Raphael Montes celebra protagonismo na literatura de horror – e agora quer apostar mais no streaming

Com 12 anos de curso na literatura, Raphael Montes provou seu domínio na arte de fabricar história perturbadoras e personagens cativantes. O repórter e roteirista desembarca em São Paulo neste término de semana para participar da 27ª Bienal Internacional do Livro uma vez que uma das principais atrações desta feira.

O carioca de 33 anos é uma das figuras em subida no universo literário, espargido por obras de suspense policial que conquistaram o público e incentivaram sua ingressão no cinema e no streaming.

Raphael Montes começou a sacudir o universo da ficção em 2012, quando lançou seu primeiro livro “Suicidas”, num período em que os suspenses policiais não eram tão populares no Brasil. Desde portanto, publicou mais sete romances e se consolidou entre os autores mais lidos do país, sempre explorando tramas criminais.

Na TV, Raphael trabalhou uma vez que roteirista em séries uma vez que “Romance Policial – Espinosa”, do GNT, e “Bom Dia, Verônica”, da Netflix. Ele também escreveu roteiros de filmes, uma vez que a trilogia “A Rapariga que Matou os Pais”, que retrata os crimes de Suzane von Richthofen e os irmãos Cravinhos, exibida no Prime Video.

As criações de Raphael Montes ajudaram a dar um “gás” no gênero de suspense policial no Brasil, que se beneficia do crescente interesse por títulos locais.

Em abril, o repórter celebrou a estreia de “Uma Família Feliz” nos cinemas brasileiros, que marcou um novo capítulo em sua curso. Além de redigir o livro que inspirou o filme — lançado murado de um mês antes —, Montes também foi roteirista e diretor-assistente na produção cinematográfica.

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Em entrevista à EXAME, Raphael Montes comenta sobre seus recentes trabalhos na literatura, inspirações e curiosidades sobre sua vida que não estão nas páginas dos livros. Confira a seguir:

Uma vez que surgiu sua paixão pela literatura de gênero, mormente mistério e suspense?

Eu fui uma rapaz criada em uma morada com poucos livros. Meus pais nunca gostaram de ler. Minha tia-avó foi a responsável por me introduzir à leitura, quando me presenteou com o primeiro livro que li na vida, “Um Estudo em Vermelho”, de Sir Arthur Conan Doyle, a primeira façanha de Sherlock Homes. A partir disso, eu comecei a submergir em vários livros desse responsável, além de outros famosos do gênero policial uma vez que Agatha Christi e Sidney Sheldon. Também comecei a lambear muitos misterios da literatura juvenil brasileira, de autores uma vez que Pedro Bandeira.

Foi esse prazer que te motivou a redigir seus próprios livros e apostar em tramas de suspense?

Com certeza! Eu comecei a redigir minhas primeiras histórias aos 10 anos de idade. Muitos contos eu produzia nos cadernos escolares. Também tinha o prática de contá-las para os meus amigos e colegas de turma. Na era eu já me sentia a própria Sherazade de “As Milénio e Uma Noites”, por instigar os leitores com surpresas e viradas ao longo da história. A paixão pela leitura e a vontade de redigir surgiram justamente no gênero policial. Comecei a redigir contos nesse universo. Às vezes eu penso que se eu tivesse começado a gostar de ler por meio do gênero fantasia ou ficção científica, talvez eu seria um repórter dissemelhante hoje.

Eu lembro que quando comecei a redigir literatura policial, muitos editores me desmotivaram, porque insistiam: “A literatura brasileira contemporânea não vende e o gênero policial não é a melhor opção”. Mas a verdade é que naquele momento eu estava ingressando em um nicho que nenhum repórter estava investindo. Também não havia espaço para esse tipo de literatura nas feiras e nas gôndolas das livrarias.

Uma vez que você vê o prolongamento desse gênero no Brasil? 

Existe um movimento poderoso de valorização da literatura brasileira contemporânea. Eu testemunho isso desde o início da minha curso. A meu ver, essa vaga foi puxada pelos booktubers, booktokers e pessoas que fazem resenhas de livros nas redes sociais. Evidente que os livreiros e os eventos do setor tiveram grande relevância para essa viradela. Mas, é necessário reconhecer que os influenciadores digitais contribuíram para que as pessoas enxergassem o valor da literatura brasileira contemporânea.

De que maneira essa ‘vaga’ te favoreceu?

Meus livros cresceram muito também no boca-a-boca, muito no momento em que as pessoas estão reconhecendo que a literatura brasileira pode ser profunda, poética, provocadora e muito gostosa para consumir. As pessoas estão dando mais chance para os autores contemporâneos. Elas pararam para pensar que não faz sentido destinar mais atenção às narrativas estrangeiras e não olhar para aquelas que falam da nossa cultura e do nosso país. Vários gêneros estão sendo beneficiados. Na lista de autores mais vendidos, destacam-se importantes nomes uma vez que Carla Madeira e Thalita Rebouças.

