
Alta de juros, alta da Bolsa? Para o BofA, é mais fácil falar do que acontecer
O mercado se encontra em um cenário atípico, com investidores demonstrando otimismo em relação aos impactos da esperada subida de juros na bolsa de valores.
A tese preponderante sugere que uma Selic mais subida contribuiria para ancorar as expectativas de inflação e reduzir a taxa de juros de longo prazo.
Com a queda dessas taxas, projeta-se lucros maiores para as empresas e, consequentemente, uma valorização das ações — uma situação atípica, mas que estaria prestes a intercorrer na visão de boa segmento dos gestores de ações, que veem os múltiplos da bolsa brasiliano muito depreciados.
Na prática, o cenário pode ser mais reptante, de convenção com o Bank of America Merrill Lynch “A história sugere que essa tese é mais fácil de recontar do que de se concretizar.”
O banco destaca que, das oito vezes em que o Banco Medial elevou os juros desde 2002, unicamente em três ocasiões a taxa de juros de longo prazo estava mais baixa seis meses em seguida o início do ciclo de subida.
“Embora o aumento da credibilidade do Banco Medial seja positivo, identificamos alguns fatores de preocupação com o ciclo de subida”, afirma o BofA.
Um dos fatores negativos, segundo o banco, é que a subida dos juros “provavelmente” já foi precificada pelos investidores. Ou por outra, a queda das taxas longas estaria atrelada ao cenário fiscal.
“Juros mais altos por um período prolongado implicam em uma maior relação dívida/PIB e riscos para o desenvolvimento. As empresas enfrentarão maiores despesas financeiras, o volume de negociação de ações permanecerá pressionado, e os saques de fundos de ações podem continuar.”
O BofA projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elogiar a taxa Selic dos atuais 10,5% para 12% até o término do ciclo de subida. No entanto, o banco ressalta que há uma verosimilhança de o ciclo ser mais limitado do que o previsto, em razão do movimento inverso do Federalista Reserve (Fed).
A expectativa é de que o Fed inicie seu ciclo de cortes na próxima semana, enquanto o Copom deve prosseguir com as elevações.
Apesar disso, o BofA acredita que o período de juros mais altos no Brasil será breve. O banco projeta que o Copom poderá inaugurar a reduzir a Selic em setembro do próximo ano, um ano em seguida o início esperado das altas.