
Festival chinês revela 'outra 25 de março' e recebe 100 mil pessoas, segundo organizadores
Na mitologia chinesa, o herói e arqueiro Hou Yi e a sua esposa, Chang’e, foram separados em seguida ela ingerir, para proteger de um vizinho invejoso, o elixir da imortalidade, que a fez se tornar uma diva e voar até a lua para permanecer mais próxima de seu paixão na Terreno. Essa é uma das lendas que explica o surgimento do Festival da Lua, uma tradição que começou durante a Dinastia Tang, há mais de três milénio anos, e que é comemorada em setembro em toda a China e pôde ser conferida de perto por quem esteve na rua 25 de março, no meio de São Paulo, neste final de semana.
Pelo segundo ano sucessivo, laternas chinesas, iluminadas pela cor vermelha, adereços tradicionais e estruturas decorativas, reproduzindo a arquitetura do país milenar, decoraram quase 300 metros do logradouro, considerado o maior meio de transacção popular da América Latina, para comemorar a segunda data mais simbólica do calendário chinês. E que puderam expor a potência de uma “outra 25 de março”, uma vez que afirmou à EXAME Roberto Sekiya, um dos organizadores do evento.
“Podíamos ter escolhido a [bairro da] Liberdade, mas no ano pretérito fomos o primeiro evento feito cá e a 25 de Março virou cultural, nunca ninguém tinha feito um evento cultural nessa rua. Isso foi uma grande novidade e nessa segunda edição a gente só vem a melhorar”, disse Sekiya.
Superando as expectativas dos organizadores, o evento bateu a meta ao reunir mais de 100 milénio pessoas neste sábado, 14, e domingo, 15. A escolha do endereço também reflete os últimos 10 anos, em que a imigração de chineses comerciantes na região, antes conhecida uma vez que “a rua dos arábes”, se intensificou. Hoje, de congraçamento com Sekiya, ao menos 70% dos comércios na região são tocados por chineses ou descendentes chineses.
Mas, apesar disso, a rua segue sendo multiculural, com uma convívio harmônica entre os diferentes povos que a formam, uma vez que garante o organizador. Para a realização do evento, por exemplo, diversas entidades apoiaram, entre elas, a Associação de Lojistas da região, a Univinco.
“Desde a primeira edição nós mostramos que era provável na 25 de Março gerar uma rua dissemelhante, sem os camelôs clandestinos, o transacção proibido, uma rua mais família, uma vez que está hoje, em que as pessoas podem transitar tranquilamente, tem segurança e limpeza. Por isso os lojistas toparam. Vamos mostrar uma 25 dissemelhante”, explicou Vitor Zhu, vice-presidente da Associação de Filantropia China-Brasil.
Segundo Zhu, ao expor os problemas que atravessam o lugar nos últimos anos, o evento mostra que a mudança é provável. “As pessoas vêm fazer compras e curtir o lugar, porque cá é onde as pessoas vêm garimpar, descobrir coisas baratas. Mas elas são afugentadas porque tem instabilidade no lugar e estamos tentando provar que é provável ter uma outra 25 de Março”.
Imigração chinesa e a marca do empreendedorismo
O evento ocorreu neste final de semana sem intercorrências. Sessões de medicina chinesa foram oferecidas gratuitamente, assim uma vez que oficinas de pinturas e de atividades culturais. Ao longos das dezenas de barracas de comidas chinesas e asiáticas, uma vez que um todo, era provável ouvir diversos idiomas do mandarim ao português.
“Esse é um trabalho que a comunidade chinesa aproveita para se mostrar. Falamos que a China é conhecida pela potência [econômica], pelas empresas chinesas e uma vez que o parceiro mercantil do Brasil. Mas a população conhece ainda pouco os chineses, que trabalham tanto, são grandes empresários, empregam bastante, são imigrantes que lutaram e estão tendo sucesso cá no Brasil”, afirmou Sekiya.
“Só que o Brasil conhece pouco, logo essa sarau e para publicar um pouco mais e a gente vê que a comunidade chinesa sente orgulho de mostrar um pouco de si, porque ela é fechada no sentido de que o dissemelhante afasta, não chega a ser xenofobia, mas há um pouco de preconceito contra os chineses, logo eles se fecham, ficam reservados”.
O resultado mais buscado e tradicional da sarau, o tradicional Bolo da Lua, era vendido pela empresária e doceria Susana Liu que, em três anos, ampliou sua confeitaria ensejo em meio à pandemia para um empreendimento que emprega de cinco a sete pessoas em baixa temporada e chega a 15 nas épocas com maior demanda.
