
Polêmica no boxe olímpico: entenda o caso de Imane Khelif e as regras de elegibilidade de gênero
O caso de Imane Khelif, desportista argelina que competiu nas Olimpíadas de Paris na categoria de boxe feminino supra de 78kg, reacendeu o debate sobre a participação de atletas intersexo em competições esportivas. Khelif, que venceu a luta contra a italiana Angela Carini, enfrentou questionamentos sobre sua elegibilidade para competir na categoria feminina, devido a uma requisito intersexo, o que levantou uma série de discussões sobre as regras de gênero no esporte olímpico. As informações são do The Financial Times.
A presença de Khelif nas Olimpíadas de Paris gerou controvérsias, principalmente porque a boxeadora havia sido impedida de participar de competições no pretérito devido a altos níveis de testosterona, que excedem os limites estabelecidos para atletas do sexo feminino. A Associação Internacional de Boxe (IBA) havia barrado sua participação em campeonatos mundiais, mas com a suspensão da IBA pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), Khelif foi autorizada a competir nos Jogos Olímpicos.
Participação de atletas intersexo e transgênero
O debate em torno da participação de atletas intersexo e transgênero em competições esportivas não é novo, mas ganhou novidade dimensão com a inclusão de Khelif nos Jogos Olímpicos de Paris.
Dissemelhante de atletas transgênero, que passam por um processo de transição de gênero, as atletas intersexo, uma vez que Khelif, nasceram com características sexuais que não se enquadram nas normas médicas tradicionais para corpos masculinos ou femininos.
A participação de Khelif foi questionada devido a testes que apontaram níveis elevados de testosterona, o que gerou controvérsia sobre a “justiça” da competição. No entanto, as regras do COI permitem que cada federação esportiva defina seus próprios critérios de elegibilidade, o que inclui a decisão sobre a participação de atletas com diferenças de desenvolvimento sexual (DSD) e níveis elevados de testosterona.
Regras e polêmicas
No contexto das Olimpíadas, a discussão sobre elegibilidade de gênero é complexa e envolve aspectos científicos, éticos e esportivos. O COI, em suas diretrizes, recomenda que as federações esportivas estabeleçam suas regras considerando a inclusão e a isenção nas competições. No entanto, a implementação dessas regras varia entre as modalidades esportivas.
No caso de Khelif, a IBA havia barrado sua participação em eventos anteriores, mas com a suspensão da entidade pelo COI, a boxeadora foi autorizada a competir em Paris 2024. A decisão gerou críticas de alguns setores, incluindo da Primeira-Ministra italiana, Giorgia Meloni, que questionou a justiça da competição e sugeriu que os níveis de testosterona da desportista poderiam afetar o resultado das lutas.
O debate sobre a participação de atletas intersexo e transgênero também se estende a outras modalidades esportivas. Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, a neozelandesa Laurel Hubbard se tornou a primeira desportista trans a competir em uma categoria feminina, no levantamento de peso. Em Paris 2024, dois atletas transgênero, Nikki Hiltz (atletismo) e Quinn (futebol), estão competindo nas categorias femininas, embora ambos se identifiquem uma vez que não binários.
Valia da inclusão
A questão da inclusão de atletas com diferenças de desenvolvimento sexual e de gênero nos Jogos Olímpicos é complexa e envolve a premência de lastrar a isenção esportiva com o recta à participação. Enquanto alguns argumentam que atletas com altos níveis de testosterona podem ter vantagens sobre seus concorrentes, outros defendem que a exclusão desses atletas viola os princípios de inclusão e variação.
O COI, em suas diretrizes de 2021, destacou a relevância de promover a paridade de gênero e a inclusão no esporte, mas reconheceu que cada federação esportiva deve estabelecer suas próprias regras, levando em conta as especificidades de cada modalidade.