
Governo precisa amadurecer diálogo com o agro brasileiro, diz presidente da Abag
A falta de diálogo do Executivo Federalista com o agronegócio brasílico acarreta em medidas que geram ruídos nas políticas públicas para o setor, segundo o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Roble.
Para Roble, as relações do setor com os governos estaduais e com o Legislativo, incluindo a Câmara dos Deputados e o Senado, estão muito articuladas. No entanto, ele destacou que o diálogo com o Executivo não tem avançado da mesma forma.
“A maior dificuldade tem sido com o Executivo Federalista. Espero que o governo amadureça e trabalhe para melhorar esses canais de informação, reconhecendo que a colaboração mútua pode levar a resultados significativos e irreversíveis”, destacou Roble em entrevista concedida à EXAME durante o 23º Congresso Brasílio do Agronegócio.
Um dos exemplos usados pelo presidente da Abag para ilustrar a falta de diálogo com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi a medida provisória anunciada na semana passada para estribar os agricultores do Rio Grande do Sul, afetados pelas enchentes de abril e maio.
Segundo Roble, a MP precisa ser aperfeiçoada para que possa ser aplicada ao setor produtivo gaúcho de forma eficiente. Na semana passada, entidades uma vez que a Federação da Cultivação do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) criticaram a MP, com a argumento de que o pacote anunciado pelo governo Lula era “excessivamente burocrático”.
“Se considerarmos uma vez que foi elaborado o Projecto Real, com uma equipe multidisciplinar e qualificada, por que não adotamos uma abordagem semelhante para discutir questões uma vez que as do Rio Grande do Sul ou questões ambientais? É fundamental que o diálogo seja mais evidente e eficiente”, diz Roble.
Roble assumiu a presidência da entidade pela primeira vez em 2012, cumprindo dois mandatos até 2018. Recentemente, foi reeleito para um novo procuração, que se estenderá pelo biênio 2024/2025.
Agronegócio brasílico no cenário global
De conciliação com o Ministério da Cultivação e Pecuária (Planta), em unicamente sete meses de 2024, o Brasil atingiu um recorde anual de aberturas de mercado para produtos agrícolas no negócio internacional, com 82 novas expansões em 34 países desde o início do ano.
Para Roble, a demanda pelos produtos do agronegócio brasílico deve continuar possante, mesmo com a persistência de juros elevados tanto no Brasil, pelo Banco Mediano (BC), quanto nos Estados Unidos, pelo Federalista Reserve (Fed).
“Mesmo com uma pequena desaceleração, o Brasil continua robusto. Acredito que nossa missão é manter esse desempenho e ajustar as medidas unilaterais que surgem, uma vez que algumas mudanças na União Europeia, que estão começando a ser revistas. Mesmo com a desaceleração econômica nos Estados Unidos e na China, continuo acreditando fortemente que o Brasil seguirá prosperando”, disse o presidente da Abag.