Com ameaças de ataque israelense, Irã discute abertamente a bomba nuclear
A iminência de um ataque israelense contra o Irã, em resposta ao lançamento de quase 200 mísseis, na semana passada, trouxe à tona uma retórica que vem ganhando força e consistência em Teerã desde o início das guerras pós-7 de outubro: a opção nuclear porquê utensílio de sobrevivência do regime. Observadores internacionais apontam para o aumento do volume de material enriquecido, necessário para uso militar, autoridades locais dizem estar a “uma decisão de intervalo” de obter uma explosivo e países ocidentais veem uma suposta cooperação nuclear com a Rússia.
Nos últimos meses, o país tem ampliado o ritmo de enriquecimento de urânio — segundo relatório da Filial Internacional de Vigor Atômica, em agosto o Irã tinha 142 kg de urânio enriquecido a 60%, próximo do necessário para uso militar (mais de 90%), e 814 kg de urânio enriquecido a 20%. Os valores são 16% mais altos do que em junho.
“A produção e aglomeração contínuas de urânio altamente enriquecido pelo Irã, o único Estado não-nuclear a fazê-lo, aumenta as preocupações da escritório”, afirmou o diretor-geral da Filial Internacional de Vigor Atômica (Aiea), Rafael Mariano Grossi, em relatório que detalhou o material reunido. Em junho, 20 países que integram a escritório aprovaram uma solução não-vinculante condenando o Irã e pedindo o termo das restrições.
O Irã, um dos primeiros signatários do Conformidade de Não Proliferação Nuclear (NPT), em 1968, alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e que as armas atômicas são vetadas pelo Islã, porquê o próprio Khamenei declarou em uma fatwa (decreto religioso) emitido em 2003. O governo ainda vê porquê desproporcional a pressão da Aiea, alegando que Israel, que não integra o NPT e que teria até 90 ogivas operacionais, não é fim do mesmo escrutínio. Mas o acúmulo de material nuclear, somado à retórica elevada de lideranças locais, põem em xeque essa premissa.
Em maio, semanas depois de uma troca de ataques entre Israel e Irã que deixou a região à borda de uma guerra, outro ex-chanceler insistiu na epístola nuclear, em tom ainda mais minaz e direcionado aos israelenses.
“Não tomamos a decisão de erigir uma explosivo nuclear, mas se a existência do Irã for ameaçada, não haverá escolha a não ser mudar nossa teoria militar”, disse Kamal Kharrazi, hoje mentor de Khamenei. — No caso de um ataque às nossas instalações nucleares pelo regime sionista, nossa dissuasão mudará.
Nesta terça-feira, o atual chanceler, Abas Araghchi, fez uma novidade prenúncio, agora diante de um iminente bombardeio israelense, em resposta aos mísseis lançados pelo Irã contra Israel, na semana passada, e que teria porquê alvos as instalações nucleares iranianas.
“Aconselhamos o regime sionista (Israel) a não testar a solução da República Islâmica. Se qualquer ataque contra nosso país ocorrer, nossa resposta será mais poderosa”, disse Araghchi.
A agressividade dos discursos, somada à menção recorrente à “epístola nuclear”, pode ser explicada pelas mudanças regionais desde os ataques do Hamas. A guerra israelense em Gaza, os ataques contra os houthis no Iêmen e contra milícias pró-Teerã no Iraque e, mais recentemente, a ofensiva contra o Hezbollah no Líbano testaram o chamado “Eixo da Resistência”, elemento crucial de dissuasão do Irã contra Israel.
Ações de lucidez dentro do território iraniano, porquê o asssassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, e a interceptação de boa secção dos mísseis lançados contra Israel (com o espeque dos EUA) abalaram outros dois pilares defensivos. E um Benjamin Netanyahu cada vez mais disposto a uma guerra por ele planejada há décadas acendeu novos sinais de alerta.
