86% das empresas brasileiras querem financiamento sustentável, diz estudo da Amcham

No núcleo das discussões da Conferência do Clima da ONU (COP29) deste ano no Azerbaijão está o financiamento climatológico, uma vez que forma de ampliar o volume de recursos disponíveis para ações de adaptação e mitigação, mormente para ajudar países em desenvolvimento a mourejar com a emergência climática. Abrão Neto, CEO da Câmara Americana de Transacção para o Brasil (Amcham), destacou à EXAME que o tema está diretamente ligado ao setor privado – seja uma vez que manancial dos recursos ou na ponta uma vez que beneficiário – e, nesse sentido, as perspectivas são bastante otimistas para os próximos dois anos.

Um estudo inédito da Amcham prevê que 86% das empresas brasileiras esperam aumentar a adoção do financiamento sustentável até 2026. Isso significaria um propagação de 190% nos investimentos em projetos verdes, representado por um valor de R$ 20,4 bilhões. Por outro lado, 57,9% delas ainda não utilizam linhas de financiamento voltadas à sustentabilidade – sendo a maioria delas companhias de grande porte (63,8%). “O que chamou a nossa atenção é a projeção muito saudável de que as empresas pretendem investir mais em projetos ESG e fazer mais uso de instrumentos e mecanismos de obtenção de recursos. Mas não necessariamente é o que vamos ver na COP, frente ao tamanho do duelo para a transição de plebeu carbono”, destacou Abrão.

O setor industrial lidera a utilização das linhas de financiamento, com 45,5% das empresas adotando, seguido pelo agronegócio (37,5%) e serviços (26,8%). Ao mesmo tempo, as atividades para as quais há maior procura para financiar projetos verdes são as de pujança (21,4%), indústria (20%), tratamento de resíduos (15,7%) e cultura e florestas (14,3%).

“São projetos, muitas vezes, para aumentar eficiência energética, diminuir dispêndio. Há de traje um impacto econômico positivo”, explicou Abrão. Fabrizio Panzini, diretor de Políticas Públicas da Amcham, acrescentou à EXAME que o perfil dos investimentos no setor energético também tem relação com as metas e políticas internas da própria empresa e com a possibilidade de mensuração dos impactos das ações. “A escassez de uma taxonomia, quando você não consegue medir os benefícios do projeto – uma vez que a redução de emissão e ressarcimento – traz mais dificuldades de obter um financiamento. Suspeito que pujança lidere o topo pela facilidade em otimizar e mensurar para fins de mostrar ao financiador”, destacou.

Outro oferecido é que a maior segmento delas ainda depende de recursos próprios (28,2%), seguido por financiamentos de bancos e instituições financeiras privadas (23,1%) e títulos de dívida (20,5%). Unicamente 15,4% utilizam recursos de bancos públicos.

A Amcham estima que o volume necessário para investimento em sustentabilidade até 2030 é de murado de 2,4 trilhões de dólares anuais – três vezes mais do que ocorre atualmente. Frente à expansão positiva, ainda há desafios e gargalos. Os principais identificados pela pesquisa são os  processos burocráticos (26,3%), dificuldade em oferecer garantias (19,3%), ignorância sobre as linhas disponíveis (14%) e custos elevados (12,3%).

“Percebemos uma complicação burocrática na utilização destes instrumentos, dificuldade de apresentar as garantias necessárias para os recursos serem liberados e há também uma questão básica de conhecimento sobre quais são as entidades que oferecem as linhas, uma vez que elas funcionam e uma vez que acessá-las. Em uma proporção menor, há o duelo dos próprios custos relacionados à tomada desses recursos. Em muitos casos, elas até podem saber, saber uma vez que acessar, mas o dispêndio não vale a pena”, complementou Abrão.

O estudo será divulgado nesta sexta-feira (6) durante o evento da Amcham “O Brasil na COP 29: da adaptação climática ao financiamento da sustentabilidade”, que reune murado de 250 líderes empresariais e autoridades públicas para discutir o tema com o setor privado, e os desafios da COP29.

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