Paris recebe tocha olímpica em ‘Dia da Bastilha’, data marcada pela festa nacional da França

Ludovic MARIN

A tocha olímpica chegou neste domingo à capital francesa aproveitando o tradicional desfile militar do Dia da Bastilha, sarau vernáculo da França celebrada em 14 de julho, e entrou na reta final da sua viagem antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris.

A labareda iniciou a sua passagem por Paris às 09H45 GMT (06h45 no horário de Brasília), na segmento final do comboio do desfile militar na Avenida Foch, com Thibaut Vallette, vencedor olímpico de hipismo na Rio-2016, o primeiro a carregar a labareda olímpica na capital.

A passagem da tocha pelas ruas parisienses terminará na próxima segunda-feira (15) à noite, com a chegada à Place de la Republique, onde se realizará um concerto gratuito.

Neste ano, devido à preparação das instalações para os Jogos, o tradicional desfile militar não foi realizado na Champs-Élysées, uma vez que geralmente acontece, mas na Avenida Foch.

Durante dois dias, a labareda percorrerá 60 quilômetros nas mãos de 540 pessoas, sob um espaçoso dispositivo de segurança formado por tapume de 18 milénio agentes.

“É uma emoção receber a labareda em Paris, ela chegou”, disse com certa euforia Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador do Paris-2024, à rede de televisão France 2.

– Teste antes da cerimônia de buraco –

O desfile pela capital representa um teste antes da cerimônia de buraco dos Jogos em 26 de julho.

Entre os que carregam a labareda encontram-se cidadãos comuns, mas também diversas personalidades do esporte e cultura.

Uma delas é a mito do futebol Thierry Henry, treinador da seleção de futebol masculina nos Jogos Olímpicos deste ano.

“Não é um pouco que se possa recusar. É o dia do feriado na Champs-Élysées”, disse Henry.

A passagem da tocha gerou um interesse bastante tênue. “Nem sequer sabia que passaria por cá”, admitiu Manon Skura, uma estudante de 22 anos que disse estar mais concentrada nas obras de construção na capital para albergar os Jogos Olímpicos.

A labareda passa pelos principais monumentos parisienses, uma vez que a Catedral de Notre-Dame, o Panthéon e a Universidade de Sorbonne, com exceção das zonas conhecidas que vão albergar as competições dos Jogos e onde os preparativos impedem a passagem da tocha – uma vez que a Place de la Concorde e a esplanada da Torre Eiffel.

“Esta tocha representa o consenso, a silêncio e a França, que é um país hospitaleiro”, disse à AFP o franco-maliano Lassana Bathily, que teve uma atuação heroica durante o atentado de janeiro de 2015 contra um supermercado em Paris, posteriormente carregar a labareda na ingressão do Panthéon.

Leste ano, o Champ de Mars não estará descerrado ao público para escoltar os fogos de artifício, por ser um sítio que receberá competições.

O tradicional espetáculo pirotécnico começará no exato momento em que a tocha chegará à Câmara Municipal de Paris, por volta das 21H10 GMT (18h10, no horário de Brasília).

A labareda passará a noite de domingo para segunda-feira nos salões dourados do Hotel de Ville e, na segunda-feira, fará mais um passeio por Paris.

– Dos bairros ricos aos populares –

Depois de um desfile no domingo pelos bairros do oeste e do sul da capital, considerados os mais ricos, a labareda passará na próxima segunda-feira pelos bairros mais populares do setentrião e do leste.

Com o desfile pela capital, os organizadores do Paris-2024 pretendem reavivar o espírito olímpico entre os franceses, posteriormente um mês com os Jogos ofuscados pelas eleições legislativas na França.

Depois as eleições antecipadas convocadas pelo presidente Emmanuel Macron, na sequência da vitória do Reagrupamento Vernáculo (extrema direita) nas eleições europeias, a política francesa encontra-se em estado de incerteza, uma vez que ainda não se sabe qual força formará um governo.

Desde a sua chegada a Marselha em 8 de maio, a tocha olímpica tem sido um enorme sucesso popular na França, reunindo tapume de 5 milhões de espectadores ao longo do seu trajectória.