Cientistas brasileiros concorrem a prêmio de US$ 5 milhões sobre tecnologia e biodiversidade

Um grupo de cientistas brasileiros está entre os finalistas do XPrize Rainforest, competição global de tecnologias para mapeamento da biodiversidade. A equipe concorre com cinco outras equipes – três norte-americanas e duas europeias – a um prêmio totalidade de US$ 5 milhões.

Trata-se de um concurso que dura cinco anos e procura transformar a forma uma vez que a biodiversidade das florestas tropicais é monitorada. Com US$ 10 milhões de prêmio totalidade – sendo US$ 5 milhões para o primeiro posto –, o duelo exige que as equipes realizem um mapeamento completo da biodiversidade em uma dimensão de até 100 hectares em somente 24 horas.

O tempo supremo para o processamento dos dados é de 48 horas. Dessa forma, o prêmio incentiva que pesquisadores desenvolvam em três dias um estudo que, tradicionalmente, levaria ao menos seis meses de trabalho no campo se feito por humanos.

Além do prêmio milionário, a equipe brasileira procura o espaço de protagonista nas pesquisas sobre a pluralidade biológica. Os maiores centros de estudo e acervos sobre florestas tropicais estão ainda localizados no Hemisfério Setentrião, principalmente na Europa, mostra da predominância da região nesta dimensão de pesquisas.

“O Brasil pode deixar de ser somente objeto de estudo e assumir o protagonismo na pesquisa sobre sua própria biodiversidade”, explica Paulo Guilherme Molin, pesquisador e professor da Universidade Federalista de São Carlos (UFSCar). O “Brazilian team já conquista o feito de ser a única equipe do Sul Global na premiação, e agora procura quebrar o padrão.

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O duelo ainda colocava a regra de que nenhum dos pesquisadores poderia entrar na dimensão estudada, mas somente as tecnologias. A equipe brasileira utilizou de drones e robôs autônomos para substituir o trabalho de dezenas de profissionais, operando de forma coordenada para coletar e investigar dados em tempo real.

Além de tecnologias autônomas, utilizadas na coleta de amostras da chuva e do solo, sistemas de escaneamento 3D, estudo de DNA e perceptibilidade sintético também foram usados para identificar as espécies da flora e da fauna.

Molin explica ainda que a biodiversidade brasileira é a principal motivadora da equipe. “Enquanto uma floresta temperada possui 4 ou 5 espécies por hectare, uma dimensão equivalente na Amazônia pode acoitar mais de 300 espécies. Desenvolver tecnologia para esta dificuldade é um duelo que só um país tropical poderia vencer”, conta.

Vinicius Souza, pesquisador do Brazilian Team e pesquisador da Esalq/USP, explica que a equipe identificou vegetais e espécies até o nível taxonômico mais refinado provável, utilizando as informações para gerar percepções sobre a biodiversidade brasileira. “As descobertas das equipes beneficiarão não somente o Brasil, mas também países da América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais em seus territórios”, disse.

Benefícios para a saúde e o meio envolvente

Além de ajudar a entender mais das espécies brasileiras, o padrão de tecnologia e pesquisa desenvolvido pelo grupo de cientistas permite identificar espécies com potencial farmacêutico, prevenir futuras pandemias, calcular o estoque de carbono de cada tipo arbóreo e identificar as mudanças nos padrões da biodiversidade.

Molin completa que o desaparecimento de espécies da biodiversidade brasileira pode impactar na invenção de curas de doenças e soluções baseadas na natureza para problemas ainda nem conhecidos. “Não estamos somente preservando espécies, estamos protegendo um patrimônio biotecnológico que pode valer trilhões”, destaca.

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A equipe brasileira já informou que caso seja ganhadora destinará o valor de US$ 5 milhões para pesquisas e capacitações na Amazônia e Mata Atlântica.

O resultado da premiação será realizado nesta sexta-feira, 15 de novembro, às 18h, durante o G20 Social, evento que antecede a reunião da cúpula de líderes do G20 no Rio de Janeiro.

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