Fim da seca? Presidente da CVM vê demanda represada para IPOs

O mercado de capitais brasiliano enfrenta uma seca nas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na {sigla} em inglês) que já dura quase três anos. Existe, no entanto, espaço para que a bolsa volte a ser atrativa. É o que defende João Pedro Promanação, presidente da Percentagem de Valores Mobiliários (CVM), a “xerife” do mercado de capitais.

“Existe uma demanda represada para a temática dos IPOs e a maximização das ofertas subsequentes”, afirmou Promanação em pintura do Macro Day, evento realizado nesta terça-feira, 20, pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

A demanda, segundo o CEO, viria das empresas que já são abertas mas ainda não estão listadas na B3 para negociação de ações. Atualmente são 697 companhias registradas na CVM, mas exclusivamente 415 negociam papéis na bolsa. “Se não houvesse interesse pelas ofertas não seria justificável que as companhias mantivessem o registro, com o ônus e o legado de ser uma companhia ocasião no Brasil.”

O mercado de IPOs passou por um boom em 2021, com 46 companhias abrindo capital e movimentando R$ 65,67 bilhões – um recorde. No ano seguinte, o cenário macroeconômico sofreu uma tempestade perfeita: subida da inflação e dos juros, que tiraram a atratividade do mercado de capitais. 

De lá para cá a CVM vem reformando a vivenda para “pavimentar o caminho” para a retomada dos IPOs. Entre as principais mudanças do período, Promanação destaca o combo autenticado em 2022 nas resoluções 160, 161 e 162, que simplificou e flexibilizou as regras para as ofertas públicas. Outra reforma aguardada pelo mercado foi a reformulação completa da indústria de fundos com a Solução 175, que entrou em vigor em outubro do ano pretérito, com foco na autonomia do pequeno investidor.

Nenhuma delas, no entanto, é capaz de mudar o cenário econômico que segue reptante para as empresas, com a Selic na vivenda dos dois dígitos, a 10,5% ao ano. Ainda assim, existe uma expectativa de mudança na avaliação de Fabio Nazari, sócio líder do BTG Pactual para mercado de capitais em renda variável. “Estamos vendo uma retomada lenta do mercado de ações. Com o busto fiscal montado e uma taxa de juros mais adequada cá [no Brasil] e lá fora, há chance de vermos um novo ciclo de pujança.”

Para além do cenário macro, Marcos Pinto, secretário de reformas econômicas do Ministério da Rancho, destacou a valia das reformas microeconômicas para impulsionar a produtividade da economia, reduzindo o spread bancário e estimulando o incremento do crédito em ambientes de taxas mais atrativas, uma vez que é o caso do mercado de capitais.

“Queremos trazer cada vez mais companhias para o mercado de capitais, para que elas se beneficiem do menor spread praticado. Queremos reduzir principalmente os custos para que as médias empresas acessem esse mercado”, afirmou.

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