
Dois a cada três brasileiros deixam de negociar imóveis pelo preço, diz Datafolha
Fator decisivo na hora de escolher um imóvel, o preço tem sido um empecilho na hora da negociação. Dois a cada três brasileiros já desistiram de alugar, comprar ou vender um imóvel com pânico de fazer um mau negócio por conta do preço.
A informação é de pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com o Grupo QuintoAndar para identificar os desafios da população na hora de precificar um ativo residencial. Foram entrevistados mais de 2 milénio inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis em todas as cinco regiões do país (veja detalhes da metodologia inferior).
O estudo apontou que 84% dos entrevistados considera difícil obter informações precisas sobre qual seria o preço adequado de um imóvel. Em uma graduação de 0 a 10, os principais desafios elencados foram:
- Ter fontes confiáveis para se orientar (média 6,4);
- Saber se o preço está adequado na hora da decisão (6,4);
- Determinar o impacto das melhorias/reformas feitas no imóvel (6,3).
Boa secção da incerteza vem da cultura do brasílico em colocar o valor um pouco supra do esperado para aumentar a margem de negociação. Segundo a pesquisa, 53% dos entrevistados acreditam que os proprietários utilizam essa estratégia esperando um pedido de desconto na negociação.
Os proprietários, por sua vez, corroboram essa visão. Mais da metade deles (56%) admite inflar os preços contando com a barganha. Outros 29% são verdadeiros na hora de indicar o valor que desejam – ainda abrindo espaço para negociação, ainda que menor. E unicamente 16% precificam o imóvel diretamente no patamar que estão dispostos a fechar um harmonia, sem flexibilidade.
Diante disso, quem tem interesse em alugar ou comprar já inicia as negociações pensando no desconto. A pesquisa mostra que 77% dos brasileiros começam a procura com essa mentalidade – e mais da metade (52%) procura uma margem de negociação entre 5% e 10% do valor do imóvel.
“Essa estratégia, muitas vezes, acaba prejudicando quem planeja vender ou alugar, em razão da sobreprecificação, podendo, inclusive, impactar a liquidez do imóvel. Isso pode desestimular também os compradores e inquilinos que buscam preços justos e transparentes”, afirma Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.
Metodologia da pesquisa
Ao todo, foram realizadas 2.005 entrevistas com a população brasileira com 18 anos ou mais, incluindo inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis, em todas as cinco regiões do país (Sudeste, Sul, Setentrião, Nordeste e Núcleo-Oeste).
Há, ainda, uma modelo representativa das regiões metropolitanas de Rio, São Paulo e Belo Horizonte, as mais populosas do país.
A pesquisa foi feita entre os dias 27 de agosto e 12 de setembro de 2024 e tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos para o totalidade da modelo.