empresas

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