O emocionante encontro entre paratletas ucranianos órfãos e sua professora em Paris

FRANCK FIFE

Delegação ucraniana na Terreiro da Concórdia durante a cerimônia de lhaneza dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024

Franck FIFE

Uma das consequências da invasão russa à Ucrânia foi a dissipação dos ucranianos pelo mundo, separando famílias e amigos. Mas nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 aconteceu um emocionante encontro entre uma professora e dois atletas órfãos ucranianos.

Os jogadores de badminton Oksana Kozyna e Oleksandr Chyrkov deixaram a cidade de Dnipro enquanto acontecia a invasão, em fevereiro de 2022, e se refugiaram na França.

Svitlana Shabalina, a professora que lhes dava comida no orfanato em que cresceram e que os motivou a praticar esportes, também fugiu de seu país natal e foi para a Suécia no início de 2024.

Nem Oksana nem Oleksandr eram órfãos no sentido estrito da termo.

Oksana Kozyna nasceu sem o osso da fíbula em uma perna e seus pais decidiram que não poderiam cuidar dela, embora tenham-na reencontrado quando completou 15 anos.

Oleksandr Chyrkov foi atropelado por um coche e ficou gravemente ferido aos oito anos de idade. Sua mãe, que o visitou somente duas vezes durante os dois anos em que esteve no hospital, o abandonou e ele acabou em um orfanato, que cuidava de 60 a 70 crianças com deficiência.

– “Eram porquê meus filhos” –

O técnico da equipe ucraniana de parabadminton, Dmytro Zozulya, disse que ficou comovido com as lamentáveis condições do orfanato quando foi visitá-lo para tentar recrutar crianças para praticar o esporte, que entrou no quadro paralímpico nos Jogos de Tóquio-2020.

Em meio à miséria do sítio, havia a clemência e o carinho de Shabalina, que ensinava artesanato em uma escola conveniada ao orfanato. A professora acabou se tornando uma “segunda mãe” para Kozyna.

“Eu era professora deles, mas me preocupava com os dois porque eram órfãos”, afirmou Shabalina. “Eles eram porquê meus filhos”.

Quatro atletas desse orfanato competiram em Paris e Shabalina não poderia estar mais orgulhosa quando pensa no sucesso de seus alunos.

Kozyna fez história ao se tornar a primeira jogadora ucraniana de parabadminton a ser campeã do mundo em 2022, enquanto Chyrkov, de 28 anos, ganhou uma medalha de prata no campeonato europeu no ano pretérito.

“Senti muitas emoções. Estou tão empolgada e tão orgulhosa deles”, contou Shabalina.

– “Apocalipse, tsunami” –

Kozyna, que chegou à semifinal dos Paralímpicos, e Chyrkov, que se despediu na período de grupos, são os únicos remanescentes dos muro de 20 jogadores de parabadminton que Zozulya recrutou.

“Alguns deixaram o país, outros se mudaram para outras regiões. A guerra é aterradora”, disse o treinador.

“A primeira vez foi… Eu nunca pranto, mas quando veio a guerra comecei a chorar todos os dias porque tenho três filhos pequenos”, acrescentou.

“De repente, você tem que parar de trabalhar, não pode comprar comida, é impossível. Tem coche, mas não tem gasolina. Não dá para viver assim”, continuou.

“As crianças não podem ir à escola, não temos abrigos contra bombas, temos que permanecer em moradia e, com certeza, todo o mundo está chocado, em estado de pânico”.

“É porquê o apocalipse, um tsunami”.

Agora Kozyna, Chyrkov e Zozulya vivem com suas famílias no setentrião da França, graças a Christophe Guillerme, presidente do clube de badminton de Wambrechies-Marquette (duas localidades próximas da fronteira com a Bélgica), que atendeu ao pedido de ajuda do treinador graças a um camarada em geral.

“Nós os tiramos da Ucrânia e organizamos três ou quatro sessões de treinamento por semana”, contou Guillerme, que convenceu empresas a financiarem seus custos de habitação.

“Eles precisavam participar de competições e somar pontos para poder estar nos Jogos de Paris-2024, logo financiamos suas viagens ao Canadá, Irlanda, para disputarem torneios e conseguirem a classificação para Paris”.

Chyrkov jantou com Shabalina na Suécia em maio, mas Kozyna, de 29 anos, estava sem ver sua professora havia “aproximadamente quatro anos” e ficou surpresa com sua presença em Paris.

“No início não a reconheci, mas quando percebi não podia crer, era porquê um sonho”, reconheceu a jogadora de parabadminton.

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