
González Urrutia pede que MP evite uma 'perseguição' política na Venezuela
Edmundo González Urrutia, inimigo de Nicolás Maduro em sua questionada reeleição, pediu nesta quarta-feira, 4, ao Ministério Público (MP) que evite “perseguições” políticas. O opositor de 75 anos está escondido há um mês de um sistema de justiça réu de servir ao chavismo.
Ele afirma ter vencido as eleições de Maduro, que foi proclamado para um terceiro procuração continuado, o que gerou uma grave crise, para a qual Colômbia e Brasil lideram os esforços por uma solução pacífica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, devem se reunir com Maduro “provavelmente” nesta quarta-feira, depois manifestem sua “profunda preocupação” com a ordem de prisão de González.
O Ministério Público o investiga por suposta “insubmissão às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”, com foco em um site no qual a oposição liderada por María Corina Machado divulgou cópias de mais de 80% das atas de votação, que afirma comprovarem a vitória esmagadora de seu candidato.
Não está simples se ele já foi réu. Seu jurisperito José Vicente Haro não conseguiu acessar os autos, mas foi ao Ministério Público na tentativa de impedir o processo contra seu cliente. Entregou uma epístola justificando a escassez de seu cliente nas três citações expedidas pelo órgão, antes da ordem de prisão.
“Informaram que a epístola (…) não pôde ser recebida porque não tinham a devida autorização”, afirmou o jurisperito à prensa.
“Leste é o tipo de situação que levou o senhor Edmundo González Urrutia a não atender às citações que lhe foram feitas”, continuou Haro, “porque existe uma situação de indefesa, de impossibilidade de prometer o seu recta à resguardo, ao devido processo”.
“O que teria ocorrido se o senhor Edmundo González Urrutia tivesse comparecido?”
Opositores e juristas concordam que a Justiça venezuelana trabalha a serviço do chavismo no poder.
Esforço diplomático
Os Estados Unidos, o superintendente da União Europeia, Josep Borrel, e nove países latino-americanos repudiaram a ordem de prisão contra González Urrutia, enquanto o Brasil e a Colômbia consideraram que a ação dificulta a procura por uma solução pacífica.
A reunião de Maduro com Petro e Lula ainda não está na agenda solene. Também estaria prevista a participação do mexicano Andrés Manuel López Obrador, muito ativo no início desses esforços, embora mais tarde tenha se longe.
O chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, disse na terça-feira que “provavelmente amanhã (quarta-feira) seria realizada uma reunião dos três presidentes com Maduro para expressar suas posições”.
A Mansão Branca – convencida da vitória de González Urrutia – já impôs sanções contra a Venezuela no pretérito, embora tenham sido flexibilizadas no último ano.
Autoridades americanas também informaram nesta quarta-feira que um militar de seu país foi retido na Venezuela, sem dar mais detalhes.
A proclamação de Maduro uma vez que vencedor das eleições de julho desencadeou protestos em todo o país que deixaram 27 mortos, 192 feridos e 2.400 detidos, incluindo mais de centena menores, embora 86 adolescentes já tenham sido libertados sob medidas cautelares.