
‘Agnóstica’ em relação a países, Suzano segue mirando internacionalização, diz novo CEO
Desde julho avante da Suzano, Beto Abreu, porquê é mais espargido José Alberto Abreu, tem olhado mais para fora.
A chegada do executivo veio em meio às tratativas para a compra da International Paper, uma transação de ao menos US$ 15 bilhões, que acabou não saindo do papel muito por conta do preço.
Mas, mesmo que com movimentos menos superlativos, a internacionalização é uma das rotas para gerar valor na gigante de papel e celulose.
Foi essa a razão para as aquisições recentes de duas fábricas de papel cartão revestido e não revestido da Pactiv Evergreen, nos Estados Unidos e de uma fatia de 15% da Lenzing, uma operário austríaca de celulose solúvel e tecidos.
“Agnóstica” quanto aos novos países de atuação, a Suzano estuda, segundo Abreu, ativos que tenham possibilidade de escalar.
“Não faz nenhum sentido entrar em um negócio que vá manter exatamente do jeito que ele está. Se não conseguirmos aumentar e lucrar graduação, não faz sentido”, aponta.
Depois de cinco anos na Rumo, de logística, o executivo chega com a missão de comandar o desenvolvimento da Suzano quando a empresa começa a operar uma das apostas mais altas da sua história: o Projeto Entupido, maior risca de produção de celulose do mundo e sorte de zero menos do que R$ 22 bilhões de investimentos.
O investimento elevou a alavancagem da Suzano nos últimos anos, mas agora promete ser uma potente injeção de recursos. Com dispêndio mais plebeu de produção, o novo ativo deve aumentar não só a capacidade, mas a rentabilidade da Suzano, um fator relevante no momento em que os preços da celulose estão em queda.
Mas Abreu segue positivo com o mercado extrínseco. Nos Estados Unidos, temor de recessão é tema do pretérito, diz ele, e na China, um dos maiores mercados de celulose, o quadro não é tão negativo quanto creem os mais pessimistas. “Quando se fala em Ásia aí é que o desenvolvimento acontece.”
Leia os principais trechos da entrevista:
Uma vez que é a sua visão de gestão para Suzano e o que a sua experiência prévia na Rumo traz para essa novidade liderança?
Acredito que a escuta, a construção, o reverência e trazer o time junto são os fatores que criam uma organização na qual o processo de colaboração e originalidade seja acentuado. E isso, na minha visão, vale para qualquer empresa.
Talvez a diferença é que, na Rumo, depois da compra (da Ferrovia Setentrião-Sul), nós tínhamos uma companhia com uma série de problemas para serem resolvidos.
A diferença cá na Suzano é que nos dá a oportunidade de olhar muito mais o horizonte e não gastar tempo resolvendo problema. Não temos questões para resolver em função do histórico de gestão que temos cá.
Mas o que tem em generalidade é a certeza de que se constrói as coisas em conjunto. O super-herói está fora de tendência no envolvente corporativo.
Sobre o Projeto Entupido, há uma expectativa subida tanto no proveito de produção quanto na rentabilidade do projeto, um dos principais investimentos da história do grupo. Uma vez que ele começa a se encaixar e potencializar o projecto de negócio?
A companhia construiu uma vantagem competitiva muito relevante em função do seu tamanho e da sua operação do ponto de vista de dispêndio. Temos um dispêndio caixa inferior da média do mercado e grande graduação. Se olharmos para a fibrilha curta, é um market share de praticamente 30%.
Logo, com o termo do Projeto Entupido — e a vegetal já está em operação — há menos queima de caixa, mas também tem mais geração em função de um desenvolvimento de 20% do nosso volume, que é o que o Entupido traz para o nosso negócio.
Quando considerado num prazo mais extenso, a expectativa é de uma geração de caixa importante.
A companhia desistiu da compra da International Paper, mas vocês têm sido vocais nas comunicações com mercado sobre o objetivo de internacionalizar a operação e fizeram aquisições recentes nesse sentido.
