
Eleições 2024: as estratégias de Boulos, Marçal e Nunes após as novas pesquisas em SP
Na liderança da última edição do agregador EXAME/IDEIA, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) pode ter estagnado posteriormente um desenvolvimento de mais de sete pontos percentuais nas últimas pesquisas de intenção de voto, avalia Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Teoria, no programa Eleições 2024 da EXAME.
“Algumas pesquisas mostram uma estagnação. Não é que ele parou de crescer ou caiu. O que não enxergamos nas pesquisas é Marçal ampliando a tira de eleitores que pensam em votar nele”, diz Schulman.
A presidente do instituto Teoria afirma que, mesmo sem disparar avante de Nunes e Boulos, o influenciador segue possante na disputa pela prefeitura. Segundo as pesquisas, 70% dos eleitores que afirmam que vão votar nele estão certos de sua escolha.
“Isso demonstra um voto bastante radicalizado. E radicalizado em todos os sentidos. Porque o Marçal é uma espécie de ‘engenheiro do caos’, que veio para mudar toda a lógica dessa eleição. O ponto é entender qual o tamanho desse eleitorado”, completa.
Nas quatro pesquisas divulgadas nesta semana, Marçal aparece numericamente avante em duas, o mesmo número que o deputado federalista Guilherme Boulos (PSOL). Em todas, a dupla e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) estão tecnicamente empatados na liderança.
Desafios e estratégias de Marçal
Segundo Cila, o influenciador tem o duelo de crescer na periferia, tirando votos de Nunes, que tem bom desempenho nesse recorte populacional. Aliás, Marçal deve estimar o impacto do horário eleitoral, onde seus adversários realizam ataques diretos, o que pode aumentar sua repudiação.
Sobre a viagem do influenciador a El Salvador nesta semana, Schulman vê duas estratégias. A primeira é mostrar que ele tem um projecto de governo e propostas mais concretas. A segunda é ocupar o espaço deixado por Bolsonaro, articulando-se com outros líderes globais.
“Esses líderes de direita mais radicais, assim porquê os de esquerda, têm uma rede. Nos bastidores, a campanha de Marçal já mencionou que tentarão encontrar Milei, na Argentina, e Trump, nos Estados Unidos. A teoria é mostrar que os líderes mundiais o levam a sério”, avalia.
A recuperação de Nunes
Schulman afirma que Nunes, com tempo recorde de TV – murado de 65% do totalidade, com 55 comerciais por dia –, conseguiu uma recuperação ao mostrar em seus programas seus feitos porquê gestor público.
“Historicamente, o incumbente usa a eleição para melhorar a avaliação de seu governo. Com uma boa avaliação, é provável se reeleger”, afirma.
A CEO do instituto de pesquisa também comenta que Nunes tem aumentado seu percentual de votos entre as mulheres e, principalmente, entre os mais pobres, com uma campanha focada nesse eleitorado.
“Ricardo Nunes é o único candidato entre os três que está avante entre os mais pobres, com capacidade de crescer ainda mais. Toda a sua propaganda eleitoral é voltada para isso. Ele fala que veio da periferia, que trabalha e fez obras na periferia”, diz. “Esse público é grande e, historicamente, decide mais tarde em quem votar”, acrescenta.
Boulos e o segundo vez
Cila observa que a campanha de Boulos está focada no segundo vez, apostando em apresentar uma figura menos radicalizada para atrair o votante de meio.
“Vemos uma postura de quem já está no segundo vez. No universal, os candidatos radicalizam no primeiro vez e moderam no segundo, para captar o votante do meio”, analisa.
Quanto ao impacto dessa estratégia no percentual de intenção de voto, Schulman avalia que o deputado federalista não está em tendência de queda, mas sim em uma posição. Boulos aposta no histórico das últimas eleições, nas quais um candidato de esquerda sempre foi ao segundo vez, com exceção de 2016, quando João Doria foi eleito no primeiro vez.
“Vejo uma posição nos votos dele, um pequeno declínio. Que eu me lembre, exclusivamente Haddad não foi ao segundo vez nesses anos. Há uma grande verosimilhança de Boulos ir para o segundo vez, pois ele é o único candidato da esquerda”, explica.
Schulman acrescenta que nas próximas semanas Boulos deve apostar nas entregas de sua candidata a vice, Marta Suplicy, que já foi prefeita da cidade. A petista tem um “enxoval” de programas e políticas públicas que ainda estão no imaginário do eleitorado, porquê os CEUs, terminais de ônibus, Bilhete Único e etc.