
No Rio, Paes promete Ozempic nas clínicas da família em campanha de reeleição
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou em entrevista ao jornal Extra que pretende disponibilizar o medicamento Ozempic, utilizado para tratamento de diabetes tipo 2 e popularizado para emagrecimento, nas clínicas da família da cidade, caso seja reeleito.
Paes, que declarou ter perdido 30 kg com o uso do remédio, disse: “Tomei muito Ozempic, aquele remedinho que está abaixando o peso de todo mundo. Ele vai ter a patente ensejo no ano que vem, vai poder ter o genérico e vou colocar na rede pública toda. Perdi 30 quilos com Ozempic. O Rio vai ser uma cidade que não vai ter mais gordinho, todo mundo vai tomar Ozempic nas clínicas da família“.
O projecto do prefeito, porém, levanta dúvidas sobre sua viabilidade econômica e permitido. Atualmente, o Ozempic custa entre R$ 1.000 e R$ 1.280, representando até 90% do salário mínimo brasílico.
Aliás, a patente do medicamento no Brasil só expira em 2026, o que impede a produção de genéricos até lá. Um estudo levado por pesquisadores da Universidade de Yale, do Hospital King’s College de Londres, avaliou que o dispêndio bruto de uma seringa de semaglutida seja de aproximadamente R$ 27,30 por mês — o valor não inclui impostos, distribuição, armazenamento e emprego do remédio nas clínicas.
Há uma crescente pressão para que a obreiro Novo Nordisk reduza o preço do medicamento, principalmente considerando os preços mais baixos praticados em outros países.
Mas, a empresa argumenta que os altos preços são necessários para estancar os custos de pesquisa e desenvolvimento, que chegaram a quase US$ 5 bilhões no ano pretérito (aproximadamente R$ 27,3 bilhões).
Além da viabilidade econômica, especialistas alertam para os desafios regulatórios da proposta. O uso de Ozempic para fins de emagrecimento, fora de seu escopo original confirmado pela Anvisa, levanta questões éticas e de saúde pública.
A massiva distribuição de um medicamento para perda de peso pode não ser a melhor estratégia, segundo a filial, uma vez que há outras prioridades na saúde pública, uma vez que tratamentos para doenças crônicas e emergenciais.
Entendimento do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde já se manifestou em relação ao uso de medicamentos para tratamento da obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), afirmando que os pacientes com essa exigência podem ser atendidos conforme orientações do Protocolo Galeno e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos.
Recentemente, as tentativas de incorporar tratamentos uma vez que o Ozempic e semelhantes ao SUS foram negadas pela Conitec, órgão responsável por estimar novas tecnologias para o sistema público de saúde.