
Governo demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras
(18 mar) O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, participa da CERAWeek, em Houston, Texas
Mark Felix
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva demitiu, nesta terça-feira (14), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, desgastado por discussões sobre o pagamento de dividendos da estatal, informaram fontes da Presidência à AFP.
“Prates foi mesmo exonerado”, disse um porta-voz do Palácio do Planalto, confirmando o termo antecipado da gestão do presidente da Petrobras.
Por sua vez, a empresa informou em nota que recebeu na noite desta terça-feira a “solicitação de que o Juízo de Governo da Companhia se reúna para considerar o fechamento antecipado de seu procuração porquê Presidente da Petrobras de forma negociada”.
Uma vez revalidado o pedido, Prates “pretende apresentar sua repúdio ao função de membro do Juízo de Governo”, acrescentou a nota.
Ex-senador do PT pelo Rio Grande do Setentrião, Prates assumiu a direção da estatal no início do terceiro procuração de Lula, em janeiro de 2023. Inicialmente, ele cumpriu uma promessa de campanha de Lula ao “abrasileirar” os preços da petrolífera para evitar fortes altos e baixos nos preços dos combustíveis para os consumidores, até logo atrelados à cotação internacional do petróleo.
Posteriormente um ano no comando da empresa de capital destapado, mas controlada pelo Estado, o desgaste de Prates se acentuou principalmente por uma polêmica em torno do pagamento de dividendos extraordinários em março. A decisão de não distribuí-los causou recusa no mercado e ruídos no governo. Alguns analistas e opositores apontaram isso porquê uma “mediação governamental”, um tanto que tem preocupado o mercado desde a posse de Lula.
Inclusive, Prates havia dito na rede social X que “é legítimo” que o juízo se posicione “orientado pelo presidente da República” e seus ministros. “Foi exatamente isso que aconteceu” em relação aos dividendos extraordinários, indicou logo.
O insatisfação dos investidores foi parcialmente revertido na reunião universal ordinária de abril, quando foi aprovada uma proposta que finalmente fez o juízo de governo partilhar dividendos extraordinários de 50% do lucro líquido remanescente da estatal.
Mas Prates ficou inseguro no função. Meios de informação especularam por várias semanas sobre sua saída da empresa, e descreveram tensões na relação com o ministro de Minas e Vontade, Alexandre Silveira.
O ministro da Vivenda Social, Rui Costa, chegou a expressar logo que era “o momento de renovar o juízo de governo da Petrobras”, para “oxigenar” as estruturas da empresa.
Lula nomeará Magda Chambriard para suceder Prates, informou à AFP um porta-voz da Presidência. Ela precisará da aprovação do juízo diretor da empresa.
Chambriard foi a única mulher a comandar a Sucursal Vernáculo de Petróleo (ANP). Ela foi diretora-geral da ANP entre 2012 e 2016, durante o governo Dilma Rousseff.
Os ADRs (American Depositary Receipt, ou Recibo de Repositório Americano) da petrolífera em Novidade York caíam quase 8% na noite desta terça-feira.
– Lucro criticado –
Os resultados da Petrobras têm recebido críticas de Lula, que acusou repetidamente os executivos da empresa de satisfazer os acionistas em detrimento da população.
Desde que Lula tomou posse, os lucros da empresa têm minguado.
Na segunda-feira, a Petrobras informou lucros líquidos de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre, uma queda de 37,9% em relação ao mesmo período de 2023.
Em 2023, primeiro ano sob a direção executiva de Prates, o lucro líquido foi de R$ 124,6 bilhões, uma queda de 33,8% em relação a 2022.
Segundo Prates, aquele foi o “segundo maior lucro líquido de sua história”, demonstrando o “rumo perceptível” da empresa, desafiada pela transição para energias limpas.
Prates havia dito que adotaria uma postura “mais conservadora” sobre os dividendos, o que inquietou o mercado.