Nascida no Brasil, Susana partiu com toda a família para a China ainda na puerícia e só retornou ao país em 2015. Em 2021, impulsionada pelo orientador de seu mestrado na Instalação Getúlio Vargas (FGV), ela abriu a Panda Cake Ateliê, trabalhando de madrugada na confeitaria para conciliar com o trabalho home office em uma empresa chinesa do setor de força.
Atualmente, com um faturamento superior ao seu salário de gerente na companhia, a empresária mantém somente seu ateliê com atendimento delivery e uma cartela de clientes chineses e brasileiros.
“Comecei sozinha, ficava todo dia de madrugada por noites viradas, até 3h, 4h [da manhã]. Ainda lembro a primeira vez que fiz docinho lunar…. eu era apaixonada somente por bolos, mas o responsável por uma grande empresa entrou em contato comigo falando que não achava bolinhos lunar gostosos e bonitos no Brasil e perguntou se eu não queria fazer. Eu não sabia, mas ele disse que compraria se eu tentasse. Através desse incentivo dos meus clientes eu comecei a fazer”, afirmou Susana.
“Os chineses escolhem esse resultado de docinho lunar uma vez que um presente de amizade, de saudação. As grandes empresas corporativas chinesas estão comprando bastante nossos docinhos uma vez que o melhor presente que representa a cultura chinesa para os brasileiros. E eu busco fazer um guloseima lindo que os chineses gostem, mas o brasileiros também. No meio dessa diferença, busquei encontrar uma simetria e que consigo trazer uma combinação perfeita. Aprendo a receita na China e adapto ao Brasil para prometer que todos gostem”, acrescenta a empresária.
Jinhua e a ’25 de Março do mundo’
O Festival da Lua Chinês também celebrou meio século da relação diplomática entre o Brasil e a China, completado recentemente no dia 15 de agosto. Nesses últimos cinquenta anos, a fluente de transacção, a soma entre importações e exportações, com a China saiu de 0,2% para 27% de tudo o que o Brasil transaciona com o mundo.
E a expectativa é de que essa parceria cresça ainda mais com o congraçamento de Cidades-Irmãs entre São Paulo e a província de Jinhua, no Sudeste chinês, em tramitação na Câmara. Na última sexta, 13, foi assinado um memorando de entendimento de cooperação em áreas de transacção e cultura que pode trazer mais investimentos para a capital, segundo Sekiya.
Em Jinhua está o região de Yiwu, publicado uma vez que “a 25 de Março do mundo”, e que exporta para 230 países e regiões do mundo, com foco privativo nos setores de indústria têxtil e fabricação de hardware. Somente no ano pretérito, 15 bilhões de reais foram exportados em mercadorias para o Brasil. Autoridades da província acompanharam a brecha do evento no sábado ao lado da secretária municipal de Cultura, Regina Célia da Silveira Santana.
A prefeitura de Jinhua, de congraçamento com os organizadores, também presenteou a cidade com a vinda do renomado Grupo Zhejiang Wu Opera Troupe, que apresentou espetáculos exclusivos.
“Com esse festival mostramos mais a nossa cultura para os brasileiros e aproximamos mais as relações. Os brasileiros ficam mais curiosos para tentar nos saber. Não vendemos só produtos, temos 5 milénio anos de historia por trás”, afirmou Daniel Zhu, 26 anos, nascido na China e no Brasil há 10 anos, ele formou-se em Engenharia da Computação pela Universidade de São Paulo (USP) e hoje trabalha com transacção no Brás, também na região medial.
Festival bate recorde com o maior dragão do país
De vestuário, a proposta do festival atraiu a curiosidade de Edileusa Promanação, vendedora e estudante de recursos humanos. Moradora do Jardim Angela, no extremo Sul da capital paulista, ela percorreu quase três horas de transporte público para comemorar seu natalício de 37 anos na celebração da Lua.
“Falamos em China e pensamos em acessórios baratos, coisas mais acessíveis e tal. Portanto a questão da cultura em si era uma coisa que eu não tinha, eu não tenho esse conhecimento, nunca tive entrada. E eu estou tendo entrada hoje eu vou saber um pouco da cultura vendo na prática, não só ouvindo na TV, mas participando de um pouco feito por eles. É uma vez que se fosse um intercâmbio para a gente saber outros países”, afirmou Edileusa.
Ao lado da amiga, Michele, a vendedora acompanhou cercada por milhares de pessoas a maior dança do dragão do país. A tradição folclórica chinesa, símbolo de segurança e proteção, foi feita por mais de 100 pessoas, de academias de Kung Fu, que deram corpo ao dragão. Com 105, 91 metros de extensão, a perfomance recebeu, no final do evento, o certificado do RankBrasil de maior dança do dragão do país.