
'Bangarang': documentário italiano explora infância em cidade marcada por desastre ambiental
Quem idealiza as belezas do Sul da Itália pode não saber que, entre os cartões postais paradisíacos da região, existe uma cidade imersa em uma crise ambiental, política e econômica desde a dez de 1960. Taranto, que em seu mais longínquo pretérito foi uma província prestigiada da Magna Grécia, vive nos últimos 60 anos com a consequência da industrialização europeia: abriga a Ilva de Taranto, a maior siderúrgica da Europa, pilar estratégico para o tarefa e indústria no país. E causante de um dos maiores desastres ambientais e sanitários do continente.
É nesse contexto político-econômico tão quebradiço da Itália que acontece “Bangrang”, documentário vencedor do prêmio privativo do júri da seção Quadro Itália do Festival de Cinema de Roma, do diretor Giulio Mastromauro. O longa leva o público ao cotidiano das crianças de Taranto, enquanto evidencia a verdade dos periferia da usina Ilva, responsável boa segmento das vagas de tarefa da Itália e a 40% da capacidade de produção de aço do país, acusada de ter envenenado os moradores dos periferia de suas instalações no que foi considerado, até hoje, um dos maiores crimes ambientais da Europa.
Em 2013, a Ilva esteve no núcleo de uma luta jurídica, que terminou com o ex-chefe da fábrica, Emilio Riva, recluso. Na era, a prelo lugar divulgou que a Justiça da Itália embargou mais de 8,1 bilhões de euros dos proprietários da indústria e fechou segmento das instalações poluentes. Outros envolvidos da família Riva fugiram do país.
Secção da população italiana luta pelo fechamento definitivo da usina, que afetou a vida de diversos moradores tarentinos. Outra parcela clama para que a ilva continue funcionando, para prometer os empregos e a segurança econômica da região. No início deste ano, conforme noticiou a Reuters, o governo italiano anunciou a sindicatos de Taranto que pretende colocar a antiga siderúrgica “sob gestão privativo para mantê-la funcionando”.
O filme esteve em papeleta na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no mês de outubro e Mastromauro viajou ao Brasil para sua divulgação no festival. À EXAME, o diretor compartilhou detalhes sobre o processo de geração de “Bangarang”, a recepção do documentário e a verdade de Taranto.
Veja a entrevista com Giulio Mastromauro, diretor de ‘Bangrang’
Porquê foi a recepção do filme em Roma? Você esperava vencer o Prêmio do Júri?
Giulio Mastromauro: ‘Bangarang’ foi escolhido uma vez que o único documentário na competição de longas-metragens, o que já foi uma surpresa deleitável. Ainda não sabíamos uma vez que o filme, com sua narrativa não convencional, seria recebido. Mas o público e a sátira o abraçaram com excitação, e o Prêmio do Júri trouxe uma grande alegria para a equipe do filme e para a cidade de Taranto. Fiquei feliz que tenham reconhecido o valor e a sinceridade da história.
O filme mistura temas da puerícia e a verdade de Taranto. Por que decidiu explorar essas narrativas juntas?
A puerícia é um momento da vida que sempre despertou em mim curiosidade e pasmo. Quando eu estava em Taranto, fazendo pesquisa para o meu próximo filme, fiquei impressionado com as crianças daquele lugar, que é marcado pela presença da usina siderúrgica e pelo impacto ambiental que ela trouxe para a cidade. Em ‘Bangarang’, eu quis explorar a puerícia lugar com um olhar carinhoso, sem moralizar. Não há adultos no filme; unicamente as crianças e seus movimentos, suas emoções. Elas dividem espaço com animais que remetem ao imaginário infantil – golfinhos, cavalos, flamingos – trazendo ao documentário uma visão quase de história de fadas.
Porquê foi o processo de pesquisa do documentário?
Taranto se tornou uma segunda mansão para mim. Desenvolvi uma relação profunda com os moradores, pessoas resistentes, fortes. Durante as semanas que passei ali, observando as crianças da cidade, fiquei cativado pela pujança delas. Não procurei um protagonista específico, a pujança coletiva e a psique de uma geração foram o que mais me tocaram. Eu observava o contraste entre a puerícia delas, que vêem a cidade uma vez que um parque de diversões ao ar livre, e a proximidade da siderúrgica, que representa um transe uniforme e está sempre presente no cenário urbano, assim uma vez que o firmamento e o mar.
Você enxerga parelelos entre as crianças brasileiras e tarentinas? Porquê foi viajar para a Mostra de Cinema de São Paulo?
É uma grande honra e privilégio trazer o filme para a Mostra. A verdade das crianças de Taranto se assemelha à de outras periferias no mundo, inclusive no Brasil. Esse filme se torna universal, ainda que trate de um incidente específico da história italiana. ‘Bangarang’ é político, é um testemunho do sinistro ambiental e social de Taranto. As instituições frequentemente falham em prometer um horizonte sustentável para as novas gerações, e isso é um problema global.
O que significa ‘Bangrang’?
‘Bangarang’ é um termo de origem jamaicana, significa tumulto, desordem ou caos. No documentário, as crianças de Taranto são retratadas em suas atividades diárias, com a liberdade e pujança típicas da puerícia, que contrastam com a grave situação ambiental da cidade. Porquê explicou o diretor, “as crianças parecem alheias à siderúrgica, mesmo estando tão próxima de suas casas e escolas”.
O filme foi exibido na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ainda não tem data de estreia no Brasil.