
Inflação brasileira sobe para 4,42% devido à seca histórica
Um helicóptero joga chuva em um incêndio no Morro da Formiga, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, em 1º de outubro de 2024
Pablo PORCIUNCULA
A inflação brasileira aumentou em setembro para 4,42% em 12 meses, sobretudo devido ao impacto da seca histórica vivida no país nos custos de vontade e sustento, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (9).
A variação mensal de 0,44%, a mais elevada em um mês desde setembro de 2021, todavia, é ligeiramente menor do que a prevista pelos analistas consultados pelo jornal Valor Econômico (+0,45%).
Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Espaçoso (IPCA), calculado pelo Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE), teve uma variação negativa de 0,02% pela primeira vez desde junho de 2023 e a inflação em 12 meses se manteve moderada em 4,24%.
A marca de setembro está próxima ao limite superior tolerado pelo Banco Mediano (BCB), cuja meta varia entre 1,5% e 4,5%.
O IBGE atribuiu o índice ao aumento dos preços da vontade nos lares (+5,36%) e dos víveres (+0,5%).
Ambos os fatores estão ligados à seca: “A mudança de bandeira tarifária de verdejante em agosto, onde não havia cobrança suplementar nas contas de luz, para vermelha patamar um, por motivo do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa subida” universal dos preços, explicou André Almeida, diretor de pesquisa do IBGE.
Em relação aos víveres, “falando especificamente das carnes a possante estiagem e o clima sedento foram fatores que contribuíram para a subtracção da oferta (…) o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática”, afirmou; isto também reduz a disponibilidade de produtos alimentares.
O Brasil vive há meses a sua pior seca desde que se tem registro, que segundo especialistas está associada à mudança climática.
O tempo sedento favorece a propagação de incêndios, a maioria de origem criminosa segundo as autoridades, que atualmente assolam diversas regiões, porquê a Amazônia.
O aumento dos preços ocorre em seguida o BCB aumentar as taxas de juros em setembro, pela primeira vez em dois anos, para 10,75%, devido a preocupações com a inflação.
A decisão foi questionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem as taxas elevadas dificultam o propagação, tornando o crédito mais dispendioso e desencorajando o investimento.
Na terça-feira, o Senado aprovou a nomeação do novo presidente do Banco Mediano, Gabriel Galípolo.
O novo dirigente é considerado um coligado de Lula, mas garantiu aos senadores que o presidente lhe garantiu “liberdade na tomada de decisões”.
O economista de 42 anos vai substituir Roberto Campos Neto, que Lula chegou a acusar de trabalhar para prejudicar o país e que foi nomeado por seu predecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro.