
Com mais de 11 mil focos, mês de julho registra recorde de queimadas na Amazônia em duas décadas
O número de queimadas na Amazônia no mês de julho foi o maior registrado em duas décadas. Entre os dias 1 e 31, foram localizados 11.145 focos de queimadas no bioma, o maior número para o mês desde 2005, de congraçamento com dados do Sistema Estagnar, do Instituto Pátrio de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O registro é 93% maior que os 5.772 focos registrados em julho do ano pretérito e 111% maior que a média para o mês nos últimos 10 anos (5.272). De congraçamento com os dados, a situação se agravou na Amazônia nos últimos dias: dos mais de 11 milénio focos de queimadas registrados em julho, metade ocorreu nos últimos oito dias do mês.
Em julho, as queimadas na Amazônia se concentraram nos estados do Amazonas (37% dos focos registrados no bioma) e Pará (29%). O Amazonas teve 4.072 focos registrados no mês e o Pará 3.265. Os dois estados são também os que tiveram mais alertas de desmatamento registrados no mês de julho pelo sistema Estagnar, do Inpe: 182 milénio km2 (42%) e 115 milénio km2 (27%), respectivamente.
Nos primeiros sete meses do ano, de 1 de janeiro a 31 de julho, a Amazônia acumulou 24.462 focos de lume, sendo que as queimadas de julho correspondem a 44,8% desse totalidade.
O número de focos de queimadas reunido em 2024 na Amazônia é também o maior desde 2005. O oferecido é o quarto maior da série histórica do Estagnar, iniciada em 1998, sendo superado exclusivamente pelos anos de 2003, 2004 e 2005. Naqueles anos, porém, a Amazônia tinha níveis muito mais altos de desmatamento, que é historicamente associado a queimadas. Leste ano, por outro lado, o desmatamento está em queda.
De congraçamento com a profissional de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Juliana Miranda, a conservação dos biomas passa pelas políticas em curso no Congresso e torna urgente a proteção das Terras Indígenas.
— Os povos indígenas e seus territórios têm um papel crucial na conservação dos biomas brasileiros, barrando o progresso do desmatamento e das queimadas. Na próxima segunda-feira (5), o STF (Supremo Tribunal Federalista) realiza a primeira audiência de conciliação no caso do julgamento do Marco Temporal. A derrubada de tal normativa é urgente, pois sua vigência resultaria no aumento da devastação da nossa biodiversidade e prenúncio a sobrevivência de povos e culturas em todo o país — afirma.
Pantanal
No Pantanal, que vem sendo atingido por grandes incêndios em 2024, foram registrados 1.158 focos de queimadas entre 1 e 31 de julho, um aumento de 820% em verificação a julho do ano pretérito.
O valor é menor que o de 2020 (1.684 focos) – ano no qual incêndios devastadores atingiram 30% da extensão do bioma. Mas, em 2024 – de 1 de janeiro a 31 de julho -, o Pantanal já acumula 4.756 focos, ultrapassando os 4.218 focos detectados em 2020. O número de queimadas acumuladas em 2024 é 610% maior que a média dos últimos três anos (661 focos).
De congraçamento com um boletim semanal publicado pelo governo Federalista, entre 1 de janeiro e 28 de julho a extensão queimada no Pantanal foi de 635 milénio a 907 milénio hectares (de 4,2% a 6% da extensão totalidade do bioma. Segundo o documento, 84% dos incêndios no bioma em 2024 ocorreram em áreas privadas, 9,1% em Terras Indígenas e 5,5% em Unidades de Conservação Federais e Estaduais.
Desde o término do ano pretérito, com a seca extrema impulsionada pelo potente El Niño de 2023, os incêndios têm derrotado recordes no Pantanal. No início de abril, especialistas já alertavam que o bioma poderia passar, em 2024, por uma de suas piores secas da história, já que foi atingido por uma seca extrema em plena temporada de cheias.
— As queimadas no Pantanal não afetam exclusivamente a biodiversidade e a população sítio, mas o país e o mundo perdem a maior extensão úmida do planeta. É preciso ações efetivas, pois já estamos com áreas maiores que as queimadas registradas em 2020, e com o lume fora da região da Serra do Resmonear (Corumbá), onde estava concentrado até agora. Infelizmente, estamos diante de um cenário crítico e vivenciando o maior período de seca dos últimos anos — declara Cyntia Santos , comentador de conservação do WWF-Brasil.
Entupido
No Entupido, foram registrados 7.463 focos de queimadas no mês de julho. O número representa um aumento de 15% em verificação a julho de 2023 (6.459 focos) e é o maior desde 2016. O registro é 11% maior que a média dos três anos anteriores (6.709 focos).
No Entupido, em julho, mais da metade das queimadas se concentraram em dois estados: o Maranhão, com 2.106 focos (27%) e o Tocantins, com 1.874 focos (26%). Os dois estados pertencem ao Matopiba – região que também inclui o Piauí e a Bahia e que abriga atualmente a principal fronteira de expansão agrícola do país.
Entre 1 de janeiro e 31 de julho, foram registrados 20.692 focos de incêndio no Entupido. É o maior valor para o período desde 2010 e representa um aumento de 23% em verificação com os primeiros sete meses de 2023. O número também é 22% maior que a média dos três anos anteriores (2021 a 2023).