No GPA, pressão da dívida cai e foco é rentabilidade. Resta convencer o mercado

O GPA colocou o pé no acelerador para reduzir a alavancagem e voltar a ser um negócio rentável. Agora resta convencer o mercado de que não é uma mudança pontual, mas, sim, estrutural.

No termo de junho veio o incidente final dos desinvestimentos. Vendeu os postos de gasolina, sendo a grande maioria para o grupo Ultra, possuinte da rede Ipiranga.

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Com a venda de todos ativos non core, que incluem, além dos postos, a Cnova e o colombiano Éxito, e, também, com a venda da sede e de alguns terrenos e imóveis, a empresa passou de uma alavancagem de 10,6 vezes no segundo trimestre de 2023 para 2,8 vezes ao termo de junho deste ano.

Ainda que reconheçam as melhorias recentes, os analistas sell side continuam recomendando neutralidade em relação à ação.

Para o Itaú, que retomou a cobertura em maio, não há perspectiva de lucro no médio prazo. Para o Citi, a operação agora é mais simples, o que é positivo. Mas também não é provável projetar uma melhora maior da última traço e a geração de fluxo de caixa livre ainda é mais limitada.

“Do nosso lado, vamos continuar fazendo consistência de entrega. As melhorias têm sido contínuas, superando o planejamento que anunciamos em 2022”, defende Marcelo Pimentel, CEO do GPA.

A companhia projetava chegar ao termo de 2024 com margem Ebitda entre 8% e 9%, uma meta que acabou suspensa à idade do follow on, no início deste ano.

Ainda assim, o que estava nos planos já saiu do papel. No segundo trimestre, com Ebitda ajustado de R$ 396 milhões, a margem chegou a 8,8%, 3,1 ponto percentual supra do mesmo período.

O indicador já reflete ganhos operacionais. A receita líquida cresceu 2,5%, para R$ 4,49 bilhões, ficando inferior das projeções de mercado, mas com a companhia conseguindo moderar o ritmo de incremento dos custos. O lucro bruto foi 9,9% maior, com uma margem de 28,2%, 1,9 ponto percentual a mais do que um ano antes e maior patamar desde 2020.

Outrossim, a traço de despesas cresceu unicamente 1,5%, representando 20,4% das receitas, 0,2 ponto percentuais a menos do que no segundo trimestre de 2023. “Reflete a melhora da estratégia mercantil e a nossa disciplina com as despesas”, diz Pimentel.

Ao termo do período, a última traço do balanço foi um prejuízo líquido das operações continuadas de R$ 272 milhões, 15,9% menor do que um ano antes. No consolidado, o prejuízo líquido ficou 21,9% menor, a R$ 332 milhões.

Os números poderiam ser melhores, não fosse o cenário macroeconômico, acredita o CEO. Ainda assim, argumenta que “os fundamentos melhoraram” e os ganhos não são marginais.

Com peculiar foco na bandeira Pão de Açúcar, o GPA segue apostando em solidar sua posição no mercado premium. Para isso, adotou estratégias claras.

Quer adensar a participação no mercado de São Paulo e transfixar mais lojas de proximidade, sob a bandeira Minuto Pão de Açúcar. Em 12 meses, foram 51 lojas abertas no totalidade, com a grande maioria sendo das lojas menores. No segundo trimestre, das 10 inaugurações, uma foi de supermercado e outras nove de Minuto Pão de Açúcar.

Não é à toa. O formato de proximidade reportou um incremento de vendas em mesmas lojas de 6,9%, contra 3,4% do universal, excluindo efeitos de sazonalidade.

Também tem investido no programa de fidelidade, o Pão de Açúcar Mais, que ganhou três níveis (cliente mais, gold e black) para aumentar a recorrência, a rentabilidade e intensificar o relacionamento com os clientes. Ao termo do segundo trimestre, o NPS, indicador que mede a satisfação de um cliente, chegou a 86, um recorde.

O Pão de Açúcar Mais também é relevante para duas outras fontes de receita da companhia.

Uma é o e-commerce, que cresceu 15,6% e chegou a uma penetração das vendas totais de 12,6%, agora sem penalizar as margens. “Tem rentabilidade de duplo dígito. Se consolida uma vez que meato rentável para nós”, destaca o CEO.

A outra alavanca de receita para o GPA impulsionada pelos dados e análises possíveis com o clube de fidelidade é a operação de retail media, que engloba tanto a venda do espaço de mídia nas lojas quanto o fornecimento de perceptibilidade mercantil para os fornecedores.

A companhia ainda não abre tantos números da separação, mas destaca que no primeiro semestre registrou 90 fornecedores com 200 campanhas.

Porvir com o Casino

Ainda com 22,5% das ações do GPA, o Casino já sinalizou que não pretende mais ter negócios na América Latina. No entanto, em resposta ao INSIGHT, negou ter contratado assessoria financeira para vender a participação.

“Uma vez que o grupo se retirou da América Latina, agora considera a sua participação no GPA uma vez que um investimento e administra esse investimento uma vez que qualquer investidor faria. Ou seja: compra, mantém e vende de pacto com o que ele julgar melhor em determinado momento”, diz em e-mail enviado pela informação do grupo francesismo.

A potencial venda da fatia em Bolsa é uma das possibilidades no radar dos investidores, que veem a saída dos franceses uma vez que positiva. Recentemente, o chileno Cencosud, que opera o Giga Atacado, negou notícias de que estaria negociando a compra do stake.

O GPA também não comenta as decisões dos acionistas.

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