COP29: mais um petropaís sede e o que esperar da edição no Brasil em 2025
*Por Thais Scharfenberg e Victor Del Vecchio
O mundo se prepara para a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), sediada neste ano em Baku, Azerbaijão, e que ocorrerá em Belém do Pará em 2025. Há expectativas e grande consumição em relação ao progresso de compromissos concretos para enfrentar a crise climática global, tema que deve, cada vez mais, assumir centralidade nas discussões em todo planeta.
O evento ocorre depois de um ano em que os efeitos da crise climática foram, mundo afora, mais uma vez escancarados: padrão de chuvas muito supra do generalidade no Rio Grande do Sul, em Valência, na Espanha, e até no Deserto da Arábia e do Saara, ao mesmo tempo que recordes de seca e calor abalaram diversas regiões da América do Sul, incluindo a Amazônia e Pantanal, entre outros eventos climáticos extremos.
Esta edição da COP representa mais do que um fórum de negociações, mas uma oportunidade para transformar promessas e boas intenções em ações tangíveis. Além de financiamento, as negociações tratarão, sobretudo, dos compromissos nacionais, mercados de carbono, relatórios de transparência, adaptação, perdas e danos e avaliação do progresso de acordos anteriores.
A COP do financiamento
A Conferência do Clima, que ocorre anualmente, pretende reunir 50 milénio pessoas nesta edição entre representantes governamentais, investidores, acadêmicos e membros da sociedade social. Seu principal foco serão as negociações em torno de um melhor financiamento climatológico para os países e comunidades mais vulneráveis, além de estabelecer estratégias e metas mais concretas para mitigar os impactos das mudanças climáticas, e continuar nas metas do Conciliação de Paris.
Com base no compromisso de um fundo de US$ 100 bilhões anuais que os países concordaram anteriormente para financiar a adaptação climática de nações com maior fragilidade socioeconômica, uma novidade meta será definida buscando lastrar a expectativa dos contribuintes, facilitar chegada aos recursos e atrair investimentos privados.
Houve também um progresso no Fundo de Perdas e Danos tendo as Filipinas escolhida uma vez que sede de seu recomendação e estabelecendo parcerias com o Banco Mundial. Na COP29 espera-se a aprovação dessas medidas e o fortalecimento do financiamento.
Um tanto que tem estado cada vez mais presente, não só no financiamento do fundo, mas na taxa climática uma vez que um todo, é a premência de um engajamento conjunto do setor público e privado, movimento considerado imprescindível para que metas para um planeta minimamente seguro sejam atingidas.
Um exemplo prático disso é uma maior regulação – vernáculo e internacional – do que é considerado “virente” na economia e que poderia gozar de maiores incentivos. Outros exemplos são os projetos de geração de robustez limpa, transição para a agroecologia, construção social de menor impacto e com soluções que demandem menor uso energético e adaptações urbanas para ondas de calor.
A expectativa da COP de Belém
Nesse cenário, o Brasil, enquanto governo e empresariado, têm grandes oportunidades: é o país detentor da maior biodiversidade do mundo, tópico que apesar de ser tema de conferências específicas, tem interface direta com o clima. O país também tem os ecossistemas mais importantes para o resfriamento do planeta e possui a matriz energética mais limpa dentre as grandes economias, com potencial para nos tornarmos o maior exportador global de robustez limpa.
Segundo um levantamento recente, o Brasil registrou um aumento médio de 1,7% nas emissões de gases de efeito estufa entre 2019 e 2023. Mesmo ao excluir o impacto do uso da terreno (agropecuaria, queimadas, etc), ainda observamos um desenvolvimento médio de 0,8% nas emissões.
Nesse ritmo, o país se afasta do cumprimento das metas de redução de emissões para 2030, um alerta de que medidas mais rigorosas precisam ser implementadas para prometer que o Brasil honre seu papel no compromisso global.
A COP30 acontecerá em 2025, dez anos em seguida o Conciliação de Paris, no qual países se comprometeram a manter o aumento da temperatura global inferior de 2ºC. O evento no Brasil representa uma oportunidade única para o país declarar sua posição de liderança na agenda climática. O cenário exige que o governo demonstre que esta fazendo sua secção e avançando concretamente na agenda, principalmente pensando em atrair os recursos que estão negociados de forma massiva.
Aliás, parcerias entre setores precisam ser aceleradas e um envolvente mais favorável precisa ser estabelecido para empresas que desenvolvem soluções sustentáveis. Essas companhias têm potencial para impulsionar a agenda climática e podem se beneficiar de um ecossistema de incentivos que favoreça a inovação e a sustentabilidade, pavimentando o caminho para que o setor privado se torne um coligado maior nas ações de mitigação e adaptação.
A COP29 será realizada paralelamente ao encontro do G20 no Rio, onde temas cruciais relacionados à sustentabilidade e ao desenvolvimento serão debatidos. Esse alinhamento estratégico permite que o Brasil aproveite as discussões globais e reforce que um horizonte sustentável não é uma escolha opcional, mas sim uma premência urgente para prometer um planeta habitável para as futuras gerações.
Vamos esperar uma vez que as discussões em Baku se desenvolverão, quais resultados serão apresentados e quais compromissos firmados. Isso será um possante termômetro do que esperar para quando o mundo inteiro estará olhando para nós na COP30 do ano que vem.
*Thaís Scharfenberg é internacionalista, consultores em ODS, ONU e sustentabilidade para empresas e Victor Del Vecchio é rabi em Recta Internacional e consultor em meio envolvente