Temos recentemente dois exemplos importantes de internacionalização. O primeiro é o movimento nos Estados Unidos, com a compra de ativos da Pactiv, em Arkansas. Temos a expectativa de usar essa plataforma porquê um primeiro passo de cooperação nesse país e, com certeza, vai dar a oportunidade de conhecermos bastante o mercado, os desafios e as oportunidades.
Agora, sem incerteza, uma empresa com o nosso tamanho quer ativos que sejam escaláveis e quer segmentos que também sejam escaláveis, para que tenhamos, mais uma vez, a diferenciação aplicada nesses ativos que nós trazemos para o nosso portfólio. Nós temos muita disciplina financeira para não sobrepagar nenhum tipo de ativo. O objetivo é sempre geração de valor.
Vocês também fizeram a compra de uma fatia de 15% da Lenzing, que atua na indústria têxtil. Esse é um segmento escalável dentro dessa visão?
A Lenzing é uma empresa austríaca que é uma das líderes, uma plataforma de inovação e de tecnologia que nos interessa muito e que a gente vai trazer para o Brasil no momento adequado.
O bacana desse formato, do ponto de vista de negócio, é que temos a opção de controlar essa empresa, uma vez que o closing seja concluído. Um ano depois do closing podemos trenar o controle. É uma opção, um call para controlar a empresa. Vamos tomar essa decisão no momento adequado. Há tempo suficiente para estudar o mercado. Mas é uma outra risca de negócio, que é o mercado do têxtil, que a gente inaugura.
A Suzano tem apostado nessa diversificação de portfólio, um exemplo foi o desenvolvimento de tissue (papel de uso higiênico e sanitário), com o movimento da compra dos ativos da Kimberly-Clark no Brasil, porquê a marca Neve. Qual a estratégia para tissue hoje?
Nós temos uma boa segmento da nossa celulose que é convertida no tissue. Tanto nos mercados dos Estados Unidos quanto no da Europa essa é uma conversão quase que direta.
No Brasil, já temos quase um terço do segmento de tissue (além da Neve, o grupo é proprietário da Mimmo, Floral, La Vie Blanc e Max), além de uma participação bastante importante de papel para grafar e de papel cartão. Logo nosso objetivo agora é crescer, de veste, nesses novos mercados.
Existem ativos de tissue sendo avaliados nos mercados dos Estados Unidos e Europa?
Não abrimos nossa estratégia de M&As, o que posso expor é que somos agnósticos com relação a regiões geográficas. Mas, vale lembrar, as premissas são as mesmas de geração de valor e de muita disciplina na hora de fazer os movimentos.
Queremos entrar em negócios em que possamos ter relevância para também replicar essa vantagem competitiva e nos diferenciar. Não faz nenhum sentido entrar em um negócio que vá manter exatamente do jeito que ele está. Se não conseguirmos aumentar e lucrar graduação, não faz sentido.
E quais são as categorias que vocês consideram para ampliar o mercado endereçável da Suzano?
Falamos do tissue, mas outro exemplo de consolidação é o mercado de fluff, que é usado também em vários produtos. Tem uma ampliação acontecendo no Brasil, com uma operação que começa ano que vem, em Limeira (SP). Esse é um mercado também que nós vemos um potencial de desenvolvimento bastante relevante, além da celulose.
Mas também esperamos seguir crescendo em papel e embalagem, porquê esse movimento que fizemos nos Estados Unidos. São vários segmentos que vão ter suas respectivas estratégias, dependendo da região geográfica, dependendo do momento de mercado. Olhamos todos os segmentos, mas vamos nos concentrar naqueles que nós conseguimos nos diferenciar e que sejam escaláveis. Somos seletivos.
Vocês já são os maiores produtores globais de celulose e vão dar mais uma injeção de oferta com o Projeto Entupido. Estamos num momento de preços que já não é o mais poderoso. Uma vez que fica esse estabilidade?
