Na Auren, os ventos voltaram a soprar no segundo trimestre

Depois de um prelúdios de ano mais fraco, os ventos voltaram a soprar e aumentaram a geração eólica da Auren em 16% no segundo trimestre – compensando em segmento a queda na receita com as hidrelétricas devido à redução do despacho das usinas de Porto Primavera e Três Irmãos.

A empresa, controlada pelo Votorantim e pelo CPP, teve um lucro de R$ 91,1 milhões no período, queda de 50,2% frente ao segundo trimestre de 2023, impactado principalmente pela redução das receitas financeiras.

O recuo, mas, é mais efeito de base de confrontação. No período equivalente do ano pretérito, a Auren tinha contabilizado receitas financeiras e atualizações monetárias que acabaram por afetar positivamente a última risco do balanço.

Do ponto de vista operacional, a receita líquida ficou praticamente firme, em R$ 1,45 bilhão, ligeiro subida de 0,9%. Diante de preços menores, o faturamento das eólicas subiu 3,6%, enquanto das hidrelétricas caiu 7% e houve a ingressão em operação de mais uma temporada do projeto Sol do Jaíba, que trouxe mais R$ 20 milhões para o balanço.

O braço de comercialização também contribuiu para o faturamento, com subida de 7,6%, impulsionado principalmente pela venda de robustez compradas a preços mais baixos e vendida num momento de repique do mercado.

“Há uns dois trimestres falamos que os preços no mercado estavam aquém do fundamento.  e vamos seguir aproveitando esses movimentos oportunísticos para fazer verba com os trades”, aponta o CEO Fabio Zanfelice. A comercializadora segue praticamente integralmente contratada, com uma média de 95% de contratação entre 2024 e 2026.

As despesas seguiram controladas, com o PMSO, que responde pela fatia com pessoal, manutenção e serviços com subida de 4%, praticamente em risco com a inflação, a despeito da ingressão em operação de Jaíba e dos custos envolvidos no processo de compra da AES Brasil, anunciado em maio.

Com isso, o EBITDA ajustado teve subida de 5%, para R$ 456,6 milhões, em risco com o consenso do mercado.

Progressos na AES Brasil

Com a transação já aprovada pelo Cade e ainda pendurado do aval da Escritório Vernáculo de Vontade Elétrica (Aneel), a expectativa da companhia é concluir a fusão com a AES Brasil até 31 de outubro.

A tertúlia deve ser convocada em meados de outubro. Por enquanto, as empresas já vêm trabalhando na integração, principalmente de olho no operacional, para mapear as oportunidades de melhora de disponibilidade para geração de robustez dos ativos da AES e já de olho na gestão de passivos da novidade companhia.

Recém-chegado na Auren para liderar o processo de integração da novidade companhia, o CFO Mateus Ferreira – que já fazia segmento do juízo de governo da companhia – afirma que a companhia está com balanço confortável para a operação.

A Auren tem R$ 5 bilhões em caixa e uma dívida líquida de R$ 3,3 bilhões, com prazo médio de 7,4 anos e dispêndio médio de 11,25% ao ano.

“É um caixa supra do que a gente julga necessário, com um perfil de dívida de prazo longo, com um dispêndio bastante competitivo”, afirmou.

A empresa tem um empréstimo ponte de R$ 5,4 bilhões contratados com um sindicato de bancos e prazo de quatro anos para financiar a transação, que deve requerer desembolsos de até R$ 6 bilhões, a depender da adesão na forma de troca de ações.

“Vamos ter um trabalho de reperfilamento da dívida da empresa combinada, mas há espaço e tempo para fazer isso de forma que possamos aproveitar as melhores janelas de mercado”, afirmou o executivo.

Porquê a AES estava bastante endividada, a expectativa é que a empresa combinada tenha uma alavancagem na vivenda de 4,9 vezes EBITDA contra as 1,8 vezes atuais da Auren.

Cortes de robustez

Um dos principais temas para as geradoras de robustez renovável, os cortes de robustez (ou curtailments, no jargão do setor) determinados pelo Operador Vernáculo do Sistema (ONS) para evitar problemas de fardo no sistema principalmente em momento de menor demanda, tem sido um problema menor para a Auren.

No segundo trimestre, a média de cortes de geração para o Brasil porquê um todo ficou em 4,8% para a nascente eólica e de 7,6% para a nascente solar, enquanto nos ativos da Auren, esses percentuais foram de 1% e 5,6%, respectivamente.

“Os Estados mais afetados tem sido o Rio Grande do Setentrião e o Ceará, por questões da grande concentração de renováveis e limitações na rede de transmissão”, afirma. “De forma universal, é um problema que nos afeta menos, ainda que no solar tenha um galanteio um pouco mais relevante que no caso da eólica.”

No caso da Auren, a principal questão veio do despacho das hidrelétricas, que acabaram tendo a vazão preservada por orientação do ONS para evitar problemas maiores na Bacia do Paraná, depois da estiagem verificada em 2021.

Desde o término de março, a vazão em Porto Primavera e Três Irmãos foi reduzida de 4600 metros cúbicos por segundo para 3900. A expectativa é que essa redução de vazão siga nos próximos trimestres.

“Isso denota a prestígio de ter um perfil complementar de geração em termos de fontes para manter uma maior previsibilidade e firmeza de receita”, diz Zanfelice. “É alguma coisa que já vínhamos buscando e vamos lucrar ainda mais com AES.”

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