
‘Voltamos ao Brasil do passado’: Ibiúna não vê país beneficiado por Fed e estímulo chinês
O mercado passou o ano todo na expectativa de que os cortes de juros nos Estados Unidos pudesse levar à ingresso de recursos estrangeiros no Brasil. No entanto, nem a queda de juros já iniciada pelo Fed, nem os estímulos robustos da China anunciados na última semana devem ter grande impacto sobre os ativos brasileiros.
Essa é a avaliação da gestora Ibiuna, que administra R$ 18 bilhões em investimentos, em sua última missiva aos investidores. O principal motivo, segundo a gestora, são, é simples, as fragilidades fiscais.
“Voltamos ao Brasil de um pretérito não tão distante, onde uma postura fiscal excessivamente expansionista demandava uma política monetária mais rígida, gerando pressão sobre a dívida pública e custos maiores para entender o estabilidade entre propagação e inflação”, afirma a gestora.
O questionamento sobre o déficit fiscal e a sustentabilidade da dívida pública, segundo a Ibiuna, continua sendo o principal fator por trás da desancoragem das expectativas de inflação e dos juros reais elevados.
Além da decisão do governo brasílico de reduzir os valores contingenciados no orçamento de 2024, a gestora também atribui o aumento do prêmio de risco nas curvas de juros e a piora do câmbio à “relutância” das autoridades fiscais em reconhecer esse cenário, possivelmente devido a “motivações eleitorais”.
Sem perspectivas de melhora no cenário sítio, a Ibiuna segue apostando na desvalorização do real e na buraco das curvas de juros. Na bolsa, tem reduzido posições em empresas alavancadas e aumentado a exposição a companhias de commodities.
No exterior, avalia que as tendências de limitado prazo dependerão principalmente das eleições americanas. “Isso será relevante para vários ativos, não só nos EUA, principalmente em caso de resultado eleitoral que aponte alinhamento partidário totalidade entre presidência, Senado e Câmara”.
Outra preocupação são as tensões no Oriente Médio. Dependendo da escalada do conflito, a gestora vê risco de uma aversão global ao risco, impulsionada pela subida do petróleo. Diante das turbulências geopolíticas, adicionou uma posição tática em ouro.