Voluntariado empresarial tem potencial transformador quando aliado à agenda ESG nas empresas

ESG Insights

Voluntariado empresarial tem potencial transformador quando coligado à agenda ESG nas empresas

Apesar de ser uma prática antiga, o voluntariado é comumente impulsionado com mais força em momentos de vulnerabilidade. Os eventos extremos dos últimos anos no Brasil são exemplos de porquê crises e catástrofes influenciam a frequência e a adesão ao trabalho voluntário e às doações.

Foi durante a pandemia que o voluntariado teve seu auge. Em 2021, 47% dos voluntários passaram a fazer mais atividades. A emergência sanitária foi o ponto-chave de uma maior mobilização no país, fortalecendo, inclusive, a modalidade remota, com 21% das ações sendo feitas on-line, segundo a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis).

Em maio, com as enchentes no Rio Grande do Sul
, a solidariedade dos brasileiros foi colocada à prova mais uma vez. Dados oficiais mostram que mais de 20 milénio voluntários auxiliaram no resgate às vítimas.

Um quadro mais recente divulgado pelo Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 7,3 milhões de brasileiros realizaram trabalho voluntário em 2022. Os dados da Pesquisa Pátrio por Exemplar de Morada Contínua 2022 (Pnad Contínua) também mostram que 86,4% das pessoas que realizaram trabalho voluntário o fizeram por meio de empresa, organização ou instituição.

O voluntariado empresarial responde por uma secção expressiva desse movimento. No entanto, por mais que o tema tenha desenvolvido nos últimos anos, Abel Reis, presidente do Recomendação da ONG Parceiros Voluntários
, afirma que o país já viveu momentos melhores. “Temos que engajar comunidades, empresas e universidades, para que possamos, de veste, mudar a mentalidade brasileira mais profundamente.”

Em entrevista ao ESG Insights, Reis explicou a diferença entre voluntariado e boas práticas, porquê inserir o tema na estratégia ESG das empresas, benefícios e desafios, e tendências para os próximos anos. Veja.

ESG Insights – Uma vez que o voluntariado se diferencia da simples realização de boas práticas?

Abel Reis –
O voluntariado é uma prática frequentemente associada à filantropia ou a uma boa ação. Não existe nenhuma deturpação nessa forma de olhar o tema, mas é um ângulo que talvez dificulte olhar o voluntariado porquê uma utensílio de inovação social.

“O voluntariado não pode ser transportado de uma maneira voluntarista e casuística”

O voluntariado é sobre a vivência plena da tua função de cidadão e de membro ativo de uma determinada comunidade. Essa comunidade pode ser a escola onde você estuda, o bairro onde você mora, a empresa onde você trabalha, o planeta que você habita.

O voluntariado não é um variegado. Não é alguma coisa simples do tipo: “Gente, tem uma programação prevista para daqui a duas semanas na escola próxima a nossa empresa, onde nós vamos fazer uma faxina”. O voluntariado não pode ser transportado de uma maneira voluntarista e casuística.

Quando olhamos para a prática por essa lente da transformação e do impacto positivo que você deseja, pode e deve gerar no mundo, passamos a entender o quão valiosa essa utensílio pode ser para as empresas e as organizações.

ESG Insights – Qual a preço e os benefícios do voluntariado empresarial?

Abel Reis –
Ao optar pela adoção de programas de voluntariado, trabalhamos simultaneamente dois universos. Primeiro, o da cultura da corporação. Uma cultura que valoriza a iniciativa e a atenção dos seus colaboradores para com o mundo em que eles vivem.

Ao mesmo tempo, você trabalha para o lado extrínseco, não exclusivamente promovendo mudanças, inovação, transformação nas comunidades, mas também ajudando a desenvolver uma consciência que a empresa deve ter sobre o seu papel enquanto uma entidade economicamente ativa.

“A conexão entre voluntariado e ESG é muito procedente”

Isso repercute na percepção dos stakeholders, dos consumidores, reguladores e fornecedores. O voluntariado é uma utensílio extraordinária que, se for adequadamente absorvida e trabalhada no interno da empresa, produz impactos positivos na cultura organizacional e na imagem que outras pessoas passam a ter da companhia.

A conexão entre voluntariado e ESG é muito procedente. Uma vez que uma {sigla} que pretende dar conta da responsabilidade que a corporação deve ter sobre diversos temas, a agenda se beneficia da alavanca extraordinária que voluntariado traz.

Isso para não falar no favor intangível na vida pessoal e subjetiva dos voluntários. Saber que você faz a diferença no mundo traz benefícios do ponto de vista da satisfação e da autopercepção que os voluntariados têm de si mesmos enquanto pessoas que vivem de forma ativa.

ESG Insights – Uma vez que tornar o voluntariado secção da cultura e estratégia ESG das empresas?

Abel Reis –
Um programa de voluntariado requer planejamento. Isso significa estabelecer quais são suas metas, os recursos disponíveis, os controles e as métricas para medir o seu progresso e o que você quer atingir. Se você não tiver uma abordagem estruturada, corre-se o risco de as iniciativas acontecerem com nível de engajamento variável dentro da organização.

“É preciso planejamento e estruturação de um programa de voluntariado para que a gente possa colher os frutos. Se não, fica parecendo aquela coisa de ‘uma andorinha só não faz verão’”

As pessoas podem se conectar muito a uma determinada ação, mas a outra nem tanto. Essa oscilação prejudica o atingimento de objetivo maiores que estejam eventualmente elencados na agenda ESG.

É preciso planejamento e estruturação de um programa de voluntariado para que a gente possa colher os frutos. Se não, fica parecendo aquela coisa de “uma andorinha só não faz verão”.

