
Vítimas de violência têm espaço para ajuda na ‘fan zone’ olímpica em Paris
Espectadores assistem a um telão na ‘fan zone’ em frente à prefeitura de Paris, durante os Jogos Olímpicos 2024
Valentine CHAPUIS
“Se você foi testemunha ou vítima de violência, pergunte no ‘lugar seguro’”. Charlotte Guiomar dirige-se a algumas das centenas de pessoas reunidas na Rossio da Prefeitura de Paris, convertida em ‘fan zone’ durante os Jogos Olímpicos.
A voluntária da associação feminista ‘En avant toute(s)’ apresenta aos espectadores o ‘lugar seguro’, ou zona de refúgio, conseguível durante o horário de funcionamento da ‘fan zone’ e que tem porquê missão “proteger a termo das vítimas”.
A poucos metros das oficinas de iniciação esportiva e das telas gigantes, um quadro com fundo rosa indica a presença deste espaço “talhado às vítimas de violência sexista e sexual”, decorrente da colaboração entre a Prefeitura de Paris, o Núcleo de Informação sobre os Direitos das Mulheres e das Famílias, e as associações ‘En avant toute(s)’ e ‘Elle’s Imagine’nt’.
– “Uma resposta adaptada” –
O objetivo do sítio é “prometer que nenhuma vítima fique sem uma resposta adaptada”, resume Hélène Bidard, funcionária da Prefeitura de Paris responsável pela paridade entre homens e mulheres e promotora do projeto.
“Muitas vezes há muita gente em espaços festivos ou esportivos e alguns podem aproveitar um momento de sarau ou de vitória para invadir os limites da sua vizinha ou vizinho”, explica Anaïs Tuyau, que trabalha no coletivo ‘En avant toute(s)’.
“Há uma competição com equipes animadas, muita gente internacional, calor… tudo isso compõe uma gama de fatores que nos fizeram perceber que era uma urgência real proporcionar um sítio porquê nascente”, continua.
– “Rede de segurança” –
Na Rossio da Prefeitura, a iniciativa foi muito recebida por muitos espectadores.
“Digo a mim mesma que existe uma rede de segurança, ou pelo menos um lugar tranquilo para conversar caso aconteça alguma coisa, o que não pode ser descartado porque algumas pessoas não sabem se comportar corretamente com a euforia das competições”, diz Dina Assem, 39 anos.
“Porquê turista, muitas vezes é intimidador ir à polícia estrangeira para denunciar assédio sexual, porque nos perguntamos se a língua será uma barreira ou se a polícia nos levará a sério”, acrescenta Radwa Basseouny, de 56 anos, que chegou à capital francesa vindo do Egito para os Jogos.
Embora destaque a prestígio de um espaço deste tipo em um envolvente festivo onde “o fervor dos torcedores pode estar associado ao consumo de álcool”, Raphaël Navarro, de 32 anos, acredita que é hora de “sensibilizar os escalões superiores do esporte”.
“É evidente que sempre há abusos de poder, porquê no ano pretérito com o ósculo forçado na jogadora espanhola Jenni Hermoso pelo ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales”, lembra nascente educador.
– Seis pessoas atendidas –
Desde a cerimônia de inauguração, no dia 26 de julho, o espaço já atendeu seis vítimas de violência ou assédio sexual.
“Algumas mulheres vítimas de violência doméstica conseguiram vir nos ver com o pretexto de ir à ‘fan zone’ e buscar apoios que não teriam necessariamente solicitado em outras circunstâncias”, sublinha Estelle Chataignier, responsável pela prevenção do ‘En avant toute(s)’.
Um pouco que por si só representa um “sucesso” para a associação, que reafirma a urgência de tais locais de protecção e escuta, mesmo em uma zona de torcedores considerada familiar.
Outros pontos de refúgio foram instalados em diferentes locais de Paris. Todos eles têm ingressão gratuita, até 8 de setembro, data da cerimônia de fechamento dos Jogos Paralímpicos.