O mais gaúcho dos 'guaranás', Fruki fatura R$ 640 milhões, abre fábrica e não para de crescer

PAVERAMA (RS) — Quem chega ao Rio Grande do Sul e pede um refrigerante de sabor guaraná pode ter certeza: será servido com Fruki. Por ali, as outras marcas, porquê a Antarctica da Ambev e a Fanta da Coca-Cola, até têm espaço, mas é preciso especificar. Se pedir somente ‘guaraná’, o garçom provavelmente trará um Fruki.

Sinônimo de guaraná no estado gaúcho, a Fruki comemora 100 anos com um feito notável: uma novidade fábrica recém-inaugurada e um faturamento de 640 milhões de reais. 

Os números impressionantes não param por aí. A empresa é líder no Rio Grande do Sul no setor de chuva mineral com a marca Chuva da Pedra, de refrescos com a marca Frukito, e de refrigerante de guaraná com a própria marca Fruki. E começa a lucrar posição também em Santa Catarina.

E o mais importante: a demanda, segundo Julio Eggers, CMO da empresa e membro da quarta geração da família adiante dos negócios, não para de crescer. Mesmo depois das cheias e da enchente que tomou conta do Estado e, principalmente, da região onde a Fruki está localizada.

A principal fábrica e sede da empresa fica em Lajeado, cidade a 115 quilômetros de Porto Prazenteiro, localizada às margens do Rio Taquari, um dos que mais encheu com as chuvas de maio. A força das águas arrastou casas e indústrias inteiras no município, mas não chegou à Fruki. Mesmo assim, a família Eggers em peso foi para dentro da indústria e, de lá, criou um projecto de ação para concordar os funcionários, moradores e a população do Rio Grande do Sul. Para se ter uma teoria, 17 milhões de litros de chuva potável foram doados pela empresa.

“Montamos um comitê de crise e, graças ao estágio da pandemia, conseguimos organizar doações e manter a operação funcionando, mesmo com as estradas bloqueadas e as pontes destruídas”, diz.

Com estradas bloqueadas e pontes caídas, a Fruki só conseguiu escoar sua mercadoria graças à recém-inaugurada fábrica em Paverama, cidade a 50 quilômetros de Lajeado. 

É dessa fábrica que vem a expectativa da Fruki de seguir crescendo dois dígitos por ano, rumo ao primeiro bilhão de faturamento. A vegetal, que recebeu um investimento de 190 milhões de reais, já está produzindo para as marcas da Fruki, mas em breve receberá uma expansão que deve permitir também a fabricação para terceiros, uma das apostas da empresa para crescer.

Agora, pretérito o pior momento, a empresa se prepara para novos desafios. 

“Nossa novidade fábrica é um marco para o horizonte da Fruki. Com ela, não somente expandimos nossa capacidade produtiva, mas também nos posicionamos para entrar em novos mercados e atender à crescente demanda por nossos produtos”, diz Eggers.

Qual é a história da Fruki

Há 100 anos no mercado, a história da Fruki começa com uma pequena fábrica de cervejas em Arroio do Meio, cidade do interno gaúcho com 22.000 habitantes. Na quadra com o nome Bebidas Kirst & Cia, a fábrica produzia 200 cervejas por dia. 

Nas primeiras décadas, a principal marca da empresa foi Bella Vista, uma referência ao bairro em que a fábrica estava instalada. 

A Fruki porquê é conhecida hoje começa a se solidar em 1971, quando a empresa sai de Arroio do Meio para Lajeado, cidade em que está localizada até hoje. Ali, constrói uma novidade fábrica e lança o resultado que daria nome à empresa: Fruki.

“É quando começamos a fazer o refrigerante de guaraná, de laranja, de limão e de uva”, diz Eggers. “Na quadra, o sabor laranja até tinha mais força que o guaraná, que aos poucos vai se tornando símbolo da empresa”.

Nas décadas seguintes, a empresa fez outros lançamentos importantes para o negócio. Nos anos 1990, expandiu a risco, até logo de vidro, para PET. Nos anos 2000, lançou a marca de chuva mineral Chuva da Pedra, hoje o resultado que mais vende, em quantidade, do negócio. E nos anos 2010, ampliou novamente o portfólio com o retorno da marca de cervejas e o lançamento de uma risco de energético e sucos naturais. 

