Migração na América Latina em busca de trabalho está se tornando mais feminina, diz OIT

LUIS ACOSTA

Migrantes caminham pela selva de Darién perto da vila de Bajo Chiquito, no Panamá, em 22 de setembro de 2023

Luis ACOSTA

Cada vez mais mulheres migram na América Latina em procura de oportunidades de trabalho e elas já representam 40% do totalidade, em uma tendência crescente, afirmou, nesta quarta-feira (15), a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Isto evidencia a feminização da transmigração”, disse a diretora regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Ana Virginia Moreira, durante a apresentação de uma novidade estratégia regional até 2030.

Essas mulheres migrantes estão se deslocando “cada vez mais sozinhas e não uma vez que segmento de um grupo familiar”, comentou Moreira. A OIT indicou, portanto, que elas requerem “respostas diferenciadas”.

“Elas realmente enfrentam uma dupla vulnerabilidade uma vez que mulheres e uma vez que migrantes”, afirmou o perito regional em transmigração da OIT, Francesco Carella.

Enquanto migram, as mulheres “são vítimas de violência e assédio”, explicou Carella, e no fado “também são vítimas de hipersexualização”, acrescentou.

Ou por outra, enfrentam uma “sobrecarga de responsabilidade” pelo trabalho doméstico e de zelo não remunerado quando migram em família. A falta de recursos geralmente leva a família a priorizar a regularização migratória do varão no país de fado, deixando as mulheres na informalidade.

“A experiência migratória reforça a partilha sexual do trabalho tradicional”, apontou Carella.

Na OIT, foi mencionado o exemplo das mulheres migrantes venezuelanas, que representam mais de 50% das mais de 6,5 milhões de pessoas que deixaram o país, com um perfil geralmente mais qualificado que o dos homens, mas menos oportunidades de trabalho nos países de fado.

“Eles trabalham em empregos para os quais estão superqualificadas”, disse Carella.

Durante a apresentação da estratégia, Moreira destacou que uma pessoa migrante “tem três vezes mais chances de ser vítima de trabalho forçado do que uma pessoa não migrante”.

Os lucros ilegais por meio do trabalho forçado de migrantes no mundo são de 37 bilhões de dólares (R$ 189,9 bilhões), segundo a OIT, e desses, 27,2 bilhões (R$ 139,7 bilhões) vêm da exploração sexual, à qual mulheres e meninas estão mais expostas.

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