Quatro dias de trabalho: como estão as empresas que adotaram a escala 4×3 no Brasil?

Uma proposta que procura finalizar a graduação de trabalho 6×1, em que o funcionário só tem um dia da semana livre para folga, está repercutindo no Congresso e nas redes sociais. Isso porque a sugestão do Movimento VAT é de que o regime de trabalho ideal seja o 4×3, em que o funcionário folga três dias por semana.

Esse protótipo já está sendo adotado por muitas empresas na Europa e foi testado no Brasil leste ano. O primeiro teste piloto foi concluído em julho e contou com 21 empresas que decidiram testar o regime de trabalho 4×3 durante seis meses. A pesquisa foi conduzida pela 4 Day Week Brazil em parceria com diversas organizações e pesquisadores, incluindo a Instalação Getulio Vargas (FGV-Eaesp), e envolveu 290 funcionários – sendo que 19 empresas completaram a implementação.

Renata Rivetti, técnico em felicidade corporativa e fundadora da Reconnect Happiness at Work (empresa que trouxe o piloto da semana de quatro dias para o Brasil) afirma que o objetivo das empresas que aceitaram participar do teste no Brasil é de melhorar o bem-estar dos funcionários e aumentar a produtividade das companhias.

“Acredito que essas empresas estão dando um passo importantíssimo para revolucionar o mundo do trabalho, possibilitando mudanças na forma de trabalhar, se tornando mais produtivas e saudáveis”, afirma Rivetti.

O resultados do teste piloto no Brasil

Posteriormente 3 meses de planejamento em 2023, de janeiro a junho de 2024, as empresas participantes do teste piloto implementaram a semana de 4 dias no Brasil, tendo a liberdade de ajustar o formato conforme suas necessidades, desde que mantivessem os salários inalterados, os resultados iguais e proporcionassem uma redução de 20% no tempo de trabalho. 

Os resultados indicam melhorias significativas em várias áreas:

  • Produtividade e engajamento: a produtividade aumentou para 71,5% dos participantes, e o engajamento cresceu para 60,3%.
  • Muito-estar: houve uma redução de 72,8% na exaustão frequente, 49,6% na insônia e 30,5% na impaciência semanal. A média de horas de sono aumentou de 6,7 para 7,0 por noite.
  • Saúde: 7% avaliaram sua saúde física uma vez que boa a magnífico, e 77,3% fizeram o mesmo para a saúde mental.
  • Trabalho e cultura organizacional: 2% perceberam melhorias na cultura da empresa, e 80,7% notaram mais originalidade e inovação.
  • Impacto social: 1% relatou melhor colaboração, e 71,3% mais vontade para família e amigos.

“A pesquisa mostra que o piloto deu muito patente, porque as empresas participantes estavam dispostas a redesenhar suas formas de trabalhar e a implementarem novas ferramentas para reduzir improdutividade”, conta Rivetti.

A empresa que cresceu 86%

Uma das empresas que fizeram o teste foi a Vockan, empresa de tecnologia que adota a semana de 4 dias de trabalho há dois anos. Segundo Fabrício Oliveira, CEO da Vockan, o objetivo para adotar essa graduação era unicamente um: dar resultado com pessoas saudáveis.

“A adoção da graduação se 4 dias de trabalho se deu para endereçar questões ligadas à saúde mental e à atração e retenção de talentos”, diz. “Foi uma resposta ao horizonte do trabalho, acompanhando tendências internacionais que já mostravam lá fora o sucesso da iniciativa.”

A Vockan conta atualmente com 132 funcionários e projeta perceber 200 colaboradores até o final de 2025. Com sede em São Paulo e um escritório em Atlanta, nos Estados Unidos, a empresa tem colhido resultados positivos com a novidade graduação de trabalho.

