67% das empresas abertas aderem à governança corporativa, mas ritmo é de desaceleração, diz estudo

Quase 70% das companhias de capital ingénuo estão aderentes às práticas recomendadas pelo Código Brasílio de Governança Corporativa. A informação é da pesquisa “Pratique ou Explique 2024: Estudo dos Informes das Companhias Abertas Brasileiras”, elaborada pelo Instituto Brasílio de Governança Corporativa (IBGC).

Neste ano, a aderência média das empresas à governança foi de 67%, uma subida de 1,7 ponto percentual em relação a 2023. Desde 2019, quando os informes passaram a ser exigidos por companhias abertas na categoria A – autorizadas a manter ações e títulos de dívida em negociação na bolsa –, a subida foi de 15,9 pontos percentuais.

O relatório, produzido em parceria com a consultoria EY e o escritório jurídico TozziniFreire Advogados, aponta que, apesar do prolongamento visto todos os anos desde o primícias da série histórica, o ritmo de subida tem minguado ao longo dos anos, o que pode indicar uma provável perda da segurança da governança corporativa pelas empresas.

Danilo Gregório, gerente de Conhecimento e Relações Institucionais no IBGC, conta que o prolongamento dos índices é um ponto positivo, mas há pontos de atenção. “Entretanto, a queda no ritmo da elevação é um ponto que deve ser observado com atenção. É provável que estejamos próximos de um teto”, afirma.

As companhias que integram o Novo Mercado também apresentam uma média de aderência maior, de 78,8%. Trata-se de uma listagem da Bolsa de Valores que reúne as empresas abertas com os mais elevados padrões de governança corporativa, supra mesmo das exigências legais do país. A subida deste setor na verificação com 2023 foi de 0,8%.

Governança entre estatais

Apesar dos dados apresentarem um quadro de melhoria entre as companhias de capital ingénuo, a disparidade na verificação com empresas estatais é subida: a média de aderência entre elas foi de 80,8%, sendo o grupo com maior subida na verificação com 2023, de 3 pontos percentuais.

O setor privado apresentou uma aderência média de 66%, subida de 1,6 ponto percentual na verificação com 2023. Já as companhias estrangeiras obtiveram a taxa de 66,7%, subida de unicamente 0,1% entre o último ano. As empresas que integram o Índice Bovespa apresentaram neste ano uma evolução de 0,7 ponto percentual, atingindo a aderência média de 81,3%.

Para Fernanda Fossati, sócia na dimensão de Governança Corporativa de TozziniFreire Advogados, embora o prolongamento da taxa de aderência não tenha sido tão significativo neste último ano uma vez que nos anteriores, há também pontos positivos nessa desaceleração. “Ao estudar as respostas prestadas nos informes labareda atenção que muitas das práticas passam a ser adotadas por questões de conformidade , e não propriamente em procura do aprimoramento de uma jornada de governança”, explica.

Segundo Fossati, os primeiros anos da implementação dos informes impuseram uma grande mudança na governança das empresas, e a normalização desses padrões antes inéditos pode ser um dos motivos que explicam os crescimentos mais tímidos nos últimos anos.

Já para Desine Giffoni, sócia da dimensão de consultoria em riscos e governança corporativa da EY, o progresso da aderência das empresas mostra também a existência de uma agenda anual da governança corporativa. “Esses avanços refletem um reconhecimento crescente sobre a prestígio de integrar esses temas de maneira estruturada, promovendo uma avaliação cada vez mais assertiva de assuntos relevantes”, conta.

Foram avaliados 389 informes de companhias abertas divulgados até 7 de agosto deste ano.

Mostrar mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios