O que precisa mudar na internet?

Recentemente, decidi dar uma pausa na minha produção de conteúdos para o LinkedIn. Assim o fiz. Percebi que estava consumindo o ativo mais valioso que tenho – o tempo – e a maneira uma vez que estava fazendo não estava alinhada com os meus objetivos.

Esse texto não é sobre produção de teor, mas sobre a internet onde a gente deseja estar – aquela que faça valer o tempo, e não o contrário.

Se você é cronicamente online uma vez que eu, sabe que é fácil perceber que estamos entrando em mais um ciclo da internet. Vivemos superestimulados, com uma avalanche de informações a todo momento, enquanto scrollamos infinitamente nossos feeds, com uma capacidade de prestar atenção cada vez menor, causando o tal do brainrot.

A cultura do dedo é hoje a principal força que move as tendências. Para realmente velejar nessa era social, é preciso entender seus códigos culturais. Ninguém quer ouvir falar de cópias, mas sim de ser fidedigno.

O problema é que o algoritmo não é programado para autenticidade. O algoritmo é programado para números, resultados, métricas. Assim, vamos aos poucos perdendo a linguagem oriundo de estar na internet para dar lugar a um mar de conteúdos feitos por IA (sim, dá para perceber) e uma vida ensaiada, que cada vez mais se distancia do que é real.

Precisamos ser honestos: estamos todos cansados da internet – é hora de recalcular a rota.

Uma vez que chegamos até cá?

A promessa do Metaverso não deu evidente. A fadiga causada pelo uso do celular só aumenta. A internet, antes um espaço de frase e encontros, agora parece diminuir a régua do bom teor. O que antes era considerado criativo tornou-se um campo saturado de “cores” e “aesthetics” (quiet luxury, that girl aesthetic, Y2K…)

Ninguém realmente sabe o que está fazendo. Não importa quem você seja, ninguém consegue interpretar o algoritmo. Cada teor viral surge uma vez que uma peça isolada, contando um tanto e, ao mesmo tempo, falando zero.

A Indústria da raiva

As redes sociais operam com algoritmos que priorizam conteúdos que geram engajamento.

Isso frequentemente resulta na promoção de postagens que despertam emoções intensas, uma vez que raiva e indignação. Esse tipo de teor tende a ser mais compartilhado e comentado do que publicações neutras.

Para se evidenciar no envolvente do dedo, táticas de “provocação promocional” estão em subida: opiniões controversas e vídeos impactantes que chocam e atraem a atenção do público.

Fica a reflexão: será que todos estamos nos tornando provocadores? E se a atenção se tornou a novidade moeda, será que nossa procura principal é gerar raiva?

O outro lado: em procura de esperança

Prefiro manifestar que nem tudo está perdido. Ainda existem páginas e criadores de teor que resgatam o que há de bom em meio ao caos do dedo.

Existe um libido crescente de encontrar pequenos refúgios nesse caos. Por isso vemos o uso do humor uma vez que um tanto tão crescente nas redes (mas quem leu o texto “Toda marca precisa ser engraçada para se conectar com a Gen Z?”, sabe que é preciso pensar 2 vezes antes de usar).

A relação com o teor mudou. Nos cansamos de fabricar uma imagem online perfeita e agora buscamos um tanto mais real.

O caminho entre o caos e a ordem

Atualmente, a internet se encontra em um limbo entre o que poderia ter sido e o que se tornou. Uma eterna dança entre o excesso de informações e a procura por satisfação, lidando com a tensão entre o que permanece oculto e o que é incessantemente compartilhado.

Estamos em uma corrida para preservar identidades, tanto de marcas quanto de indivíduos, enquanto tentamos prometer seus legados digitais. Em meio a esse caos, o que realmente precisamos é de espaço e tempo para refletir e fabricar um tanto significativo — mesmo que isso contrarie o que muitos têm nos dito.

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