Um estudo interno revelou um aumento de 32% na produtividade, além de melhorias significativas na atração e retenção de talentos, com uma taxa de rotatividade próxima de zero. A satisfação dos funcionários também é destaque: mais de 70% se declaram muito felizes, enquanto 28% se dizem felizes. Esses avanços refletem diretamente na experiência dos clientes, com a empresa atingindo 98 pontos na pesquisa de satisfação NPS, afirma o CEO.

“Nesse período em que testamos os 4 dias de trabalho, ou seja, em dois anos, crescemos 86%, ampliando a operação e fazendo novas contratações”, diz Oliveira que segue otimista para 2025. “Vamos continuar crescendo, inclusive com processos de M&A em curso.”

A novidade graduação em um setor tradicional 

A Alimentare, empresa especializada em serviços de alimento e refeições coletivas, foi outra empresa que fez o teste piloto leste ano e decidiu adotar a graduação de trabalho 4×3.

“A empresa toda tem 150 funcionários considerando toda a equipe da operação que trabalha nas unidades de alimento e nutrição, mas a equipe que segue a graduação 4×3 por enquanto são as 10 funcionárias do nosso corporativo”, afirma Caroline Soldi Malgarin Medeiros, Coordenadora de Planejamento Estratégico da empresa.

Os resultados têm sido positivos tanto para os funcionários quanto para a empresa. Segundo Margarin, a novidade graduação trouxe melhorias significativas na saúde física e mental das funcionárias, além de maior disposição, originalidade e engajamento. “Para a empresa, os benefícios também são evidentes: o faturamento aumentou 15% e a lucratividade em 7% em confrontação ao mesmo período do ano pretérito, e o turnover zerou”, diz a executiva da Alimentare.

“Ter funcionários satisfeitos trabalhando gera um envolvente mais colaborativo e produtivo. Ou por outra, não tivemos nenhum dispêndio direto suplementar com a implantação desta graduação nos setores administrativos”, afirma a coordenadora.

Os desafios da graduação 4×3

O maior duelo no caso da Vockan foi engajar as lideranças, afirma Oliveira. “Quem mais resistiu à adoção foram os C-levels, descrentes de que era verosímil aumentarmos a produtividade reduzindo a jornada, mas sem alterarmos remuneração e benefícios”, diz.

Para evitar esse tipo de conflito, Oliveira sugere que a companhia monte um projeto piloto e comprove na prática os ganhos do protótipo.

No caso da Alimentare, o processo de transição também teve os seus desafios. “Foi difícil, em poucos meses, repensar o modo de trabalho de uma vida inteira e principiar a fazer dissemelhante. Houve um esforço conjunto para que isso desse patente”, afirma Margarin.

O redesenho de processos, envolvente, tecnologia e informação exigiu o engajamento de toda a equipe da Alimentare, mas os resultados demonstram que o esforço valeu a pena, conta a executiva. “A Alimentare segue uma vez que exemplo de inovação em um setor tradicional, mostrando que é verosímil crescer enquanto se prioriza a saúde e a qualidade de vida dos funcionários”.

Será o término da graduação 6×1?

Um ponto importante que a proposta do término da graduação 6×1 traz para o mercado de trabalho no Brasil, segundo Rivetti, é a possibilidade de ressignificar o trabalho na forma com que nos relacionamos com ele.

“A tecnologia evoluiu completamente e, ao invés de reduzir nossa sobrecarga, ela tem só nos deixado 24 horas conectados”, diz. “Logo, o que tem em geral das semanas de quatro dias com a redução da graduação (6×1) é a gente tentar, de trajo, olhar o trabalho de uma novidade forma e saber que ele tem que fazer segmento de forma mais harmônica na nossa vida.”

Em relação ao piloto da semana de 4 dias no trabalho, as inscrições para a segunda edição do projeto já estão abertas, afirma Rivatti:

“Nesse momento, estamos em período de inscrições, de planejamento, mas a teoria é que em 2025 a gente possa substanciar também o piloto da semana de 4 dias, tentar trazer novos olhares, novos segmentos e outras empresas para que a gente possa, de trajo, expandir a mensagem”.

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