Poder do Brasil na região atingiu limite com Venezuela, diz pesquisador

A situação atual na Venezuela mostra que o poder do Brasil para resolver questões na América do Sul atingiu um limite, e pouco mais poderá ser feito, avalia Hussein Kahlout, pesquisador de Harvard. Para ele, Rússia, China e Cuba terão muito mais poder para definir os rumos da Venezuela.

O presidente Nicolás Maduro foi anunciado porquê vencedor da disputa pela reeleição na votação de domingo, 28, mas os dados detalhados da votação ainda não foram divulgados. A oposição contesta o resultado e pede a divulgação das atas por seção eleitoral. O Brasil, os EUA e outros países vêm cobrando há dias a divulgação dos números, sem sucesso.

“O poder real do Brasil é gogó. É dialogiar. A Rússia fornece armas para a Venezuela, entao o poder militar da Venezuela vem da Rússia. Quem põe quantia é a China, não o Brasil. Cuba tem um poder moral sobre Maduro, e protege Maduro dos próprios maduristas, porque há divisões internas. A lucidez que compõe o busto de Maduro é cubana, e ajuda a protegê-lo de golpes”, disse Kahlout, durante um evento virtual do Cebri (Meio Brasílico de Relações Internacionais), nesta sexta, 2.

“O Brasil tem uma liderança questionável, na minha avaliação, porquê concertador da diplomacia regional, e seu limite de poder e de liderança no contexto sul-americano ficou exposto”, avalia.

O pesquisador, que já foi secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência do Brasil, aponta que a fraude eleitoral na Venezuela começou há tempos, com a impugnação a candidatos e as restrições para registros de eleitores.

“Ditaduras só acabam quando um ditador morre ou foge. Ele não vai fugir porque tem escora das forças armadas. O Brasil sabia desse cenário, e talvez tenha tido uma teatralidade democrática”, prossegue.

“Tinhamos dois caminhos: ou o Brasil ingenuamente acreditou que o Maduro disputaria uma eleição limpa, e isso seria de um amadorismo brutal, ou o Brasil sabia que o resultado seria esse e que não teria força suficiente para agir. O Brasil estaria esbarrando no seu limite de poder de influência. Nós não temos porquê mudar o Maduro. Vamos fazer de conta que não vamos reconhecer, mas ele vai permanecer no poder.”

Resultados concretos são difíceis

Kahlout avalia que será difícil para o Brasil obter resultados mais concretos na crise venezuelana, porquê tentar reduzir a vinda de mais imigrantes de lá ou sustar a perseguição a opositores.

“A pergunta é: o Brasil ainda confia no Maduro? Ele só vai parar o banho de sangue se não houver mais oposição nem protestos. Logo vai prender todo mundo?”, questiona.

Ele sugere que o governo Lula deveria ter trabalhado para tentar convencer Maduro a não disputar um novo procuração e tentar seleccionar um sucessor em vez disso.

Para o Brasil, o impacto mais direto da crise atual deverá ser uma novidade vaga de imigrantes venezuelanos. “O governo brasílio vai ter de gastar mais quantia, de onde não tem, pois tem que fazer ajuste fiscal”, comenta.

Kahlout avalia que o Brasil não deve romper relações diplomáticas com a Venezuela, e que os Estados Unidos também teriam menos disposição em adotar novas sanções contra o país, por uma série de fatores: o aumento do risco de novos conflitos no Oriente Médio pode aumentar o interesse no petróleo venezuelano e, em ano eleitoral, a política americana está focada no que poderá sobrevir na politica externa do país depois o resultado, que traz a possibilidade da volta do ex-presidente Donald Trump à Lar Branca.

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