Chavismo pede respeito ao resultado das eleições e diz que oposição 'sempre fala de fraude'

Culpado de cometer fraude pela oposição e por diversos governos da região, Maduro convocou a militância chavista a marchar todos os dias para tutelar os resultados anunciados pelo Juízo Pátrio Eleitoral (CNE), de viés governista, que lhe concederam um terceiro procuração de seis anos.

“Eles falam isso desde a idade de [Hugo] Chávez, que tudo era fraude, que tudo era armação”, disse Elio Godoy, 74 anos, que marchava sorridente carregando uma bandeira e um quadro com a imagem de Jesus e a frase: “Paixão, silêncio e silêncio segura com Maduro”.

“Maduro, pra frente com você no volante”, cantava um grupo de funcionários públicos a caminho de um varanda instalado nos periferia do palácio presidencial de Miraflores em Caracas.
“Uh, ah, Maduro não sairá”, se ouvia durante a marcha.

Alguns vestiam camisas com a frase “Escolho Nicolás”. Outros, uniformizados com camisas vermelhas com o logotipo da PDVSA, a estatal de petróleo do país, e outras instituições do Estado, agitando bandeiras da Venezuela, fazendo “selfies” e dançando durante a passagem de um caminhão com sistema de som e música em sobranceiro volume.

Dos edifícios situados no coração de Caracas, moradores apareciam para observar a mobilização, que não chegou a encher a avenida. “Ela me olha com raiva”, afirmou uma mulher enquanto caminhava rumo ao varanda, apontando para outra que a observava da sacada de seu apartamento.

Que nos respeitem

Vestida com uma camisa sideral com o slogan “Venceu meu galo pinto”, símbolo da campanha do mandatário chavista, Ledys Rodríguez, uma vendedora de roupas de 65 anos, rechaçava as manifestações pós-eleitorais que deixaram pelo menos 11 civis mortos e mais de 1.000 detidos.

“Uma vez que é provável que venham destruir nossas ruas, todas as coisas boas e bonitas que o governo fez?”, questionou, em menção às escaramuças em que várias estátuas do finado Hugo Chávez (1999-2013) foram derrubadas e alguns cartazes com o rosto de Maduro foram destruídos.

“Nem María Corina Machado nem o outro senhor [Edmundo González] devem falar que houve fraude. Estamos apoiando nosso presidente e vamos tutelar nosso país, inclusive com a vida se for necessário”, afirmou Rodríguez, de 65 anos.

María Corina, psique da campanha para impulsionar a candidatura de Edmundo Gónzalez Urrutia, seu substituto devido a uma inabilitação que a impediu de se candidatar, garantiu que a oposição tem em seu poder mais de 84% das atas que corroboram o triunfo de seu candidato.

“Sempre falam de fraude”, sustentou Edwin Blanco, um fígaro de 30 anos, militante do PSUV. “Isso está mais do que demonstrado, não há fraude”, ressaltou Blanco, que vive no bairro popular de San Agustín, em Caracas.

Maduro garantiu nesta quarta-feira que os partidos que o apoiam já dispõem de 100% das atas que confirmam os resultados oferecidos pelo CNE, criminado pela oposição de servir ao chavismo.

No início da noite, Maduro apareceu em uma das sacadas do palácio presidencial para falar aos simpatizantes que o aguardavam desde cedo.

“Maduro, camarada, o povo está contigo”, cantavam. “Povo, camarada, Maduro está contigo”, respondeu o mandatário. “Eles acreditavam que poderiam nos levar para uma guerra social. Já posso lhes expor hoje, os criminosos foram derrotados”, disse sobre os protestos para rejeitar a apuração dos votos.

“O que querem é nos prejudicar, não vamos permitir isso”, frisou Rodríguez, que afirma lutar por seus filhos e netos. “Tivemos eleições e Maduro venceu, que nos respeitem.”

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