
Protestos na Argentina pedem envio de alimentos para cozinhas comunitárias
Vista aérea de uma mobilização de movimentos sociais barrada por forças de segurança em seu caminho rumo ao Palácio de Olivos, residência presidencial, em protesto contra as reformas e cortes propostos pelo presidente Javier Milei contra os setores mais vulneráveis da sociedade, em Olivos, província de Buenos Aires, em 7 de maio de 2024
LUIS ROBAYO
Várias marchas foram realizadas nesta terça-feira (7) na Argentina, em um dia de protestos de organizações sociais pela entrega de mantimentos às cozinhas comunitárias que as entidades gerenciam e que dizem ter sido interrompida em dezembro, quando o governo de Javier Milei iniciou uma auditoria.
A principal revelação ocorreu por volta do meio-dia em frente à residência presidencial de Olivos, na periferia setentrião de Buenos Aires, onde centenas de manifestantes cobraram maior assistência do governo.
Uma possante esquema de segurança envolvendo a Polícia Federalista, o Corpo de Infantaria e a Gendarmeria foi montado ao volta da residência para evitar a aproximação dos manifestantes e desobstruir o trânsito.
Caminhões equipados com jatos d’chuva e caravanas de policiais motorizados também participaram da operação, que foi implantada a vários quarteirões do lugar.
Milei, que chegou de uma viagem aos Estados Unidos por volta do meio-dia, não estava presente.
“A operação é uma pena porque cá não há assassinos ou criminosos, há pessoas que estão com inópia, necessitadas e que estão reivindicando, e têm o recta de fazê-lo”, disse o líder do protesto, Eduardo Belliboni, aos repórteres.
Paralelamente, os organizadores anunciaram 500 bloqueios (piquetes) em todo o país, embora fora do relâmpago da capital argentina, para tentar contornar o “protocolo antipiquetes” do Ministério da Segurança.
A ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, responsável pela pasta que gerencia a ajuda social, foi convocada pela justiça para detalhar a assistência prestada desde dezembro às cozinhas populares em um país onde metade da população vive na pobreza.
Em fevereiro, o líder do Movimento dos Trabalhadores Excluídos (MTE), Juan Grabois, denunciou criminalmente Pettovello “por não providenciar a entrega de mantimentos nas cozinhas de bairro e comunitárias de toda a República Argentina, violando as normas que ordenam prometer mantimentos aos que sofrem em situação de extrema pobreza.
“Pettovello assinou acordos de assistência cevar com igrejas evangélicas e com a Cáritas Argentina, vinculada à Igreja Católica.
Esta é uma semana de grande motim na Argentina, depois de uma greve parcial dos transportes na segunda-feira e antes da greve universal marcada para quinta-feira (9), a segunda convocada pelo sindicato CGT desde que Milei assumiu o função em dezembro.
“A greve não tem outra motivação senão estritamente política”, disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni. “Com todos os danos e maldades que causaram no governo anterior, eles ainda (os sindicatos) não explicaram porque nunca disseram zero”, acrescentou.
A Argentina vive possante recessão econômica, com uma inflação anual próxima dos 290% e um ajuste fiscal que permitiu o primeiro superávit trimestral desde 2008, mas à custa do fechamento de órgãos públicos, milhares de demissões, galanteio de subsídios, aumento de tarifas e desvalorização de salários e pensões.