Sem citar EUA, Amorim critica ‘interferências’ na Venezuela: ‘Os latino-americanos têm que resolver’
O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou nesta sexta-feira, em entrevista à CNN Brasil, que o impasse em torno das eleições na Venezuela deve ser resolvido entre os países latino-americanos. Sem referir os Estados Unidos e outros países que não fazem secção da região, Amorim disse que a situação deve ser resolvida sem “interferências extrarregionais”.
— Acho que as interferências extrarregionais, e quando eu digo extrarregionais eu incluo o hemisfério… Acho que isso é uma coisa latino-americana, que os latino-americanos têm que resolver — afirmou Amorim, que esteve em Caracas, no término de semana pretérito, escoltado a eleição.
Além da indireta aos EUA, o ex-chanceler de Lula nos dois primeiros mandatos sinalizou que não concorda com a interferência direta da Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington. Integrantes do governo afirmam que, se dependesse de Amorim, o ideal seria se o tema fosse tratado no contextura de um organização representado pelos vizinhos da região, uma vez que a União de Nações da América do Sul (Unasul), totalmente estagnada, devido às diferenças ideológicas entre os países latino-americanos.
Na última quarta-feira, a OEA não conseguiu concordar uma solução que pedia ao regime da Venezuela que publicasse imediatamente as atas das eleições realizadas no último domingo. Onze países se abstiveram, incluindo Brasil e Colômbia, e o México se ausentou.
Segundo Amorim, o Brasil tem uma visão parecida com México e Colômbia. Segundo ele, “são países diretamente interessados em resolver pacificamente essa situação”.
Na quinta-feira, os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Lopez Obrador (México) tiveram uma conversa telefônica que resultou em uma nota conjunta pedindo os boletins de urna que mostrem, em uma pesquisa justo e transparente, quem venceu a eleição de domingo, se o presidente Nicolas Maduro — conforme declarou o Recomendação Vernáculo Eleitoral venezuelano, influenciado por Maduro –, ou o candidato da oposição, Edmundo González.
Também na quinta-feira, momentos depois da nota conjunta assinada por Lula, Petro e Obrador, os EUA anunciaram estar convencidos de que González venceu a eleição. De concordância com o superintendente da diplomacia americana, Antony Blinken, há “evidências esmagadoras” de que Maduro perdeu.