Basta olhar para a formação da Bienal do Livro deste ano, que está direcionando os autores brasileiros às arenas principais. Anos detrás, e até na minha puerícia, esses espaços de prestígio eram reservados somente para autores estrangeiros, que atraíam os compradores de ingressos. Agora, testemunhamos o movimento inverso.

Esse estilo de literatura traz uma novidade perspectiva sobre os problemas do Brasil, muitos deles ignorados pela sociedade?

A literatura funciona com elementos muito específicos. O gênero policial trabalha com a violência, enquanto terror usa o susto. Já a ficção científica se agarra as distopias para fabricar uma verdade paralela. Em qualquer cenário, é provável fazer um debate sobre a verdade. Os aspectos sociais, críticos e políticos da literatura de gênero começaram a permanecer mais evidentes para o público no cinema.

Se pensarmos, por exemplo, em “Corra” [filme do diretor Jordan Peele], que aborda o racismo de uma maneira tão profunda que, talvez, um longa político e realista sobre esse tema não teria o mesmo alcance. Já a série The Handmaid’s Tale” [criada pela escritora Margaret Atwood], que começou uma vez que um livro, descreve uma verdade distópica a partir do machismo.

Quando eu primórdio a narrar uma história de violência, suspense ou transgressão para os leitores, tenho que pensar: essa ação é transgressão em que sociedade? para os brasileiros, quem é a vítima e o criminoso? na vida real, quem é punido? uma vez que a justiça funciona? faz diferença ser rico ou pobre, branco ou preto, hétero ou gay, varão e mulher? Todos os esses fatores determinam as minhas narrativas.

Eu acho que na literatura, é provável fabricar um vínculo emocional com quem está lendo e fabricar discussão sobre assuntos que são muito pertinentes, provocativos e muito contemporâneos. É um pouco que eu busco de propósito. Em “Uma Família Feliz”, meu livro mais recente, trago um debate sobre as pressões sociais da maternidade e sobre o papel da mulher numa sociedade de aparências. Há críticas também sobre uma classe média subida que se compara a escol e a cultura do cancelamento. Nas três temporadas de “Bom Dia, Verônica”, a discussão gira em torno da violência contra a mulher. “Jantar Secreto” é um livro absolutamente social e político, com uma história muito poderoso.

Uma vez que ocorreu a adaptação do livro “Uma Família Feliz” para o cinema?

É um pouco muito curioso. Na verdade, eu escrevi primeiro o roteiro para o filme e em seguida as filmagens foi feita uma adaptação. Quando o longa estava em produção, eu tive a teoria de redigir o livro abordando aspectos e possibilidades que normalmente o cinema não mostra. Foi a primeira vez em que eu fiz o contrário. Honestamente, o processo foi delicioso, porque em seguida redigir tantas escalas para o audiovisual, respeitando as limitações sobre o que vai ou não para as telas, no livro foi provável encontrar mais liberdade. É um lugar onde a critividade é ilimitada e posso descrever as complexidades dos personagens, entrar na cabeça deles. Para mim, a segmento engraçada de fazer uma adaptação da literatura para o cinema é que, mesmo que esses mundos sejam diferentes, eles podem ser complementares.

Você também está trabalhando em “Venustidade Irremissível”, a primeira romance do Max, e na série “Dias Perfeitos”, para o Globoplay. O que você pode nos antecipar sobre essas produções?

A série “Dias Perfeitos” já está pronta e será lançada no próximo ano. Mas, ainda não foi definida a data que a produção vai entrar no catálogo do Globoplay. “Venustidade Irremissível” também é outro projeto muito importante para mim. É a primeira romance da Max, que vai estrear em janeiro de 2025. Ela conta com todos os elementos de melodrama, com romance e conflitos. Além de segredos de família. Uma vez que a obra foi escrita por mim, também terá humor ácido, suspense, momentos de viradela e muitos plot twists para deixar a história mais jeitoso. Palato de considerá-la um híbrido, porque é uma romance com elementos de série.

Quais os maiores desafios para quem quer ser um repórter no Brasil atualmente?

A primeira dificuldade que um repórter enfrenta é conseguir ser publicado. Quando comecei foi muito difícil entrar no mercado literário, levei muitos “nãos”. Depois que se entra nesse setor e começa a publicar, o problema é chegar no leitor. Foi uma barreira que eu levei alguns anos para superar.

Hoje, acredito que outro grande duelo para quem quer ser repórter é estar sempre sengo ao que acontece no mundo, que está sempre em transformação, porque sempre chega uma novidade tecnologia ou uma novidade tendência cultural. Mas, diante de tudo isso, é necessário manter a sua integridade narrativa. É muito fácil se deixar levar por “ondas” ou pelo que você acha que vai dar claro. Acho que o maior teste é se manter leal a quem você é.

Essa fórmula deu claro para mim. Costumo ouvir das pessoas que meus livros tiraram elas da ressaca literária ou devolveram o prazer pela leitura. Na verdade, aprendi a fabricar histórias que são muito engajantes, com muitas viradas. Quero sempre pegar o leitor pela mão e levá-lo comigo em minhas aventuras.

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