Plano da Iguá para saneamento de Sergipe envolve aporte de capital dos acionistas, diz CEO

A ingresso da Iguá em Sergipe será financiada, ao menos em secção pelos controladores CPPIB e AIMCo, que preparam um aumento de capital. A companhia levou hoje a licença da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) por R$ 4,5 bilhões.

O valor foi 122,6% maior em relação ao lance mínimo de R$ 2 bilhões e 25% superior à segunda maior oferta, da Aegea, por R$ 3,6 bilhões.

Tanto para a outorga quanto para o investimento previsto de R$ 6,3 bilhões na universalização dos serviços de chuva e esgoto de Sergipe, o CEO Roberto Barbuti explica que os acionistas entrarão em cena.

“O aporte já está sancionado e já temos bancos financiadores que nos deram uma garantia firme para essa oferta […] Já temos o financiamento para outorga”, diz Barbuti.

Ele não cravou de quanto será o aumento de capital, mas no mercado especula-se que o aporte deve rodopiar na lar dos R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.

Antiga CAB Ambiental, a Iguá foi formada pela gestora de infraestrutura IG4, e chegou a ter uma série de PPPs e concessões antes de vendê-las para reciclar capital e levar secção da licença da Cedae, do Rio de Janeiro.

A IG4, que tinha uma fatia minoritária, mas respondia pelo operação da companhia, saiu do negócio agora em julho, ampliando o espaço de CCPIB e AIMCo.

A licença de Sergipe vai ser a segunda maior da companhia, que opera também Cuiabá.

Custoso demais?

Segundo Barbuti, o que justificou o lance ofensivo foi o potencial do negócio a ser tomado principalmente na ampliação da cobertura de tratamento de esgoto, além do proveito de eficiência com a redução do desperdício de chuva tratada.

Atualmente, o índice de perda gira em torno de 54%, e terá que ser reduzido a 25%, pelas regras do contrato.

“Tudo isso muito feito, mais as nossas estratégias comerciais, junto com os serviços prestados, dá uma equação que resultou nesse lance […] Estamos confortáveis”, afirmou o CEO ao ser questionado sobre a saúde financeira da empresa.

Em dívida bruta, a Iguá soma R$ 9 bilhões, sendo R$ 7 bilhões de dívida líquida, o que resulta em uma alavancagem de 7,5 vezes o Ebitda (lucro juros antes de juros, impostos, desabono e amortização).

O grosso da dívida vem de sua operação no Rio, em que a companhia arrematou o Conjunto 2 da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) para operar serviços de saneamento imprescindível para tapume de 1,2 milhão de pessoas, em 2021.

Na ocasião, o dispêndio de outorga foi mais que o duplo dos investimentos obrigatórios no médio prazo. Excluindo o Rio, a alavancagem cairia para 3,5 vezes.

Na prática, para Sergipe

Nos próximos 60 dias, a empresa irá assinar o contrato e, a partir disso, começa um período de gestão assistida durante seis meses, onde o governo acompanhará a transição para depois a empresa assumir a operação.

Para Fábio Mitidieri (PSD), governador de Sergipe, o leilão foi uma grande conquista e o valor, supra do esperado, foi uma “surpresa positiva”. Segundo a mando, a parceria trará bons frutos para a população, com a universalização dos serviços de chuva e esgoto, além da geração de tapume de 20 milénio empregos diretos e indiretos.

Mitidieri ainda destacou que sem a licença seria difícil satisfazer com as metas do Marco Lícito do Saneamento, já que a Deso, ao longo do tempo foi perdendo sua capacidade de investimento.

“Para investir R$ 6,3 bi em nove anos, uma empresa que fatura R$ 900 milhões e tem R$ 45 milhões de lucro, nunca conseguiria sem uma parceria uma vez que essa.”

Em relação a repartição do montante, 45% será talhado ao estado, 45% aos municípios e 10% à Deso.

“Os recursos deverão ser obrigatoriamente utilizados em obras de infraestrutura com viés ambiental, além do pagamento de precatórios. Nossa intenção é que isso possa fortalecer a saúde financeira do estado.”

Para a secção que cabe ao estado, 1% também irá para a Dependência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE).

Milton Andrade, presidente da Desenvolve-SE, ainda destaca que, segundo as estimativas do governo, haverá um incremento no Resultado Interno Bruto (PIB) de Sergipe em 1,6% ao ano, além de uma economia na saúde de R$ 270 milhões.

Universalização dos serviços

Segundo o projeto, modelado pelo BNDES, a licença será de 95% do sistema do estado, com o objetivo de levar os serviços de chuva e esgoto para 2,3 milhões de pessoas de 74 dos 75 municípios do estado que compõem a Microrregião de Chuva e Esgoto de Sergipe (Maes).

O único município do estado que não entrará na licença é o de Capela, de 31 milénio habitantes.

Essa será a maior a maior licença da Iguá em número de pessoas atendidas.

Em seguida o contrato, a Deso seguirá responsável pela captação e tratamento da chuva. Esta chuva, por sua vez, será vendida para a Iguá, que ficará responsável pela distribuição para pessoas físicas e empresas de menor porte. Entretanto, a Deso ainda será a fornecedora de chuva bruta aos clientes industriais e comerciais de Sergipe. Já os serviços de esgoto serão de responsabilidade da novidade concessionária.

Conforme previsto no edital, nos três primeiros anos de atuação, a Iguá não poderá fazer qualquer reajuste tarifário supra da inflação.

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