“O prostração de suas capacidades contra Israel forçará Teerã a desenvolver novas fontes de dissuasão, aumentando a pressão para expandir o programa nuclear”, disse Gregory Brew, crítico sênior sobre Irã e virilidade na consultoria Eurasia Group, ao Wall Street Journal. “O que provavelmente veremos é mais pressão para seguir o programa e avisos de que ele pode não permanecer ‘pacífico’”.
Em relatório, publicado em setembro, o site Iran Watch, que monitora as atividades armamentistas do Irã, afirmou que caso Khamenei reverta sua fatwa de 2003 (o que é verosímil dentro da lei islâmica) e dê o sinal virente para uma explosivo, seria necessária uma semana para obter o material necessário para cinco ogivas. O processo final poderia levar de algums meses até um ano.
Uma das linhas centrais de Netanyahu sobre o Irã é a de que ele “fará o necessário” para impedir que o país obtenha armas nucleares, e os israelenses não descartam guerrear instalações conhecidas, porquê a mediano de Natanz. Especialistas questionam a decisão, e sugerem que isso poderia aligeirar os planos nucleares iranianos: boa secção das centrífugas usadas no enriquecimento estão no subterrâneo ou dentro de montanhas, e o país já usou, no pretérito, instalações clandestinas ao volta de seu vasto território. Até o presidente dos EUA, Joe Biden, se disse contra a teoria.
“Um ataque [de Israel], acredito, simultaneamente fortaleceria a lei iraniana de comprar armas nucleares, sem destruir permanentemente sua capacidade de atingir esse objetivo”, disse, em entrevista ao Boletim de Cientistas Atômicos, James Acton, do Fundo Carnegie pela Silêncio Internacional. “E eu acho que o Irã provavelmente expulsará os inspetores [da Agência Internacional de Energia Atômica] e tentará fabricar urânio altamente enriquecido para armas nas usinas de centrífugas”.
Em setembro, surgiu mais um fator de risco: EUA e Reino Uno apontaram para uma cooperação crescente entre Rússia e Irã no setor nuclear, que poderia incluir uma suposta assistência militar. Moscou tem 5.580 ogivas operacionais e não-operacionais, e saiu de todos os acordos de controle de arsenais com os EUA. Russos e iranianos têm acordos no campo de virilidade atômica desde os anos 1990, e a mediano de Bushehr tem tecnologia russa.
“A Rússia está compartilhando tecnologia que o Irã procura, e esta é uma via de mão dupla, incluindo questões nucleares, muito porquê algumas informações espaciais”, afirmou, no mês pretérito, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, citando a crescente parceria entre Teerã e Moscou desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, que inclui o fornecimento de mísseis e drones.
Com o agravamento das tensões no Oriente Médio e com os EUA a menos de um mês da eleição presidencial, a porta para uma solução diplomática está se fechando. Em setembro, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, se disse disposto a discutir a retomada do conformidade internacional sobre o programa nuclear do país, rasgado em 2018 por Donald Trump — que pode retornar à Lar Branca — e que não foi mais respeitado por Teerã.
O projecto, firmado em 2015, previa limites ao enriquecimento e armazenamento de material atômico, ao desenvolvimento de centrífugas e estabelecia inspeções frequentes e intrusivas. Em troca, sanções ligadas a atividades atômicas seriam suspensas, efetivamente trazendo o país de volta aos mecanismos de transacção internacional. Mas a crescente suspicácia de lado a lado, os avanços das atividades iranianas e pressões políticas parecem deixar um novo conformidade cada vez mais distante.
“Oferecido o quão avançado está o programa nuclear do Irã, Teerã tem muito pouco espaço para escalar sem tropicar nas linhas vermelhas dos EUA e de Israel”, afirma Kelsey Davenport, da Associação de Controle de Armas, em entrevista ao Financial Times. “Ainda há uma chance de soluções alternativas, mas o risco de erro de conta está crescendo e continuará a crescer na carência de medidas para desescalada”.