Boeing e Airbus, um ‘duopólio’ sem turbulências à vista no setor aeronáutico

JUSTIN TALLIS

Um Airbus A321-XLR no Salão Aeronáutico de Farnborough em 22 de julho de 2024

JUSTIN TALLIS

As líderes do setor aeronáutico Boeing e Airbus estão sobrecarregadas pela demanda, mas a chinesa Comac ou a brasileira Embraer não estão em condições de desafiar a limitado prazo esse duopólio, em um mercado com “barreiras de ingressão” muito altas, asseguram os especialistas do setor.

A americana Boeing e a europeia Airbus acumulam uma carteira de pedidos de 15.000 aviões e, atualmente, quem quiser comprar uma aeroplano dessas empresas, a receberá somente no final da dez, já que as turbulências da calabouço de suprimentos e os problemas de produção as impedem de aumentar a produtividade.

O problema se dá porque nos próximos 20 anos, as companhias aéreas necessitarão de mais de 42.000 aeronaves para substituir suas frotas por aviões que emitam menos CO2 e responder ao aumento do tráfico airado mundial.

Richard Evans, crítico da empresa especializada Cirium, explica que até 2028 haverá um “importante déficit” de produção do A320. Será ainda “maior” para os 737 MAX, acrescenta.

Mas ainda assim não há previsão de ingressão de um terceiro grande ator no setor.

O C919 da Comac iniciou seus voos comerciais na China no ano pretérito e diz ter mais de 1.200 encomendas, quase exclusivamente na China, segundo a companhia estatal.

Criada por Pequim para tentar desprestigiar uma secção do mercado aeronáutico mundial e reduzir sua sujeição da tecnologia estrangeira, até o momento poucos C919 são fabricados.

Aliás, porquê só possui certificação na China, os C919 não podem voar com passageiros nos Estados Unidos ou na Europa.

Para Pascal Fabre, perito da empresa AlixPartners, há muitas “barreiras”, sobretudo políticas, para que esse avião consiga seu espaço nas grandes companhias aéreas ocidentais.

– Evitar se colocar em risco –

Airbus e Boeing não desprezam a capacidade da Comac. “Consideramos a Comac um grande rival”, admitiu Christian Scherer, diretor da subdivisão de aviões da Airbus.

Mas, até o momento, segundo ele, a “Comac não trouxe zero de novo ao mercado em termos de diferenciação em relação aos produtos de referência”, que são o A320 e o MAX. Para ele, “o C919 é uma espécie de A320 neo”, o padrão mais vendido do operário europeu.

Isso, segundo Scherer, “demonstra que a Comac tenta se harmonizar a um mercado que ainda está muito influenciado pela Airbus e Boeing”.

Para Pascal Fabre, no entanto, a brasileira Embraer tem “claramente” as capacidades técnicas para desenvolver um avião de média intervalo capaz de competir com as duas gigantes. Mas não a carteira de investimentos.

“A empresa está avaliada em tapume de US$ 5 bilhões. O desenvolvimento de uma novidade aeroplano mercantil, mesmo para a Embraer, é pelo menos esse valor, por isso precisaria de parcerias”, explica.

A Embraer, que fabrica a família E2 (os jatos bimotores modelos 175, 190 e 195, de alcance médio e com capacidades entre 80 e 144 passageiros), iniciou há alguns anos negociações com a Boeing para lhe vender sua subdivisão de aviões comerciais.

Mas em abril de 2020, quando o mundo estava confinado por pretexto da pandemia de covid-19, a gigante de Seattle desistiu do negócio.

Desde logo, a Embraer preferiu se concentrar em desenvolver seus aviões atuais, porquê confirmou seu diretor, Francisco Gomes Neto, à Aviation Week. “Não queremos colocar a empresa em risco”, assegurou.

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