Bastidores: debate em São Paulo veta jornalistas e tem gritaria e ameaças

O quarto debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi marcado por tumultos, gritaria e troca de ofensas, tanto nos bastidores quanto durante o evento, além do veto à presença de jornalistas no estúdio. O evento organizado pela TV Jornal e o portal My News será lembrado pelo reles nível — até para os padrões de debates recentes –, pela confusão e os ataques. As propostas dos candidatos para São Paulo ficaram em segundo projecto.

“Se você achou que cá fora está ruim, deveria ver uma vez que foi lá dentro”, disse à EXAME uma natividade que estava no estúdio durante o debate.

Os candidatos começaram a chegar aos estúdios da Jornal, na Avenida Paulista, por volta das 17h.

José Luiz Datena (PSDB) foi o primeiro a chegar, seguido de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol). Tabata Amaral (PSB) chegou perto do horário do evento, mas parou para falar com a prensa. Todos prometeram apresentar propostas, o que acabou não ocorrendo. Pablo Marçal (PRTB), que veio de Goiânia posteriormente participar de um show do cantor sertanejo Gustavo Lima, entrou diretamente no estúdio.

Embora a prensa tivesse sido informada durante o credenciamento de que poderia acessar o estúdio, os jornalistas foram barrados de entrar pela organização do debate.

Segundo os assessores dos candidatos, as regras estabelecidas anteriormente definiam que não haveria plateia no estúdio, o que incluía jornalistas e fotógrafos. Isso limitou o trabalho da prensa, que teve que escoltar o debate por uma transmissão em uma sala da emissora.

De entendimento com fontes ouvidas pela reportagem, as campanhas de Guilherme Boulos e do atual prefeito Ricardo Nunes, que só confirmaram presença no debate na última quarta-feira, 28, ameaçaram não participar caso as regras não fossem cumpridas.

Tensão nos intervalos

Do lado de fora do estúdio, cada campanha tinha uma sala reservada. Logo no início, membros da equipe de Boulos que não entraram no estúdio se dirigiram até a porta do auditório para reclamar com a organização que Marçal havia entrado com mais pessoas do que o permitido — cinco ao invés de duas, segundo eles.

Em seguida insistência, uma verificação confirmou que unicamente duas pessoas acompanhavam o influenciador.

A tensão no estúdio com troca de acusações e xingamento se refletiu do lado de fora a cada pausa entre os cinco blocos do programa, com os jornalistas correndo para a porta do estúdio a cada movimentação atípica.

Uma ida de Marçal ao banheiro gerou correria, no mesmo momento em que Boulos reclamava da falta de recta de resposta posteriormente ser chamado de “invasor” pelos adversários.

O recta de resposta foi um ponto medial neste debate. Segundo levantamento da EXAME, foram mais de 15 pedidos.

Termos uma vez que “Pablito”, “bandidinho”, “ladrão de criancinha”, “bananinha”, “Boules”, “fujão”, “ladrão de velhinhos” e “tchuchuca do PCC” foram alguns dos xingamentos trocados entre os candidatos.

Assessores que estavam fora do estúdio reclamavam que os pedidos de recta de resposta eram aceitos “no grito” pela organização, posteriormente insistência dos candidatos.

Datena confronta Marçal e o clima fica tenso até o término

Em um dos momentos mais tensos do debate, no terceiro conjunto, Marçal provocou Datena, que deixou o púlpito e foi na direção do influenciador.

Uma das regras do evento proibia os candidatos de deixarem suas posições, prevendo até a expulsão em caso de descumprimento. Seguranças da Jornal foram chamados, mas não subiram ao palco, e Datena retornou ao seu lugar posteriormente ser informado.

Com a confusão, o recta de resposta facultado a Marçal naquele momento foi retirado, pois a direção do programa entendeu que ele havia incitado Datena.

Isso causou revolta na campanha de Marçal, que questionou a organização sobre a segurança do candidato, alegando que sua integridade física havia sido comprometida.

“Queria ver se fosse o Marçal indo na direção de alguém, o que iria suceder”, questionou um membro da campanha. O ex-coach anda com seguranças, que não foram autorizados a entrar no estúdio.

Em seguida a confusão e a bronca da apresentadora Denise Campos de Toledo, o quarto e quinto blocos ocorreram sem grandes incidentes.

No entanto, do lado de fora, a tensão entre Datena e Marçal foi replicada por seus assessores, que quase chegaram às vias de vestuário posteriormente uma troca de xingamentos durante a coletiva dos candidatos. A organização precisou intervir para separar os envolvidos.


O resumo e o sentimento de todos os assessores que conversaram com a EXAME é que sobrou confusão no debate.

E nesse embate de quem grita ou xinga mais, quem perde mesmo é o sufragista.

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