Os programas de voluntariado, quando devidamente atrelados aos programas de desenvolvimento de pessoas, também tendem a serem mais bem-sucedidos e elevam as chances de você, de veste, transformar o voluntariado em uma utensílio de ESG.

ESG Insights – Quais as principais causas em que os voluntários se engajam?

Abel Reis –
Depende muito da natureza da empresa, seu ramo de atuação e suas prioridades. Se uma empresa, por exemplo, está implementando uma fábrica em uma determinada localidade e vai possuir um impacto pela chegada dessa operação, o programa de voluntariado deve se voltar para mitigar ou varar os efeitos negativos.

Assim porquê se você elege porquê prioridade de investimentos sociais o tema da ensino, não importa se você vai investir na escola do bairro, ou em um conjunto de escolas públicas, ou em um programa ligado a universidades. Se a sua prioridade está no território da ensino, é esse o foco que a gente deve dar ao programa.

Não tem um sapato de número único que cabe em todos os pés. Quanto mais simples do ponto de vista da cultura corporativa são as prioridades e os valores dessa organização, mais exaltação e engajamento a gente vai depreender por secção dos colaboradores.

Caso contrário, provavelmente a iniciativa vai rodar por um ou dois anos, mas eventualmente vai perdendo potência e se enfraquecendo.

ESG Insights – E quanto ao recorte geracional? Tem alguma geração que se engaje mais com o voluntariado do que as demais? O que isso nos diz enquanto sociedade?

Abel Reis –
Depende de que lado do balcão você está falando. Do lado da empresa e de ações de voluntariado, eu me arrisco a proferir que, se a empresa consegue claramente trazer os colaboradores para uma vivência da cultura corporativa e se ela se preocupa em conectar as pessoas aos valores da organização, o recorte geracional não é tão importante.

Ele passa a ser relevante quando falamos da atração de talentos. Não faltam números para provar que os colaboradores e os talentos do mercado se sentem atraídos por empresas que têm um simples e possante compromisso com ações ESG. As empresas passam a não simplesmente contribuir para a geração de valor econômico para o acionista, mas também contribui com o valor socioambiental para o mundo.

À medida em que você aproxima o programa de voluntariado dos programas de desenvolvimento de pessoas, você vai tornando as iniciativas da empresa mais atraentes para um público mais jovem e que claramente se apaixona e se interessa por isso.

A meu ver, isso só reforça o ponto de que voluntariado tem que ser percebido porquê um conjunto de iniciativas e que ele é relevante para afetar a imagem que a empresa tem para o mundo exterior. Nisso, eu incluo os talentos que você quer contratar para trabalhar na sua organização.

Indo para o outro lado do balcão, ou seja, das pessoas que são positivamente afetadas por ações de voluntariado, existem milhares de jovens que são impactados por diversas iniciativas, com ações voltadas, principalmente, à ensino e ao esporte.

ESG Insights – Quais as tendências em relação ao voluntariado nos próximos anos?

Abel Reis –
A grande oportunidade que a gente tem para alavancar o tema do voluntariado é a transformação do dedo, com ações de voluntariado que não necessariamente exigem presença física. Podemos ter novas modalidades que se beneficiam das tecnologias digitais, porquê as tecnologias dos jogos, de verdade virtual, dos metaversos, do EAD.

Do mesmo modo em que vemos o incrível sucesso das ferramentas de match making
e de recrutamento e oferta de empregos no mercado, o voluntariado precisa encontrar a sua utensílio de engajamento e atração de pessoas para oportunidades de tributo e de ação voluntária.

ESG Insights – Na sua opinião, em que estágio estamos enquanto país? No que falta seguir?

Abel Reis –
Já vivemos tempos melhores no voluntariado. Os anos 1990 foram anos em que esse tema estava mais em evidência para toda a sociedade brasileira. Com o passar do tempo e por diversas razões, o engajamento das pessoas acabou esfriando.

No fundo, tem a ver com uma consciência cidadã que, de alguma maneira, a gente foi enfraquecendo na nossa sociedade e isso é alguma coisa que você constrói nas bases. Ou você constrói isso através de programas nas escolas ou vai caber a organizações da sociedade social o papel de tentar manter a labareda acesa.

“Estou longe de ser pessimista, muito longe. Mas temos que reconhecer [os problemas] e não descobrir que está tudo muito”

Recentemente, nós vivemos dois momentos em que houve um recrudescimento do espírito do voluntariado e das ações voluntárias. O primeiro foi em 2020 e 2021. Houve um estalo: uma vaga de altíssimo impacto na nossa vida, porquê uma pandemia, não pode nos fazer indiferentes.

Outro momento foi com as enchentes do Rio Grande do Sul, em que a vocábulo voluntariado tomou conta das buscas e da mídia. Em uma situação trágica e em que você vê o impacto tremendo que um evento climatológico porquê esse tem na vida das pessoas, me parece que dá novamente aquele estalo.

Eventos porquê a pandemia, e em próprio esses últimos eventos climáticos – e que talvez não sejam de fatos os últimos, porque vamos viver outras situações difíceis porquê essas nas próximas décadas –, de alguma maneira lançam uma espécie de apelo às pessoas pelo espírito de responsabilidade social individual que a gente deve ter porquê ser humano neste planeta.

Eu tenho a expectativa de que, se juntarmos esses impulsos com o potencial que a tecnologia do dedo pode nos oferecer, podemos viver uma novidade vaga de exaltação e aceleração pelo voluntariado.

Estou longe de ser pessimista, muito longe. Mas temos que reconhecer [os problemas] e não descobrir que está tudo muito. Temos que engajar comunidades, empresas e universidades, para que possamos, de veste, mudar a mentalidade brasileira mais profundamente.

Foto: Divulgação

Abel Reis, presidente do Recomendação da ONG Parceiros Voluntários

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