Hoje, a empresa é comandada por Aline Eggers, membro de quarta geração da família adiante do negócio. Nos últimos anos, também chegou a Santa Catarina, que hoje já representa um quarto da receita da companhia.

“O que nos ajuda a crescer é termos uma marca potente, uma rede de distribuição azeitada”, diz Eggers. “É uma empresa com solidez de governança e de cultura organizacional. Queremos ter o melhor nível de entrega para clientes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”.

“Temos 100 anos, mas buscamos sempre as melhores tecnologias e modelos de negócio. Às vezes, deixamos passar oportunidades de curtíssimo prazo porque sabemos que é um pouco que pode ter um resultado no pequeno prazo, mas que pode nos prejudicar no horizonte”, continua. “Seguimos um ensinamento do meu pai, que diz que somos uma empresa antiga, mas não somos uma empresa velha”. 

Porquê é o investimento na novidade fábrica

Nos últimos dois anos, com a demanda em subida, a Fruki percebeu que precisava apressar a construção de sua novidade fábrica para continuar atendendo os clientes. O projecto da construção da vegetal fabril estava correndo desde 2016, mas foi durante a pandemia que a evolução de vestuário aconteceu. 

“Nosso pico de venda é no verão, e há dois verões, já estávamos trabalhando com restrições”, diz Julio. “Portanto corremos para estarmos prontos para leste verão, e conseguimos. Desde dezembro, produzimos também em Paverama, o que aumentou nossa capacidade produtiva em 50%”. 

Com 14.000 metros quadrados de superfície construída, a vegetal de Paverama foi projetada para ser maleável e eficiente, permitindo uma produção que varia de embalagens de 200 ml a 3 litros. 

Essa vegetal não só aumentará a capacidade de produção da Fruki, porquê também permitirá que a empresa atenda a novos segmentos, porquê a fabricação para terceiros, um mercado em expansão no Brasil. 

“Foi uma vegetal pensada para duplicar ou triplicar de tamanho, mantendo o mesmo fluxo”, diz Julio Promanação, diretor de operações da empresa. “Temos certificação de segurança cevar, o que também pode facilitar o entrada para produção de terceiros. Já estamos nos preparando para esse novo ciclo de investimentos, de 100 milhões de reais, que vai prometer que a Fruki continue a crescer e se solidar porquê uma das principais marcas de bebidas do país”.

Porquê a empresa atravessou o período de inundação

Apesar da novidade fábrica em Paverama, o grosso da produção fica mesmo em Lajeado, uma das cidades mais atingidas pelas cheias no Rio Grande do Sul. A chuva não chegou a tomar conta da fábrica da empresa, mas a logística foi altamente impactada, uma vez que a cidade ficou praticamente ilhada. 

“A vegetal de Paverama foi quase que a nossa salvação, porque a ponte ficou interditada entre Lajeado e Estrela, logo ficamos com a vegetal de Lajeado de um lado do rio e a de Paverama do outro lado”.

Enquanto a Fruki enfrentava desafios logísticos para manter suas operações, a prioridade da empresa se voltou para seus funcionários e a comunidade lugar. 

“Nós tivemos aproximadamente 65 pessoas atingidas, sendo que uma segmento delas perdeu tudo, de não sobrar zero”, diz Eggers.

Para ajudar, a empresa formou um comitê de crise, que se reunia diariamente para mourejar com os desafios emergentes. 

“Nós tivemos reuniões todo dia de manhã com uma equipe grande, e as rotas se atualizavam; era uma rota que funcionava, quando vê, interditava, porque o movimento ficava grande. A outra, que estava interditada, abria”, diz Eggers sobre a dinâmica das operações durante a crise.

A solidariedade da Fruki não se limitou aos seus funcionários. A empresa doou 17 milhões de litros de chuva potável para as comunidades afetadas. “Nós trouxemos pessoas que estavam de férias, contratamos pessoas para tocar 24 horas a fabricação de chuva”. 

“Nós botamos as duas vegetalidade para abastecer caminhões-pipa de chuva potável para atender as necessidades das comunidades”, diz Eggers. 

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Muro de 700 milénio micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a chuva das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de entendimento com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram porquê os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@examinação.com.

 

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