‘GPS dos ares’ que será utilizado em carros voadores deve chegar ao mercado em 2025

A indústria de mobilidade aérea urbana deu mais um passo em direção à geração dos evTOLS, veículos elétricos popularmente chamados de ‘carros voadores’. A Eve, da Embraer, em parceria com a Revo, da Omni Helicopters International Group (OHI), está desenvolvendo o Vector, um software de gestão de tráfico distraído, que será primordial para um melhor funcionamento dos evTOLS.

A previsão, segundo Alice Altíssimo, vice-presidente de Programas, Estratégia Corporativa e Tecnologia de Informação da Eve, é que o resultado chegue ao mercado na segunda metade de 2025.

Espera-se, em um porvir não tão distante, que a demanda por helicópteros cresça e o espaço distraído fique restringido. Analogamente a um sistema de GPS (mas dos céus), o Vector chega para automatizar e interligar rotas de aeronaves, oferecendo uma solução para os desafios atuais de coordenação no espaço distraído urbano, que ainda depende em grande secção de informação manual entre operadores e helicópteros.

“Para mais helicópteros nos ares é preciso subsistir todo um ecossistema. E uma secção muito importante é o tráfico distraído. Hoje, já é super difícil. Agora imagina em um mundo com muito mais ativos aéreos uma vez que os eVTOLs? O Vector será crucial”, comenta João Welsh, CEO da Revo, em encontro com jornalistas.

O desenvolvimento do Vector está em curso desde 2017 e contou com parcerias internacionais, uma vez que a Social Aviation Safety Authority (CASA), da Austrália, e a CAA (Social Aviation Authority), de Londres, onde a Eve começou a testar os conceitos operacionais. Agora, no Brasil, os testes operacionais do Vector já estão em curso no Brasil – mas ainda em forma de simulação.

Hoje, há sistemas de radar e tecnologia ADS-B (Automatic Dependent Surveillance-Broadcast), que permitem que as aeronaves “vejam” umas às outras no ar e transmitam suas posições e altitudes em tempo real. No entanto, essa tecnologia ainda depende da informação ativa e muitas vezes exige mediação manual, tanto dos pilotos quanto dos controladores.

Portanto quando um avião irá cruzar o caminho de um helicóptero, é necessário que um operador de uma torre, de forma manual, se comunique com o piloto solicitando um estado de espera para retornar ao voo. Esse movimento gera custos e emissões de gás carbônico. Com o Vector, será provável uma economia de até 50% em combustível em rotas curtas com o Vector.

“Em um voo de 8 minutos, se há quatro paradas, 50% do combustível é jogado fora. Isso tudo é dispêndio, é CO2 que está sendo emitido nesse tempo de espera. O Vector vai entrar para termos ganhos de produtividade e de escalabilidade”, diz Altíssimo.

Durante a semana do dia 21 de outubro, até 10 voos de dois helicópteros foram monitorados por dia no meio de controle de operações da Revo em São Paulo (conhecida por ter o maior número de operações de helicóptero do mundo) para validar a capacidade do Vector em explorar atrasos nas partidas, restrições do espaço distraído e clima.

O objetivo final é que ele consiga sugerir rotas alternativas que otimizem as viagens das aeronaves. E, de harmonia com Altíssimo, a teoria é que o Vector também seja harmonizável com outros veículos aéreos para além dos eVTOLs.

“O software vai poder ser usado em outros lugares do mundo. Estamos, inclusive, colaborando com a Federalista Aviation Administration (FAA) e a Sucursal Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) para que possamos trazer todos os regulamentos necessários”, afirma a vice-presidente.

Isso porque, para poder ser comercializado, será necessário um progressão na regulamentação. “Embora o que já desenvolvemos (no caso, a simulação) não precise de autorização regulatória, as próximas fases do Vector vão envolver essa regulação” destacou a equipe técnica. No Brasil, tudo irá depender da aprovação do Departamento de Controle do Espaço Distraído (Decea).

E quando estiver em campo, a Revo deseja trespassar na frente. “Queremos ser a primeira companhia aérea com eVTOLs e o Vector do mercado”, enfatiza o CEO. Além de promover a sinergia com o DNA brasiliano da Eve, o software, ao tornar as operações escaláveis, contribui diretamente para a meta da Revo de democratizar o preço do transporte distraído urbano.

“Em termos de economia, é muito cedo para falar disso. Mas a longo prazo, a equação faz sentido, e vai subsistir redução de dispêndio nesta operação, o que vai permitir um serviço ingénuo a mais pessoas”, comenta Welsh.

A média de uma viagem em São Paulo, atualmente, é de US$ 450 por pessoa incluindo o serviço completo com concierge. “Analisamos diminuir em quatro vezes. Lá fora, custa US$ 100, mas isso exige um processo, ainda não dá para manifestar que seria factível”, diz o CEO da Revo.

Dentre as 2.900 milénio cartas de intenção de compra de eVTOLs de 30 clientes em 13 países, o que representa um potencial de US$ 14,5 bilhões em receita, a Revo possui 50 pedidos. E a teoria, segundo Wesh, é operar de forma mista a frota de helicópteros da Revo, com os ‘carros voadores’.

Recentemente, a Eve obteve um financiamento de US$ 50 milhões do Citibank para o desenvolvimento dos eVTOLs. Nascente montante incorporou o também aporte de US$ 95,6 milhões, proveniente de um conjunto de empresas industriais globais e investidores financeiros, anunciado em julho de 2024.

A Eve também firmou um contrato de R$ 500 milhões para uma traço de crédito com o Banco Vernáculo de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dando ininterrupção à parceria iniciada em 2022, quando o órgão aprovou uma também traço de crédito de R$ 490 milhões para o desenvolvimento do programa eVTOL.

Agora, os novos recursos visam financiar a construção de uma fábrica em Taubaté (SP), cidade em que a Embraer já está instalada, para a produção de até 480 aeronaves por ano.

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