Quando você tem um projeto dessa envergadura, mexe com o balanço de oferta e demanda global. Vamos chegar a 13 milhões de toneladas ano, que é um número bastante relevante, um desenvolvimento de 20%. Logo, isso mexe com esse balanço.
Agora, esses são projetos que são desenhados com uma visão de muito longo prazo. No setor de commodities, as oscilações de preços são normais. É segmento do jogo. Logo, nós vamos mourejar com isso e estamos acostumados.
A gente vai ver, sim, um mercado com uma dinâmica um pouco dissemelhante no limitado prazo. Provavelmente, à medida que a demanda, que cresce um milhão e meio de toneladas por ano, continue, essas coisas vão se organizando. A chave, no setor de commodities, é ter competitividade.
Há um temor em relação à desaceleração da economia global e seu impacto sobre as commodities. Uma vez que você está vendo o cenário extrínseco?
Do ponto de vista geopolítico, todo mundo está vendo que nós passamos por um momento frágil, com tensões no Oriente Médio, uma guerra na Europa, uma polarização bastante importante entre Estados Unidos e China, independentemente de quem vença as eleições americanas. Tudo isso precisa estar no radar.
Mas do ponto de vista econômico, o risco de recessão foi um temor que durou 24 horas. Já vemos inflação sobre controle e a perspectiva de um pouso suave da economia americana. Logo estamos bastante otimistas com o mercado americano.
O europeu já é mais sazonal e o desenvolvimento depende de cada segmento, portanto é mais neutro. Agora, quando se fala em Ásia, aí é que o desenvolvimento acontece.
Mesmo com a China podendo crescer menos?
Tem muita aposta contra a China há muito tempo. Eu não palato de apostar contra a China, sendo muito honesto. A China é bastante coordenada em movimentos econômicos.
E é um país pouco endividado do ponto de vista público, apesar de ter bastante dívida no setor privado, e o chinês e o governo, eles têm a capacidade de, numa velocidade muito grande, fazer movimentos, porquê o que foi feito para retomar desenvolvimento, mesmo com uma queda de quase 50% no setor de real estate.
Mesmo com essa queda, o país cresceu no ano pretérito 5,2%. E o partido colocou porquê meta para 2024 5% de desenvolvimento, e está entregando. No meio do ano, está dentro do projecto.
Há outros mercados emergentes aparecendo porquê proeminentes?
O que precisa entrar no radar, para quem trabalha, de novo, com mercados globais, é a Índia. A Índia pode ser o próximo motor da economia global nos próximos anos, substituindo a China, porque tem uma população equivalente, de quase um milhão e meio de pessoas.
Está crescendo 7% ao ano, e a expectativa é que, nos próximos 10 anos, continue crescendo 7% ao ano. Evidente que vai depender muito de política pública. A Índia indica que pode ser um mercado consumidor importante nos próximos anos para muitos produtos.
E o Brasil? Uma vez que você vê o momento do mercado interno?
O Brasil também vem surpreendendo, do ponto de vista de desenvolvimento. Estamos apontando de novo um desenvolvimento que as projeções no início do ano eram inferior de 2%, já se fala em alguma coisa em torno de 2,5% a 3% no Brasil.
Do ponto de vista de consumo, em função do aumento da renda média do trabalhador brasiliano e pela queda relevante do desemprego, vemos um desenvolvimento dentro das nossas expectativas para mercados porquê bens de consumo e produtos que nós atuamos.
Agora, para qualquer empresa que investe, o libido é de que se tenha, no longo prazo, uma taxa de juros mais palatável. A taxa de juros elevada em função da gestão fiscal machuca muito os negócios no longo prazo.
O índice de investimento no Brasil é muito plebeu, fica inferior de 20% seja no setor público ou privado, sendo uma das menores dos países da OCDE.
Precisamos reduzir a menoscabo no país e isso vem com produtividade, capacitação de mão de obra e taxa de juros mais ajustadas com o que o empresário precisa para fazer os investimentos.