Rio Tejo chega a 12 centímetros de lâmina d’água em Marechal Thaumaturgo – ac24horas.com
A situação do Rio Tejo, um dos afluentes do Juruá, é alarmante. Em muitos pontos a lâmina de chuva é de 10 a 20 centímetros, pondo em risco a segurança nutrir e a mobilidade das pessoas que vivem ao longo do manancial, onde há a Terreno Indígena Kuntanawa, a Vila Restauração e outras comunidades.
Haru Kuntanawa diz que da Terreno indígena até Marechal Thaumaturgo, a viagem que era feita de 4 a 6 horas de navio, agora leva o dia inteiro, tempo que prega se levar mercadoria.
“Antes a gente levava quatro, no supremo seis horas, agora é um dia inteiro para chegar em Marechal Thaumaturgo. E se vier com cargas, com coisa carregada, é muito dois dias para trazer até a nossa comunidade”.
O problema vai além da dificuldade de mobilidade e pode fomentar a míngua na Terreno Indígena. Devido ao ordinário nível da chuva do Tejo, há escassez de peixes, de animais para caça por motivo das queimadas e as plantações estão secando. Haru Kuntanawa descreve um cenário de caos e dá sugestões para virar a situação.
“As plantações estão morrendo já, mesmo a gente regando. Os peixes já praticamente não há mais. A gente vai pescar e não pega zero porque o rio está todo virente de lodo, a chuva praticamente tá inútil, sem exigência de utilizar. Tudo isso é em decorrência das queimadas e desmatamento. Não dá mais pra gente pensar na economia da Amazônia com as mesmas práticas do pretérito, a gente precisa pensar na economia com novas práticas. Temos que ter plantio das próprias árvores amazônicas, restabelecer todos as nascentes, os igarapés, plantar palmeiras que são economicamente viável. Por exemplo, o açaí, o buriti, principalmente o buriti que é a vegetal das águas, de trazer as águas, plantar muito buriti para poder trazer de volta. Nós temos que suprir a urgência de provisões do povo, usar todos os conhecimentos dos povos indígenas, conhecimentos também da lavra e a gente tem que trabalhar isso em todas as técnicas para poder salvar a Amazônia. Nós precisamos ter novas estratégias, valorizar os recursos da floresta, os povos da floresta, gerar renda para as famílias. Portanto é isso, está acontecendo uma grande ruína das florestas, ocasionado pela falta de consciência das pessoas, falta do serviço dos poderes públicos e da aplicabilidade das leis que existem de proteção da floresta”, pontuou Haru.
Ele alerta para a situação do Rio Tejo desde o início de junho, quando o manancial já estava com pouco volume de chuva. Para subir até a cabeceira do rio, teve que repuxar a embarcação várias vezes.
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